terça-feira, 30 de abril de 2013

SOMOS TÃO JOVENS

                          
Antonio Carlos Egypto




SOMOS TÃO JOVENS.  Brasil, 2012.  Direção: Antonio Carlos Fontoura.  Com Thiago Mendonça, Laila Zaid, Bianca Comparato, Bruno Torres, Olívia Torres, Daniel Passi, Sérgio Dalcin, Sandra Corveloni, Marcos Breda.  104 min.


Renato Russo (1960-1996), cantor e compositor, foi um dos grandes nomes do rock brasileiro.  “Somos Tão Jovens” é uma cinebiografia do artista, centrada em seis anos de sua vida em Brasília.  Nesse período, ele constrói sua carreira musical, formando a banda de punk rock “Aborto Elétrico”, que depois se dissolveria.  Ele teria um período de atuações-solo, em busca de novos rumos melódicos e poéticos, e chegaria à banda “Legião Urbana”, que alcançou grande sucesso.  Da divisão do “Aborto Elétrico” resultou também a banda “Capital Inicial” que, igualmente, obteve muito êxito.



“Somos Tão Jovens” é um filme de ficção sobre a vida de Renato Russo, a partir de uma biografia autorizada.  Caracteriza o personagem por meio de algumas cenas que mostram a personalidade e fatos marcantes vividos no período, mas sem se deter muito na história de vida.  A epifisiólise que o acometeu, deixando-o por dois anos entre uma cama e a dependência de uma cadeira de rodas para se locomover, aparece de forma discreta, assim como sua bissexualidade.  E não há referências ao HIV, que viria mais tarde comprometer sua vida.  O uso de álcool e outras drogas é mostrado, sem maiores repercussões, no conjunto da vida ou da obra.

O filme está muito mais preocupado em mostrar como sua música evoluiu.  Acaba fazendo um musical, em que o rock reina soberano e que vai agradar aos fãs do gênero.  Para isso, contou com performances gravadas ao vivo, com Thiago Mendonça no papel de Renato Russo, mostrando excelente desempenho, tanto na música como na atuação e na caracterização do personagem.  Aliás, a semelhança com o original é bem acentuada.  O desempenho dos atores/músicos que o acompanham nas apresentações é muito bom.  Isso dá força a essa ficção, que respira rock por todos os poros.



A direção musical do filme ficou a cargo de Carlos Trilha, que também produziu discos do “Legião Urbana” e conhecia bem Renato Russo.  O contato com o pessoal do rock de Brasília, que se destacou nos anos 1980, deve ter contribuído para criar todo o clima que “Somos Tão Jovens” procura enfatizar.



Era o tempo final da ditadura e Renato era um roqueiro politizado, que fez de sua poesia também uma peça de resistência.  Seu trabalho permanece sendo conhecido, respeitado e consumido pelo talento que revelou.  Nos 36 anos que viveu, Renato Russo e o “Legião Urbana” deixaram sua marca.  O filme de Antonio Carlos Fontoura funciona como um registro e uma homenagem a esse rock que começou muito barulhento e terminou muito mais melódico e poético.  E sempre crítico, inconformado, contestador.



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