O IRLANDÊS (The Irishman). Estados
Unidos, 2019. Direção: Martin
Scorsese. Com Robert De Niro, Al Pacino,
Joe Pesci. 209 min.
Martin Scorsese desenvolve em “O Irlandês” uma
saga que perpassa várias décadas na vida de Frank Sheeran (Robert De
Niro). De caminhoneiro, entregador de
carne, a matador de aluguel, rápido, eficiente e sem envolvimento emocional ou
culpa. Uma figura assim será logo
captada para o mundo do crime organizado e, com um pouco de sorte, cair nas
graças de um grande chefão como Russel Bufalino (Joe Pesci). E conhecer e atuar junto à mais importante
figura dos grandes sindicatos, o lendário Jimmy Hoffa (Al Pacino).
A trama de Scorsese mostra como o crime
organizado dispõe de um poder impressionante junto à política
institucionalizada, com vínculos fortes com o poder local, mas também com o
poder federal e com a própria figura de presidentes da República, que os
apoiaram, foram apoiados por eles, ou favoreceram uma ala em relação a outra,
de acordo com os interesses em jogo. O
forte sindicalismo estadunidense também apresenta grande vinculação com o crime
organizado. E tudo se arranja no
Judiciário, a partir de advogados que conhecem os caminhos para livrar o gangsterismo
de pagar pelo que faz. Ou de fazê-lo
moderadamente. O crime, lá como cá,
também pode ser comandado da cadeia. Ou
seja, tudo vai junto e misturado, onde menos se espera, e pondo em cheque a
própria ideia de democracia.
Vida e morte estão na mão dos grandes do crime
no momento. Que resolvem suas diferenças
a bala. As máfias se formam e a
violência é quem dá as cartas.
O talento do diretor nos garante uma narrativa
muito intensa e envolvente, com momentos marcantes e impactantes, mas dentro de
um ritmo lento, que nos permite observar, atentar para detalhes, pensar sobre o
que estamos vendo. E se preocupar sobre
o que ele nos mostra, enquanto curtimos belas sequências.
Ao final, fica um questionamento importante:
de que vale tudo isso, esse poder de vida e de morte, dinheiro a rodo,
traições, vinganças, sordidez, se no fim tudo acaba em velhice, doença,
solidão, desamparo e morte? O que se
ganha, afinal, com essa vida delirante de armas e poder a qualquer preço? Que sentido tem isso? Scorsese põe também sua pitada religiosa aí,
aquela dos momentos finais, onde pode haver arrependimento, ou não, pelo que se
fez.
Robert De Niro está exuberante como
protagonista dessa história e quase irreconhecível quando mais jovem. A maquiagem faz miséria também em relação a
Al Pacino, igualmente em grande desempenho.
Joe Pesci também passa pela metamorfose do tempo e brilha, tem um
desempenho espetacular no papel do grande chefão da história. É uma trinca de atores de altíssimo nível que
está em cena.
“O Irlandês” é uma produção da Netflix, que
está tendo uma carreira limitada no cinema.
Infelizmente. Os que não se
incomodam de perder a saga na indispensável telona, porque preferem a
comodidade do sofá da sala, no entanto, vão adorar. O filme é muito longo, o mais longo da
filmografia de Martin Scorsese. De modo
que uma parada para o banheiro, um café ou uma comidinha, pode até ser
bem-vinda, mesmo atrapalhando a fruição desse belo filme. De qualquer maneira, sinal dos tempos.
O filme , me parece EXCELENTE pelas informações detalhadas e caprichosas!!!! Muito providencial, oportuno para o nosso momento q não sabemos qdo.terá fim!!! Acreditemos no Final Feliz!!! Quero assistir, anda , nós Circuitos, qdo. Se se passar!!!
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