Antonio Carlos
Egypto
Já está em andamento o mais antigo festival de cinema
do Brasil – o Festival SESC Melhores Filmes – que chega ao 43º. ano. É aquela preciosa oportunidade de assistir no
cinema àquele filme de 2016 que não deu tempo de ver, ou rever aquele filme de
que a gente mais gostou. Tudo isso na
projeção primorosa do Cinesesc, em São Paulo, um dos melhores cinemas do país e
ainda a preços reduzidos. Quem pode
querer mais?
Na noite de 05 de abril foram conhecidos os premiados
dessa edição e entregues os prêmios aos vencedores do cinema nacional. A votação se dá em dois níveis: a de uma
centena de críticos de cinema de todo o país, por um lado, e a do público, em
geral, por outro. Não é muito comum que
essas escolhas coincidam, a não ser em alguns pontos. Mas neste ano registrou-se uma quase
unanimidade em torno do vencedor brasileiro.
O filme AQUARIUS, de Kléber Mendonça Filho, foi
escolhido, tanto pela crítica quanto pelo público, como melhor filme, melhor
roteiro, melhor diretor e melhor atriz, para Sonia Braga. Uma vitória retumbante, que foi apenas a
constatação da superioridade desse trabalho, em relação a todas as demais
produções cinematográficas brasileiras de 2016.
Não que tenham faltado bons filmes, mas AQUARIUS foi o filme certo para
a hora certa, com um padrão de excelência na realização. Kléber Mendonça Filho já havia mostrado a que
veio, com sua brilhante estreia em longas-metragens, com O SOM AO REDOR, em
2014. Apenas reafirmou seu talento e
senso de oportunidade, conquistando espaço entre os grandes cineastas do nosso
cinema.
CINEMA NOVO, de Erik Rocha, foi escolhido como o
melhor documentário brasileiro, pela crítica e pelo público. O ator, Juliano Cazaré, de BOI NEON, também
recebeu o prêmio nos dois níveis, o que caracterizou bastante convergência
entre crítica e público, quanto ao cinema brasileiro, em 2016. A divergência ocorreu apenas no prêmio de
fotografia, para Diego Garcia, por BOI NEON, para a crítica, e Adrian Teijido,
por ELIS, para o público.
Para o cinema estrangeiro, a concordância se deu em
um caso apenas, o de melhor atriz, para Isabelle Hupert, por ELLE. O melhor ator foi Viggo Mortensen, por
CAPITÃO FANTÁSTICO, para a crítica, e Eddie Redmayne, por A GAROTA
DINAMARQUESA, para o público. O melhor
diretor foi Denis Villeneuve, por A CHEGADA, para a crítica, e Alejandro
González Iñarritu, por O REGRESSO, para o público. O melhor filme, para o público, foi A GAROTA
DINAMARQUESA e, para a crítica, FILHO DE SAUL.
Meu voto foi para O CAVALO DE TURIM, de Béla Tarr, que, embora seja uma
produção da Hungria de 2011, só foi lançado comercialmente nos cinemas
brasileiros em 2016. Ele está incluído
na programação do Festival, assim como todos os que receberam alguma premiação,
além de outros que receberam expressiva votação, como O ABRAÇO DA SERPENTE, O
BOTÃO DE PÉROLA, DEPOIS DA TEMPESTADE, FRANCOFONIA – LOUVRE SOB OCUPAÇÃO, A ERA
DO GELO – O BIG BANG, SNOOPY E CHARLIE BROWN – PEANUTS e CORAÇÃO DE CACHORRO.
Entre os brasileiros também estão BIG JATO, CURUMIN,
ELA VOLTA NA QUINTA, MÃE SÓ HÁ UMA, SÃO PAULO EM HI-FI, MINHA MÃE É UMA PEÇA 2,
TRAGO COMIGO e O SILÊNCIO DO CÉU. E,
ainda, MENINO 23 – INFÂNCIAS PERDIDAS NO BRASIL, que foi o meu voto para melhor
documentário.
Será possível, ainda, rever na telona, em cópias
restauradas, três clássicos do cinema: CRESPÚSCULO DOS DEUSES, LAWRENCE DA
ARÁBIA e O PODEROSO CHEFÃO 1.
Até dia 19 de abril, quatro desses filmes por dia
ocuparão a sala do Cinesesc, nos horários de 14:30, 17:00, 19:30 e 21:30
h. E o bar do cinema, que estava em
reforma, já foi reinaugurado. É possível
assistir aos filmes ou parte deles se alimentando ou bebendo algo, ao mesmo
tempo, sem incomodar ninguém. O que pode
ser muito importante para os cinéfilos que não queiram perder tempo nenhum sem
cinema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário