Antonio Carlos
Egypto
RODA GIGANTE (Wonder
Wheel). Estados Unidos, 2017. Direção e roteiro: Woody Allen. Com Jim Belushi, Kate Winslet, Juno Temple, Justin Timberlake. 101 min.
Nos filmes de Woody Allen, já sabemos que, além de
encontrar humor inteligente, encontraremos personagens psicologicamente
consistentes e situações que escapam ao controle deles. A vida é assim. E, dependendo das circunstâncias concretas de
existência dos personagens, erros e omissões podem ser fatais ou custar muito
caro aos envolvidos.
Em “Roda Gigante”, situada em Coney Island, New York,
anos 1950, temos as praias e um grande parque de diversões. Por lá, dentro do parque, envolvido por luzes
de neón, vive um casal: Humpty (Jim Belushi) e Ginny (Kate Winslet). São empregados ali, numa vida pra lá de
modesta, restringida pelo barulho e movimentação do parque de diversões. Humpty se encanta com a pesca e, quando se
casou, acreditava que sua mulher também gostava de pescar. Mas não é o caso. Ginny mal se aguenta num cotidiano pesaroso
de afazeres domésticos. Ele tem uma
filha, Carolina (Juno Temple), que não vê há anos, casada com um gângster. Quando as coisas apertam, ela volta pra casa,
trazendo perigo à vida deles.
Quem narra essas histórias é um outro personagem, que
acaba entrando na vida das duas mulheres, Mickey (Justin Timberlake), o sarado
salva-vidas da praia. Junte-se a isso um
moleque que gosta de botar fogo em tudo e temos aí os ingredientes de uma
comédia, que trata de gente simples que, como todo mundo, está em busca do amor
e da felicidade possíveis.
A trama de Woody Allen vai nos mostrando as
características e sutilezas desses personagens, que vão revelando a
complexidade que têm, sob aparência rude, modesta ou de beleza oca. Woody Allen usa sua experiência de psicanalisado
por muitos anos, não só para conhecer-se melhor, mas também para aplicar nos
personagens que cria, a partir do que observa no mundo. O que faz com que seus personagens estejam
muito próximos de nós, por mais distantes que suas vidas possam ser das
nossas. São gente de verdade, que
existe, pode ser encontrada em toda parte.
Esse é um dos grandes diferenciais do diretor.
As situações engraçadas, a trilha sonora sempre de
impecável bom gosto e a estupenda fotografia de Vittorio Storaro, aliadas a um
elenco afiado, fazem de “Roda Gigante” um belo programa cinematográfico, para
fechar o ano de 2017.
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