AÇÚCAR. Brasil, 2017.
Direção: Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira. Com Maeve Jinkings, Magali Biff, Dandara de
Morais, Zé Maria. 90 min.
“Açúcar”, produção pernambucana,
dirigida por Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira, vale-se do realismo fantástico
para abordar o ancestral conflito entre a casa grande e a senzala. Por meio da personagem Maria Bethânia, vivida
por Maeve Jinkings, em grande atuação, um antigo e abandonado engenho de açúcar
da família Wanderley volta à cena quando ela, herdeira da família, resolve
retomar a velha e decadente casa grande, que ainda traz sinais do luxo e
opulência do passado. Mas a situação
agora é outra: parte das terras pertence aos antigos empregados que lá
desenvolveram um centro popular de arte e resistência. E lá estão também as marcas indeléveis da
escravidão, as opressões não reparadas, a reivindicação da terra, as contas a
pagar, a necessidade de vingança, enfim, a luta de classes. Dos dois lados, como se diz, é preciso
conhecer o inimigo. O clima é
permanentemente tenso. O presente, o
passado e o futuro estão sob ameaça.
O fantástico aparece não só pela
presença de criaturas e rituais estranhos, mas também pela entrada e saída de
cena de um barco a vela, que “navega” entre as plantações, sem água. O contemporâneo e o ancestral, o moderno e o
arcaico, convivem e se trombam num país predominantemente negro, que tinge os
cabelos de louro, como a própria protagonista.
Um país que não se reconhece, nega a própria história e identidade, está
à beira do rompimento, da explosão. A
impossível volta às origens pretendida por Bethânia e a necessidade de encarar
a imensa desigualdade histórica e atual do país colocam uma espécie de dilema
insolúvel para cada um e para todos, num momento extremamente difícil, que o
filme, de 2017, não chegou a captar por inteiro, mas intuiu, de alguma forma.
OSCAR
À VISTA
09 de fevereiro é o dia da transmissão
da festa de entrega do Oscar 2020. Um
evento importante porque global, atinge milhões de pessoas ao redor do
mundo. Quem gosta de cinema torce sempre
para que a qualidade receba o destaque que merece, em relação aos interesses
comerciais óbvios que estão em jogo. De
minha parte, espero que filmes como “Coringa”, de Todd Philips, e “O Irlandês”,
de Martin Scorsese, recebam o devido destaque, assim como as produções
internacionais “Parasita”, de Bong Joon-ho, e “Dor e Glória”, de Pedro
Almodóvar, saiam com prêmios do evento. Porque merecem e muito.
O que exige a maior atenção e torcida
de nossa parte é o documentário “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, que
está entre os cinco indicados de todo o mundo, o que não é pouca coisa. Enfrentará pesos pesados, como “American
Factory” e “Honeyland”, mas tudo é possível.
Remete ao impeachment de Dilma Rousseff, que deu origem a todo o
retrocesso que vivemos hoje no Brasil. Está, portanto, na contramão do Brasil
oficial atual. Por conta disso,
incomodou muita gente, inclusive jornalistas do campo cultural, que deveriam
estar celebrando essa grande conquista.
FESTIVAL
DO RIO EM SÃO PAULO
De 06 a 12 de fevereiro, o Cinesesc
São Paulo apresentará uma seleção de 21 filmes exibidos no Festival do Rio
2019. Os cinéfilos que não foram ao Rio
em dezembro não vão querer perder essa excelente oportunidade de conferir bons
filmes de todo o mundo e trabalhos de grandes diretores, como Ken Loach, Sergei
Loznitsa, Alain Cavalier, Abel Ferrara, entre outros, além de produções
brasileiras e documentários que foram destaque por lá e ainda não chegaram por
aqui.
Nossa !! Esse filme Açúcar deve ser muito bom!!! Pela crítica sua, detalhada e com esmêro,vdeixa a gente com água na bôca!!!E, é muito oportuno para esse momento que vivemos em que a Casa Grande e Censala estão faltando a nossa vista!!!! Quero assistir. Agora, não quero perder, TB.Demicracia e Vertigem!!! Este Documentário não está passando nos circuitos??? Ou, não estou sabendo???? Então,o Cine SESC está nos oferecendo grandes filmes, ao começar nesse final de semana, né????Vou tentar ver alguns!!!! Grata pelas informações importantíssimas!!!!;
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