YARA (Yara). Líbano, Iraque, 2018. Direção e roteiro: Abbas Fahdel. Com
Michelle Webbe, Elias Freifer, Mary Alkady, Charbel Alkady. 101 min.
‘Yara” nos leva a uma região de grande beleza
natural, no norte do Líbano: o Vale de Qadisha, uma localidade rural isolada,
cercada de belas montanhas e uma paisagem verde exuberante. Circulam por lá as cabras, as galinhas, gente
que cozinha, lava roupa, toma sol. Muito
pouca gente.
Num ambiente tranquilo e de muita paz, tão
perto de uma zona conflagrada, vivem a adolescente Yara (Michelle Webbe) e sua
avó uma rotina em que, a rigor, nada acontece e tudo se repete.
No entanto, a entrada em cena de um jovem
andarilho, Elias (Elias Freifer), meio perdido naquela região, acaba trazendo
uma inesperada amizade e a perspectiva de um amor de verão para Yara e para
ele. A narrativa rarefeita de “Yara” se
resume a isso, num ritmo bastante lento, contemplativo.
Durante uma hora e meia vivemos nesse paraíso
de beleza e paz, sorvendo cada instante, percebendo nuances, detalhes. É um tipo de filme, hoje já disseminado, que
se contrapõe à tendência não só do cinemão comercial, agitado e enlouquecido,
como da vida diária das grandes cidades do mundo, seus conflitos e suas
guerras. Um bálsamo para tempos bicudos.
É curioso que essa tenha sido a escolha do
diretor Abbas Fahdel, nascido no Iraque, vivendo na França desde os 18 anos de
idade. Ele atuou como documentarista em
função da terrível situação da guerra em seu país, procurando entender o que
teria acontecido com seus amigos de infância que lá permaneceram, registrando
um Iraque abalado pela violência, pelo pesadelo da ditadura e pelo caos que lá
se instalou. Outro documentário em duas
partes, “Antes da Queda” e “Depois da Batalha”, aborda a invasão
norte-americana do país. Um longa de
2008, “Down of The World”, é um drama sobre os múltiplos impactos da Guerra do
Golfo, numa área conhecida como Jardim do Éden.
Com esse histórico e essa identidade
geográfica, chega a ser surpreendente esse conto de amor, emoldurado pela
beleza natural, pela juventude, pela inocência e pela sutileza. O diretor foi em busca de uma fábula que
traz o reverso da moeda. Um alívio,
depois de tanta guerra e destruição. Um
filme extremamente delicado e sensível, ambientado num Líbano pacífico. Um filme para relaxar e curtir, sem pressa.
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