Tatiana Babadobulos
Histórias Cruzadas (The Help). Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, Índia, 2011. Direção e roteiro: Tate Taylor. Com: Emma Stone, Viola Davis e Octavia Spencer. 146 minutos.
No interior dos Estados Unidos dos anos 1960, uma garota da alta sociedade, ao se formar na faculdade, resolve fazer uma denúncia sobre o preconceito entre as patroas (brancas) e as empregadas (negras). Grosso modo, esse é o resumo de “Histórias Cruzadas” (“The Help”), longa-metragem que estreia nesta sexta, 3.
Skeeter (Emma Stone, de “Amizade Colorida”) é a tal garota, aspirante a escritora, que negocia com uma editora a publicação do livro com depoimentos das empregadas, cujo gancho é: se elas são capazes de criar os seus filhos, por que não podem usar os seus banheiros? A elas são reservados os do lado de fora da casa onde vivem e o papel higiênico é controlado, é claro.
No início, Skeeter começa a trabalhar como secretária de uma redação e precisa responder as dúvidas das leitoras acerca dos afazeres domésticos. Para isso, conta com a ajuda de Aibileen (Viola Davis), empregada da sua melhor amiga. Então, as outras governantas, como Minny (Octavia Spencer), começam a se abrir e a história vai ganhando corpo, depoimentos reais e alívio pelo desabafo dos maus tratos.
O longa, escrito e dirigido por Tate Taylor (que até então era mais conhecido como ator em “Inverno da Alma”, por exemplo), é baseado no best-seller homônimo de Kathryn Stockett.
No início, as apresentações vão sendo feitas e o espectador vai se colocando no lugar das personagens. Naquela sociedade, na qual as mulheres são “feitas para casar” e mandar na criadagem, Skeeter está fora do contexto, já que nunca arrumou um namorado, mesmo aos 23 anos. E a sua mãe (Allison Janney) fica inventando o que fazer para ela finalmente se casar. Mas ela não quer, está bem sozinha. Embora o foco seja no preconceito e o lado fraco é das governantas negras, o longa dá conta de mostrar também como vivem as fúteis “madames”. O banheiro é a alegoria, claro, já que às negras não são permitidas muitas outras coisas.
O tema não é inédito, é verdade, já que o preconceito já foi muito discutido no cinema. Só Clint Eastwood fez dois recentemente: “Gran Torino” e “Invictus”. Mas “Histórias Cruzadas” é cheio de emoção sem excesso, como “Um Sonho Distante”. E, ainda que a situação seja ambientada nos anos 1960, muitas das situações que vemos ali poderiam ter acontecido na semana passada.
As interpretações das atrizes, são realmente boas, convencem bem o espectador. Não é à toa que, entre as quatro indicaçõs ao Oscar, três são para elas: Melhor Atriz (Viola Davis) e Atriz Coadjuvante (Jessica Chastain e Octavia Spencer). Destaque principalmente para Octavia, que já ganhou o Globo de Ouro. Viola também está ótima no papel, mas, no Oscar, terá de disputar com Meryl Streep, em “Dama de Ferro”, que também ganhou o Globo de Ouro. No SAG (Screen Actors Guild), prêmio dos sindicatos dos atores de Hollywood entregue na semana passada, Viola venceu e desbancou a favorita. A quarta indicação é Melhor Filme.
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