segunda-feira, 2 de maio de 2011

Thor

Tatiana Babadobulos

Thor. Estados Unidos, 2011. Direção: Kenneth Branagh. Roteiro: Ashley Miller. Com: Chris Hemsworth, Anthony Hopkins, René Russo e Natalie Portman. 114 minutos

Deus do trovão, “Thor” é a nova aposta da Marvel, responsável pelas HQs de personagens até mesmo mais conhecidas, como “Homem-Aranha”, “X-Men”, “Hulk”, “Homem de Ferro”, entre outros. O mais esperado talvez seja “Capitão América – O Primeiro Vingador”, cujo lançamento nos cinemas está prometido para dia 22 de julho, nos Estados Unidos.

A aventura épica, ambientada na mitologia escandinava, começa contando sobre os tempos de paz entre os reinos Asgard e Jotunheim. Thor, guerreiro viking, se apressa em assumir o trono. Porém, assim que Asgard é atacada por Laufay, Thor (Chris Hemsworth, de “Jornada nas Estrelas”), declara guerra ao Gigante de Gelo, atitude que é reprovada por seu pai (Anthony Hopkins).

Neste momento, há discussões que levam em conta a psicologia, quando o monstro diz que ele “não passa de um menino querendo se autoafirmar”. Ele retruca: “Esse menino cansou de sua zombaria”. Thor não aceita as provocações , mas o Gigante afirma: “Ele vai ter o que procura: guerra e morte”. Pronto, está armada uma das batalhas.

Com a reprovação da atitude do rapaz, o rei decide exilar seu filho, mandando-o para Midgard, onde poderá aprender a sabedoria e a humildade. Momento da jornada do herói, e depois vem a catarse, pois lá, terá de conviver com o fato de seu irmão (Tom Hiddleston), malévolo e ciumento, dizer que ele não deve voltar nunca mais.

A fita tem direção do inglês Kenneth Branagh, que pôde ser visto como ator no filme “Harry Potter e a Câmara Secreta”, por exemplo, e, atrás das câmaras, em “Hamlet”, de 1996, com Judi Dench no elenco. Aqui, porém, Branagh explora demais a técnica tridimensional, em detrimento da interpretação dos atores.


Pode-se dizer que o personagem título também deixa a desejar. Não se pode exigir muito, é claro, do ator que vai bancar o super-herói. Os atributos de Chris são bastante, digamos, convincentes, principalmente no que diz respeito ao físico, à força (Thor tem uma força incrível nos desenhos animados e nos quadrinhos) etc. Mas, ao mesmo tempo, quando para a produção é escalada atriz do porte de Natalie Portman, vencedora do último Oscar na categoria de Melhor Atriz, por “Cisne Negro”, espera-se mais e aqui ela praticamente passa despercebida como a pesquisadora. Em versão dublada, então, nem se fala... Simplesmente não dá!

Além de Natalie Portman e An­thony Hopkins, no papel do rei, a produção conta ainda com atores como a doce rainha, vivida por René Russo.

Thor é mais corpo que mente, se movimenta mais rápido do que pensa, e o filme mostra muito isso, ou seja, mais batalhas que expressões verbais. Embora o diretor sempre tenha apreciado as histórias épicas, as batalhas sangrentas e os heróis, “Thor” é também um drama de conflitos familiares, como as personagens criadas por Shakespeare, em “Henrique V” e “Hamlet”. Thor é humanizado e, lá pelas tantas, terá o amor entre ele e uma humana... Essa é a parte do longa-metragem que funciona, prende o espectador, tem uma história que interessa, com algumas pitadas de humor. Quando fala sobre o reino, porém, não instiga.

Apesar da história confusa, o universo criado por Branagh é fascinante. Com exceção de umas duas sequências artificiais, como a péssima multiplicação das pessoas por computador, e de problemas de proporção com o tamanho das pessoas, a fita até convence. Quando Thor chega à Terra, o local escolhido para se passarem as cenas é o Novo México, nos Estados Unidos. 

Aqui, embora tudo seja atualizado, como a troca de e-mails entre os pesquisadores, o laptop, iPod que a assistente de Jane  adora ouvir e baixar músicas, e até mesmo a foto que ela tira a partir de seu celular para postar no Facebook, tudo é atual. A não ser, é claro, que ninguém parece se surpreender com a presença de extraterrestres na Terra...

A produção de “Thor” é grandiosa, inclusive com exibições em três dimensões. O problema, porém, é justamente a banalização do 3D, de modo que exista uma desculpa para público ir ao cinema: a eterna discussão entre forma versus conteúdo. Sobre o 3D, há explicações, haja vista que a pirataria tem sido responsável pelo êxodo das pessoas nos cinemas, já que a aventura pode ser tranquilamente baixada pela internet. A experiência da tela grande com as imagens em três dimensões, porém, têm exclusividade nas salas de cinema.

Não resta dúvida que, tal como os outros filmes da Marvel, “Thor” terá uma incrível renda na bilheteria. E nem precisa ter lido a HQ para entender a história, ainda que esta personagem criada por Stan Lee seja menos conhecida que as demais. Por falar em Lee, preste atenção no motorista do carro que tenta guinchar o martelo de Thor...

Comprada pela Disney em 2009, a Marvel vai continuar lançando os filmes que saíram dos quadrinhos. Portanto, vá assistir ao “Thor” sabendo o que está vendo, de preferência acompanhado com um grande balde de pipocas. E nada mais.
Em tempo: como nos outros filmes da Marvel, não saia antes de ver as cenas após os créditos!

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Quem é quem?
Thor - Deus do trovão, filho de Odin
Odin - Rei de Asgard
Laufey - Rei de Jotunheim, inimigo de Odin
Loki - irmão de Thor
Jane - Jovem mortal, vive na Terra
Midgard - Terra
Bifrost - Ponte que permite a passagem de um reino a outro ou ser mandado para a Terra
Heimdall - Gardião de Bifrost
Mjolnir - martelo mágico de Thor que lhe atribui uma força sobrenatural

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