Antonio Carlos Egypto
OS MISERÁVEIS (Les
Misérables). Inglaterra, 2012. Direção: Tom Hooper. Com Hugh
Jackman, Anne Hathaway, Russel Crowe, Amanda Seyfried, Eddie Redmayne, Helena
Bonham Carter, Sacha Baron Cohen. 158
min.
“Os Miseráveis”, história clássica de Victor Hugo,
passada no século XIX em Paris, mostra por meio do prisioneiro Jean Valjean
(Hugh Jackman), que consegue mudar de vida e virar prefeito de cidade e dono de
fábrica, as terríveis condições sociais da época. Miséria extrema, condições opressivas de vida
para os pobres, mulher a quem só resta a prostituição para sobreviver, com
filha ilegítima relegada ao abandono.
Injustiças e muito mais. No
encalço do antigo prisioneiro libertado, o policial Javert (Russel Crowe), que
o persegue por toda a vida. Mas uma
derrota moral nesse embate com Jean Valjean irá destruir sua vida. Os ideais de liberdade, igualdade,
fraternidade, que alimentaram a Revolução Francesa, nem parecem ter existido um
dia... A revolta está novamente nas ruas
e o povo sublevado dá margem a belíssimas cenas de confronto e batalha no novo
filme baseado no romance.
“Os Miseráveis” já rendeu peça e musical que por
muitos anos lotaram palcos londrinos, alimentaram o charme da Broadway e se
reproduziram pelo mundo. Também já
rendeu vários filmes. É objeto agora de
uma superprodução cinematográfica, visualmente muito refinada, em espetáculo
portentoso, com atores e atrizes de talento e prestígio.
É novamente do musical que se trata. São quase três horas com elenco interpretando
seus papéis cantando. Em alguns casos,
entoando uma interpretação dramática. Em
outros, soltando a voz em lindas canções.
Todos filmados cantando ao vivo, enquanto interpretam, para evitar o
artificialismo do playback e da
dublagem. Destacam-se belas vozes e
interpretações femininas: Anne Hathaway e Amanda Seyfried estão ótimas no canto
e convincentes nas interpretações tão sofridas e dramáticas que o texto impõe.
Quem gosta de musicais não tem do que reclamar. Vai se fartar de boa música e cinema de
qualidade. Mas tem gente que não vai
aguentar três horas de interpretações cantadas, com certeza. O filme é bonito mas é longo demais. Provavelmente, a sensação de cansaço virá para
boa parte dos espectadores. Mas não dá
para negar que é um trabalho competente do diretor Tom Hooper (que já levou “O
Discurso do Rei” a vencer o Oscar, em 2011), numa produção magnífica, de escala
grandiosa. Fotografia, direção de arte,
figurinos, tudo muito bonito. Até a
miséria fica bonita numa produção assim.
O que, evidentemente, também pode ser objeto de crítica.
O fato é que os fãs de musical vão adorar. Quem não gosta de representação cantada vai
detestar, apesar da pompa da produção.
Não cabe muito meio-termo, não.“Os Miseráveis” recebeu o Globo de Ouro
de melhor filme, na categoria comédia ou musical, além de prêmios de
interpretação masculina e feminina, e tem oito indicações para o Oscar 2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário