Antonio Carlos Egypto
BRATAN, filme realizado nos estertores da
União Soviética, em 1991, por Bakhtyar Khudojnazarov (1965-2015), está sendo
apresentado em cópia restaurada, em preto e branco, enquanto apresentação
especial da 46ª. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e merece ser
visto. Foi o primeiro longa-metragem do diretor, nascido no que hoje é o
Tadjiquistão e que fez o belo “Luna Papa”, em 1999, entre outros trabalhos. O filme apresenta uma história simples de
dois irmãos, Farukh, 17 anos, e Fatsy, 7 anos, que, criados pela avó, vão à
procura do pai que, como médico, vive numa pequena cidade do interior. Andam de trem, do Tadjiquistão até a fronteira
do Afeganistão, passando por colinas, montanhas, cidades e vilarejos. É,
portanto, um road movie que explora
uma paisagem diferente para nós. E o faz
centrado na relação afetiva dos irmãos, protetora, da parte do mais velho, que,
por outro lado, sente o peso da responsabilidade e talvez quisesse viver mais
livre. De qualquer modo, pouca coisa
acontece além da viagem em si mesma. Mas
que bela viagem a gente acompanha vendo BRATAN!
O diretor explora todos os tipos de travelling,
de avanço, recuo, laterais, verticais.
Ou seja, movimenta a câmera de uma forma ampla e criativa. Busca os mais trabalhados ângulos para
focalizar a parte baixa das ferragens do trem, os movimentos de pés, etc.. No
alto, consegue ângulos de ampla visão e profundidade, panorâmicos, gerais. Ao mesmo tempo, explora detalhes, as
entranhas das engrenagens. É puro
cinema. Uma experiência visual incrível,
a serviço de uma narrativa fluida, que vale a pena observar e curtir. Com Timur Tursunov, Firus Sasaliyev, N.
Arífova. 98 min.
ESQUEMA
(Skhema), filme do Cazaquistão, de 2022, dirigido por Farkhat
Sharipov, surpreende, ao mostrar um país muito diferente do que costumamos ver
nos ambientes rurais que outros filmes nos mostraram. Aqui estamos em pleno burburinho urbano, dos shoppings centers, lojas de marcas
famosas em que adolescentes se envolvem num esquema de enriquecimento
ilegal. E os comportamentos
transgressivos que costumamos associar a esse período da vida, como as festas,
as drogas, o consumismo e o descontrole.
O foco está na jovem Masha em crise e um grupo de garotas dispostas a
correr riscos, sem muito cuidado. Nada
de muito novo, nem algo que traga a especificidade de ter sido realizado no
Cazaquistão ou mostre elementos marcantes de sua cultura. É a globalização dando o tom. Com Victoriya
Romanova, Tair Svintsov, Diana Bulatova, Evgeniya Ksenaki. 73 min.
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