Antonio Carlos
Egypto
Tirei um mês de férias para viajar. Estive em várias cidades da Itália e
Portugal. Foi um período em que não
entrei no cinema, não vi nenhum filme, nem na TV, nem mesmo no avião. Mas a paixão pelo cinema não ficou para trás,
ao contrário, esteve presente na viagem, com frequência.
Para começar por Roma, que eu só tinha visitado uma
vez há trinta anos, que só de ver aquelas motos tipo lambreta por todo o lado
me fizeram lembrar de muitos filmes italianos, em especial, “Meu Caro Diário”,
do Nani Moretti.
A Fontana di
Trevi, imortalizada por “A Doce
Vida” de Fellini, que eu revi agora, estava tão cheia de gente que não restou
clima possível para interagir com aquela beleza toda. Mas, enfim, ela continua lá, clicada milhares
de vezes a cada segundo.
Melhor foi o passeio à Cinecittà, muito menos
concorrido e cheio de alusões a objetos e filmes fellinianos, com uma ótima
exposição histórica do cinema italiano e mundial, seus ícones e filmes
representativos, e uma caminhada entre grandes espaços cenográficos, como os
que buscaram retratar a Roma antiga, do seriado homônimo.
Em Bolonha, vi uma exposição de fotos e filmes da
cidade, no passado e no presente, realizada pela Cinemateca de lá, muito
atuante, mas em período de férias, sem programação naquele momento. Ainda assim, pude conversar com duas
funcionárias de lá e apreciar o amplo e antigo prédio em que está hospedada a Cineteca Bologna.
Estando em Bolonha, não poderia deixar de ir conhecer
Rímini, a cidade natal do mestre Fellini, à beira-mar. Lá, naturalmente, tem o parque Fellini, a rua
Giuliettta Masina e a tumba onde estão enterrados ambos e o filho que tiveram,
que teve só um mês de vida. Um belo monumento que pode ser visto no cemitério
de Rímini e foi inspirado em “E La Nave Va”.
Valeu muito a visita à cidade, mesmo com a casa-museu de Fellini
fechada, para reformulações e ampliações.
Em Milão, numa visita ao teatro La Scala, encontrei
referências e postais do trabalho de Luchino Visconti na ópera e o legado do
cineasta sendo lembrado e valorizado.
Em Turim, surpreende pela grandiosidade o Museu
Nacional do Cinema, situado no centro histórico da cidade, na Mole
Antonelliana, construção que remonta a 1863 e foi reconstruída em 1961, para celebrar o
centenário da unificação italiana, ganhou uma cúspide e um elevador panorâmico,
que alcança o ponto mais alto da cidade, creio, de onde se podem tirar fotos
que exibem o conjunto urbano de Turim.
Em vários andares, se visita a história do cinema, desde os seus
primórdios até os diversos movimentos e gêneros cinematográficos, nesse
edifício para lá de imponente. Foi uma
bela surpresa.
Em Lisboa, fui à procura de DVDs de cinema português,
em especial, de filmes de Manoel de Oliveira não lançados por aqui. Agora espero superar a barreira do código de
zona europeu, para poder vê-los ou revê-los.
Como perceberam, quando me afasto do cinema é que ele
chega ainda mais perto. Mas estava mesmo
na hora de voltar a frequentar a tela grande e refletir sobre as imagens que
ela nos traz, deixando para trás o tórrido verão europeu.
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