Antonio Carlos Egypto
AUGUSTINE
(Augustine). França, 2012.
Direção: Alice Winocour. Com
Vincent Lindon, Soko, Chiara Mastroianni.
102 min.
Jean
Martin Charcot (1825-1893), médico francês que pode ser considerado um dos
fundadores da neurologia moderna, estudava as doenças nervosas, especialmente a
histeria, no seu trabalho em Paris, em 1885, no hospital Salpêtrière, quando
apareceu o caso da jovem Augustine, de 19 anos, retratado no filme da diretora
estreante Alice Winocour.
No
final do século XIX, a histeria ainda era uma doença cujos sintomas desafiavam
a medicina, sem recursos suficientes para entendê-la ou explicá-la. O trabalho de Charcot é, por isso, muito
importante. A compreensão mais profunda
do fenômeno psíquico que dá origem à histeria só aconteceu com o trabalho
desenvolvido por Sigmund Freud (1856-1939), que foi discípulo de Charcot.
O
médico francês aplicou a hipnose na abordagem clínica da histeria, com resultados
notáveis. Por meio dela, conseguia
produzir a crise histérica e seus estranhos sintomas em pacientes, diante de
uma plateia médica. Freud acompanhou as
famosas conferências e estudos clínicos de Charcot, em que a ideia de um ou
mais eventos traumáticos estaria na origem dos sintomas. Estava preparado o terreno para a emergência
do conceito de inconsciente, que revolucionou o conhecimento médico e deu
origem à psicologia moderna.
Tudo
isso me parece importante saber para apreciar a história do caso de Augustine e
situá-la em seu contexto apropriado. Mas
o filme não se preocupa em passar essas informações. Só o que fica claro é a época, pelo que
mostram as imagens. “Augustine” se
centra no caso tratado e na relação do médico com a paciente, além de suas
repercussões na vida de um e de outra.
Uma
característica desagradável que o filme tem é a de ser escuro todo o
tempo. Podemos interpretar que isso
corresponde à situação vivida por Charcot, na época. Todos andavam tateando no escuro, em busca de
entender o fenômeno da histeria, entre outros.
Tudo ainda estava indefinido, obscuro, nesse assunto. Isso justificaria um filme tão escuro? Não acho.
O espectador comum que for ao cinema sem se informar previamente também
vai caminhar no escuro, sem entender direito o que está acontecendo. Vai faltar claridade, duplamente.
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