quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

FELIZ ANO NOVO?

Antonio Carlos Egypto

 


Um ano que termina nos leva a desejar um feliz ano novo, com muito amor e prosperidade.  Claro que é o que eu desejo a todos e todas que me acompanharam por aqui, em 2021.  Mas não é fácil.  Temos vivido num tempo sombrio, em que falar de amor e flor é esquecer que tanta gente está sofrendo tanta dor, como dizia Bertolt Brecht (1898-1956).

 

A dor da fome que se alastrou pelo país e que tem relação direta com a inflação, o desemprego, o desalento.  A dor da violência doméstica contra as mulheres e da violência e morte que atinge sobretudo a população jovem, negra, pobre e periférica.

 

A dor dos desastres “naturais”, provocados pela crise climática, o aquecimento global e a deterioração progressiva do meio ambiente. A dor dos indígenas, invadidos e contaminados por mercúrio.  A dor da Amazônia, que queima como nunca.

 

A dor da perda e morte dos entes queridos que a pandemia levou.  E que no Brasil atingiu a cifra alarmante de 619 mil mortes.  A maioria delas evitável, como demonstrou de forma cabal a Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado, por conta de um governo negacionista que trabalhou, e ainda trabalha, contra a vacina.  Mas, aos trancos e barrancos, ela chegou aos braços da maioria das pessoas, graças ao bom senso do povo já acostumado à cultura da vacinação, que soube se opor às fake news e estupidezas que rolam por aí.

 

Isso nos deu um alívio e uma esperança por aqui, mas as notícias que nos chegam de fora são alarmantes.  Ontem, por exemplo, um milhão de pessoas contaminadas por Covid-19 em todo o mundo, num único dia.  E sabemos que, enquanto a África e uma boa parte da Ásia não estiverem com a maioria absoluta de sua população vacinada, e falta muito para isso, o mundo não poderá ter sossego.  Como todos sabemos, nós não somos uma ilha.

 

Não vejo no horizonte próximo como esperar que o nosso Brasil se torne melhor e mais justo.  2022 indica um novo ano muito difícil, mas com uma esperança no fim do túnel.  Havemos de solidificar nossa democracia para que ela nos possibilite superar essa etapa tão triste de nossa história.  E que a partir de então possamos reparar os estragos e construir/reconstruir uma nação digna e fraterna.  Aí, sim, com amor e prosperidade. 



2 comentários:

  1. Momentos tão difíceis....mas vamos tentar "esperançar". Um abraço Egypto.

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  2. Concordo. Vamos esperançar como dizia Paulo Freife.

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