Antonio Carlos Egypto
A 45ª. Mostra Internacional de Cinema
de São Paulo termina oficialmente hoje.
Porém, como de costume, uma leva de filmes permanece para a chamada
repescagem. No caso da Mostra on line ainda haverá 50 filmes para
serem alugados até domingo, dia 07 de novembro de 2021, na plataforma Mostra
Play: https://mostraplay.mostra.org
O custo de cada filme é de R$12,00. Entre os filmes que estarão disponíveis, há vários já comentados aqui no Cinema com Recheio, nas postagens anteriores. Comentarei agora alguns outros filmes a que assisti e gostei, que ainda podem ser vistos.
A
GAROTA E A ARANHA, da
Suíça, dirigido por Ramon Zucher e Silvan Zucher, apresenta uma situação de
mudança de apartamento da jovem Lisa.
Enquanto coisas vão sendo arrumadas e o local vai completando pequenas
reformas, a amiga Mara vai ficando para trás.
O espaço é pequeno para o número de pessoas que circulam, incluindo
vizinhos e visitantes inesperados, e Mara, parada ali, se torna um estorvo, trombando
com os demais. O que representa essa mudança?
O que está fora da ordem? Qual a
alegoria principal dessa história? Vale
a pena ver e elocubrar com este simpático filme suíço. 99 min.
OLGA é outro belo filme suíço que está na
Mostra. Esse, em coprodução com a
Ucrânia. A jovem Olga é uma ginasta que
está se desenvolvendo na profissão e que, para disputar um importante torneio
europeu, tem de se naturalizar suíça, uma vez que a Ucrânia não aceita dupla
cidadania. Enquanto ela se classifica e
disputa o torneio com a seleção suíça, seu país de origem, a Ucrânia, vive dias
de grande tensão, com manifestações nacionalistas e agitação civil numa praça
de Kiev. A revolução ucraniana produz
muitos mortos e fere a mãe da ginasta, uma jornalista atuante. Acompanhamos com aflição, sempre sob a ótica
de Olga, esses fatos que a deixam obviamente transtornada e confusa. Imagens dos eventos políticos são mostradas
em meio às apresentações esportivas. Um
filme que merece ser visto. 85 min.
QUEM
FOMOS é um
documentário alemão, dirigido por Marc Bauder, muito sintonizado com os
problemas do mundo atual. Vai das
profundezas do oceano aos confins do espaço, refletindo sobre os limites
humanos, a tecnologia dos robôs, as crises econômicas mundiais, e se propõe a
especular sobre o nosso futuro em tempos de tamanha destruição planetária. Pretensioso, claro, mas escorado em
depoimentos de cientistas. Dá muito o
que pensar. Será que já chegou o fim dos
tempos para a humanidade? 115 min.
REGRESSO
A REIMS é um documentário
francês, dirigido por Jean-Gabriel Périot, que, por meio de texto de Didier
Eribon, interpretado pela atriz Adèle Haenel, conta a história da classe
trabalhadora francesa do início dos anos 1950 aos dias de hoje. Realiza, ao lado da visão coletiva, um estudo
das mudanças ocorridas nas relações íntimas e pessoais desse grupo de cidadãos,
moldados pelas estruturas sociais com seus avanços e recuos. Recheado de imagens e filmes de arquivo, o
que torna muito concreto tudo o que é dito, visto e ouvido, de pessoas
entrevistadas também. 80 min.
EU
VEJO VOCÊ EM TODOS OS LUGARES,
da Hungria, dirigido por Bence Filegauf, apresenta seis histórias distintas,
envolvendo relacionamentos diversos e contemporâneos. Engata uma após outra, sem interromper ou
marcar divisão entre elas, formando uma espécie de caleidoscópio do momento
atual, no âmbito psicológico. Uma boa
realização. 112 min.
ASSIM
COMO NO CÉU, produção
da Dinamarca, dirigido por Tea Lindeburg, foca o universo adolescente feminino,
indo para o século XIX. Vemos o mundo de
então pelos olhos de Lise, supostamente aos 14 anos (a atriz tem mais idade),
indo para a escola e tentando construir um futuro distinto das demais mulheres
da localidade, presas à vida doméstica, com uma penca de filhos. Porém, o novo parto de sua mãe pode complicar
sua vida e suas esperanças. Ela é a
filha mais velha e sobre ela recairão responsabilidades que ela não
deseja. Além disso, o filme explora
muito bem a visão de mundo pré-científica, em que a crença num Deus que
interfere na vida das pessoas, quando provocado, opõe-se aos conhecimentos
médicos. Um absurdo, mesmo na época em
que o desenvolvimento da medicina era bem limitado. 85 min.
@mostrasp
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