Antonio Carlos Egypto
TUDO FICARÁ BEM (Everything will be fine). Dinamarca, 2010. Direção e roteiro: Christopher Boe. Com Jens Albinus, Marijana Jankovic, Igor Radosavljevic, Sören Malling. 90 min.
O protagonista do suspense dinamarquês “Tudo Ficará Bem” é o roteirista Jacob Falk (Jens Albinus), que tem um prazo para entregar sua história para um filme prestes a ser rodado. Vive atrasado e sendo cobrado pelo produtor. Enquanto isso, providencia os papéis para a adoção de um filho, algo acalentado por ele e pela mulher há algum tempo. Cabe a ele garantir a autenticidade da documentação, para que não haja atraso, já que a criança foi escolhida e está à espera.
O problema é que um acidente o coloca com uma questão explosiva na mão: a descoberta de fotos comprometedoras que, supostamente, revelariam tortura envolvendo soldados dinamarqueses na guerra.
O filme envereda pelas três linhas: o trabalho, a adoção e as fotos, armando uma trama confusa, de tal modo que o espectador nunca sabe direito o que está acontecendo, o que será real ou imaginário, o que é suposição e o que é fato. Tudo está por ser investigado e compreendido.
O diretor se utiliza de uma luz estourada com frequência, quando reflexos externos, sol, luminárias, faróis de carro e outras fontes de luz branca, entram em cena. O espectador é que parece estar sendo investigado, com uma luz forte a lhe atrapalhar a visão. Isso combina bem com a intenção do filme de deixar tudo nebuloso até o fim.
Ao contrário de Hitchcock, que fazia da plateia de cinema sua cúmplice enquanto os personagens se debatiam dentro da história, aqui é a plateia que estará sempre à deriva. O resultado não é dos melhores, o filme incomoda e cansa, nessa tentativa de não ser apreendido e segurar o suspense durante uma hora e meia.
É uma produção bem cuidada, com sequências atraentes, soluções visuais interessantes, como as miniaturas que reproduzem ambientes, e um bom elenco. Mas, com o caminho adotado pelo diretor, tudo isso acaba se perdendo nessa narrativa propositadamente confusa, que exclui o espectador, distanciando-o do filme. Teria sido mais interessante procurar seguir o estilo Hitchcock. Ou será que o cineasta quis tentar uma experiência do tipo: fazer tudo ao contrário, para ver se dá certo?
terça-feira, 16 de agosto de 2011
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