Antonio Carlos Egypto
A 44ª. Mostra já acabou, oficialmente,
mas a plataforma Mostra Play no www.mostra.org, ainda mantém um bom número de filmes
que podem ser alugados até domingo. Há
coisas muito boas por lá.
CRIANÇAS
DO SOL, do Irã, do
talentoso diretor Majid Majidi (o mesmo de “Filhos do Paraíso”, lembram-se?)
mostra um trabalho com forte sentido humanitário, ao abordar uma escola que
atende meninos em situação de rua, com apoio financeiro da comunidade. A partir da questão do abandono familiar e do
indesejável trabalho infantil, o diretor constrói uma narrativa, para lá de
envolvente, em torno de um tesouro que está enterrado sob a escola. O ator mirim Rouhollah Zamani, que faz o
personagem Ali, de 12 anos, tem um desempenho que vale o filme e não por acaso
foi premiado em Veneza. 99 minutos.
ISSO NÃO É UM ENTERRO, É UMA RESSUREIÇÃO é um filme que já chama a atenção pela origem. É do Lesoto e África do Sul. Direção: Lemohang Jeremiah Mosese. Tem uma personagem fantástica chamada Mantoa, de 80 anos, que vive em função do retorno do filho que trabalha nas minas e depois vai se dedicar a pensar na sua morte e no seu enterro. A construção de uma barragem, porém, que vai inundar toda a vila e deixar os cemitérios e os mortos queridos enterrados sob as águas, mobiliza Mantoa a lutar para preservar o patrimônio espiritual da comunidade. O filme é visualmente bem bonito, com efeitos sofisticados e um jogo de luzes e cores fortes muito atraente. Vale a pena ver. 120 minutos.
Além desses belos filmes, eu gostei
também de um da Mongólia, AS VEIAS DO
MUNDO, da diretora Byambasurem Davaa, focalizado num menino de 11 anos,
cuidador de ovelhas nas estepes, com um talento artístico inesperado e uma
capacidade de luta herdada do pai, enfrentando mineradoras que exploram a
região. Imagens bonitas, locações
atraentes e uma boa história convidam a ver o filme. 96 minutos.
Para quem curte o cinema como assunto,
dois filmes brasileiros ótimos. GLAUBER, CLARO, um documentário de César
Meneghetti sobre Glauber Rocha (1939-1981), entre 1970 e 1976, em Roma,
produzindo o filme “Claro”. Muito
interessante e revelador sobre aquele nosso grande talento
cinematográfico. 80 minutos.
Já NAS ASAS DA PANAM nos traz um trabalho autobiográfico de Sílvio
Tendler, documentarista de mão cheia, que conta por meio de depoimentos,
conversas e, sobretudo, fotos e filmes, sua rica história engajada nas ideias
socialistas, o colapso do socialismo real, o amor à fotografia e ao cinema como
recurso de expressão. Também trata de
sua família, de seus muitos amores e amigos e chega até a pandemia (depois dos
créditos finais). Muito bom. 112 minutos.
@mostrasp
Nenhum comentário:
Postar um comentário