Tatiana Babadobulos
O mercado de animação não para. “A Era do Gelo 3”, que estreou em 1º de julho, é o filme de animação mais visto nos cinemas de todos os tempos, além de ter superado “Titatic”, a maior bilheteria brasileira até então. Ao todo, o Brasil alcançou a marca de 9 milhões de espectadores, e somando cerca de R$ 80 milhões de arrecadação desde sua estreia (e até 18 de agosto).
Um dos motivos do sucesso parece ter sido a versão 3-D. Segundo o Filme B, 6,790 milhões de pessoas assistiram a “A Era do Gelo 3” em 2-D e 2,160 milhões, em 3-D, o que resultou em arrecadação R$ 50,57 milhões e R$ 28,24 milhões, respectivamente.
“A Era do Gelo 3” é dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha, que começou como codiretor no primeiro filme, lançado em 2002. No segundo, em 2006, passou a dirigi-lo e, por consequência, dar mais destaque à sua criação, o esquilo Scrat, que continua tentando agarrar a noz, mas não apenas ela, uma vez que parece ter encontrado sua cara-metade.
Os outros personagens dos longas anteriores continuam, além de terem a companhia de novos, como os mamutes Manny (com voz de Diogo Vilela, na versão dublada) e Ellie (Cláudia Jimenez) esperam o nascimento de seu bebê; a preguiça Sid (Tadeu Mello) continua atrapalhada e engraçada, mas dessa vez ultrapassa os limites quando se apossa de ovos gigantes que vão dar origem a dinossauros; os gambás loucos por confusão Crash e Eddie; e o tigre dentes-de-sabre Diego (Marcio Garcia) começa a se questionar sobre sua capacidade de lutar, correr e de continuar convivendo com os amigos que agora estão vivendo em família.
Outra novidade é a doninha Buck (Alexandre Moreno), caçadora de dinossauros, que vive no mundo subterrâneo (onde moram os dinossauros), e acabam ajudando os personagens em sua missão.
Destaque para o bom humor do roteiro, uma vez que a história é capaz de arrancar boas (ou serão ótimas?) gargalhadas dos adultos também, além de uma trilha sonora impecável, com direito ao clássico de Lou Rawls "You'll Never Find Another Love Like Mine", "Alone Again (Naturally)", de Gilbert O' Sullivan, além de canções compostas por John Powell, como o tango "You'll Never Tango".
O longa-metragem, aliás, chega em DVD a partir de 30 de setembro. Imperdível.
Outra animação que está conquistando os espectadores é “Up - Altas Aventuras”, que se tornou a maior bilheteria de abertura (de 4 dias) de um filme da Disney-Pixar no país. O décimo longa-metragem do estúdio ficou em primeiro lugar no ranking, levando 525.505 espectadores aos cinemas e somando a renda de R$ 5.672.268. Em número de espectadores, o filme atingiu o terceiro lugar entre os longas de animação da Disney-Pixar no país, atrás apenas de "Os Incríveis" e "Procurando Nemo".
As 75 salas 3-D onde a fita foi exibida foram responsáveis por 40% do total de ingressos vendidos e 51% do total da renda. Os cinemas com projeção em 35mm, 243 salas, ficaram com 60% do total de público e 49% do total de bilheteria.
“Up - Altas Aventuras” é o primeiro longa-metragem da Pixar a ser lançando em 3-D e foi a primeira animação a abrir o Festival de Cannes, em maio deste ano. A animação conta a história de Carl Fredricksen (dublado em português por Chico Anysio), um vendedor de balões de 78 anos que começa a lutar contra os investidores por conta da casa onde sempre morou. Isso porque eles querem comprá-la para construir mais um edifício no local.
Contudo, Carl é sentimental demais para ceder à pressão do capitalismo. A casa que conserva foi cenário do ninho de amor que construiu ao lado de Ellie, sua paixão desde a adolescência, pessoa com quem compartilhava os sonhos de aventura de um dia, enfim, conhecer as Cachoeiras do Paraíso, na América do Sul.
Tal como a animação "Wall-E" (lançada em 2008), que pode ser classificada também como ficção científica e comédia romântica, a trama de “Up - Altas Aventuras” começa como romance, mas logo após a primeira parte vira drama. É quando Ellie adoece e morre, deixando Carl desolado, mas ao mesmo tempo com forças para colocar em prática o seu sonho de voar.
A partir de então, o longa-metragem de animação criado por Pete Docter (o mesmo de "Monstros S.A.") passa a ser uma aventura liderada pelo velho, que resolve o problema de tirar a sua casa do terreno cobiçado pelos investidores ao amarrar milhares de bexigas nela e fazê-la flutuar, tal como se estivesse, de fato, dentro de um balão.
Pouco antes de ele ter essa brilhante ideia, porém, bate à sua porta um menino de oito anos, Russell, que se diz explorador da natureza e, portanto, quer ajudar o idoso a atravessar a rua, cortar a grama do seu jardim, o que for, a fim de ganhar mais um distintivo em seu colete. A maior descoberta de Carl é que, assim que a casa parte para os ares, alguém bate novamente à sua porta e pede para entrar.
Embora ele seja ranzinza e reclamão (os trejeitos e os sons que emite em protesto, aliás, lembram os mesmos resmungos de Clint Eastwood, em "Gran Torino"), e prossiga vivendo de lembranças, já que Ellie continua presente – nas fotos colocadas nas paredes e nas estantes da casa, no caderno onde escreve desde criança as suas aventuras, na poltrona onde costumava se sentar –, inclusive em termos musicais, já que a trilha sonora que se repete quando ela aparece subliminarmente como personagem do filme, sua vida dá uma guinada e, no caminho da aventura, enfrenta o mal e seus próprios defeitos, conhece gente nova, convive com o garoto que poderia ser o neto que nunca teve, faz amigos bichos, como o cachorro falante Dug e o pássaro gigante Kevin.
Com a utilização da técnica tridimensional para construir a animação, é possível observar os avanços do estúdio na construção dos personagens, da riqueza de detalhes dos pelos, das peles, das roupas etc. E também do 3-D, que com a utilização dos óculos especiais é possível perceber alguns elementos saltarem da tela, mas o espectador tem principalmente a ilusão de profundidade nas cenas aéreas, que são deslumbrantes e contam com cenários incríveis.
“Up - Altas Aventuras” não é o melhor filme da Pixar, no entanto, há de se dizer que se trata de uma produção bem-feita, que utiliza alta tecnologia para o desenvolvimento dos personagens animados por computador, com senso de humor peculiar, principalmente por conta do humor ácido do protagonista que se contrapõe à inocência da criança, e conta uma história emocionante do início ao fim.
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