segunda-feira, 10 de outubro de 2016

KÓBLIC


Antonio Carlos Egypto





KÓBLIC (Kóblic).  Argentina, 2015.  Direção: Sebastian Borensztein.  Com Ricardo Darín, Oscar Martinez, Irma Cuesta.  115 min.


Sebastian Borensztein, o diretor do muito competente e divertido “Um Conto Chinês”, agora nos leva ao terreno dramático da política, do suspense, da violência, dos westerns.  Uma vez mais, nos traz o grande ator do cinema argentino da atualidade, Ricardo Darín.  O filme é “Kóblic”, o sobrenome de um capitão das Forças Armadas em plena ditadura argentina, em 1977.

Tomas Kóblic (Ricardo Darín) é escalado para pilotar um dos terríveis voos da morte, que arremessavam ao mar os chamados “subversivos” ou inimigos do regime.  Lembram-se da Operação Condor, também no Brasil? 




A tarefa, muito difícil, e que abala a consciência de qualquer ser humano digno, não sai como devia e Kóblic é exortado a se esconder, numa espécie de exílio no próprio país, em uma localidade perdida no mapa, que não interessa a ninguém.

Esse lugar esquecido, porém, tem seus próprios esquemas de poder, ainda que longe de tudo e de todos.  O que alcançará o piloto militar e fará com que ele não possa ter sossego.  Por um lado, um policial que se considera dono do lugar, uma terra sem lei.  Por outro, um perigoso envolvimento romântico.  E o suspense se instala, em clima de western.  Outra forma de violência não tardará a se apresentar.  Não há espaço tranquilo para os que buscam esquecer um passado que teima em não se desfazer.




O contexto político realista dá lugar à dimensão mítica da violência que grassa perdida por este mundo de Deus.  A partir daí, predominam as referências ao próprio cinema e sua história.


O filme flui muito bem, envolve, emociona.  É um bom produto do gênero cinematográfico escolhido.  Só que terra sem lei leva, inevitavelmente, à justiça por conta própria, à vingança.  Esse é um elemento essencial e um complicador para a trama.  Afinal, o que é mesmo que a violência produz senão mais violência?  A dimensão política mais séria se perde, embora o entretenimento triunfe.


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