domingo, 22 de abril de 2018



AUTO DE RESISTÊNCIA” E “O DISTANTE LATIDO DOS CÃES”
VENCEM O É TUDO VERDADE 2018

Amir Labaki prestou uma linda homenagem ao Nelson Pereira dos Santos, no início da premiação.


* Auto de Resistência, de Natasha Neri e Lula Carvalho vence a
Competição Brasileira de Longas e Médias-Metragens

* O Distante Latido dos Cães, de Simon Lereng Wilmont é eleito o
melhor longa da Competição Internacional de Longas e Médias-
Metragens

* Roubar Rodin, de Cristóbal Valenzuela vence a Competição Latino-
Americana

* Nome de Batismo - Alice, de Tila Chitunda e Ressonâncias, de
Nicolas Khoury são os vencedores de melhor curta, respectivamente,
brasileiro e internacional

Principal evento dedicado à cultura do documentário na América Latina,
fundado e dirigido por Amir Labaki, o É Tudo Verdade – 23º Festival
Internacional de Documentários divulgou na noite deste sábado, 21
de abril, os vencedores da edição 2018.

O júri das competições brasileiras foi composto pela cineasta Betse de
Paula, pelo cineasta e articulista Fernando Grostein Andrade e pelo
cineasta e diretor de fotografia Tyrell Spencer.

O júri das competições internacionais e latino-americana foi formado
pela documentarista americana Pamela Yates, também homenageada
pela retrospectiva desta edição, pela produtora brasileira Renata de
Almeida, diretora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e
pelo curador equatoriano Alfredo Mora Manzano, diretor do EDOC, o
festival de documentários do Equador.

Desde 2015 os vencedores da Competição Brasileira de Curtas-
Metragens e o da Competição Internacional de Curtas-Metragens estão
automaticamente qualificados para exame pela Academia de Artes e
Ciências Cinematográficas de Hollywood visando uma vaga na disputa
do Oscar de melhor curta documental. O É Tudo Verdade é o primeiro
festival sul-americano a merecer este status.

PREMIAÇÃO OFICIAL
Os premiados oficiais do É Tudo Verdade 2018 são:

COMPETIÇÃO INTERNACIONAL
Melhor Documentário de Longa ou Média-Metragem (Júri Oficial)
O Distante Latido dos Cães, de Simon Lereng Wilmont

Melhor Documentário de Curta-Metragem (Júri Oficial)
Ressonâncias, de Nicolas Khoury

Prêmio Especial do Júri para Documentário de Longa ou Média-
Metragem (Júri Oficial)
Naila e o Levante, de Julia Bacha

Menção Honrosa para Documentário de Longa ou Média-Metragem
(Júri Oficial)
The Cleaners, de Hans Block e Moritz Riesewieck

COMPETIÇÃO BRASILEIRA
Melhor Documentário de Longa ou Média-Metragem (Júri Oficial)
Auto de Resistência, de Natasha Neri e Lula Carvalho


Melhor Documentário de Curta-Metragem (Júri Oficial)
Nome de Batismo - Alice, de Tila Chitunda

O Júri Oficial concedeu duas Menções Honrosas para a Competição de

Curta-Metragem Brasileira para:
- Inconfissões, de Ana Galizia
- Catadora de Gente, de Mirela Kruel

COMPETIÇÃO LATINO-AMERICANA
Melhor Documentário de Longa ou Média-Metragem (Júri Oficial)
Roubar Rodin, de Cristóbal Valenzuela

Prêmio Especial do Júri para Documentário de Longa ou Média-

Metragem (Júri Oficial)
A Flor da Vida, de Claudia Abend e Adriana Loeff


PREMIAÇÕES PARALELAS

Os premiados dos júris paralelos são:
PRÊMIO ABD-SP (Associação Brasileira de Documentaristas e
Curta-Metragistas)

Júri de Curta-Metragem Brasileiro composto por Alice Riff, Gabriel
Tonelo e Bruno Cucio.

Júri de Longa ou Média-Metragem Brasileiro composto por: Lívia Perez,
Mariana Duccini e Patrícia Mourão.

Melhor Documentário de Longa ou Média-Metragem da Competição
Brasileira
Elegia de um Crime, de Cristiano Burlan

Melhor Documentário de Curta-Metragem da Competição Brasileira
Nome de Batismo - Alice, de Tila Chitunda

PRÊMIO ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema)
Júri composto por Julio Bezerra, Lúcio Vilar e Nayara Reynaud.

Melhor Documentário de Longa ou Média-Metragem da Competição
Brasileira
Ex-Pajé, de Luiz Bolognesi

Melhor Documentário de Curta-Metragem da Competição Brasileira
Inconfissões, de Ana Galizia


PRÊMIO CANAL BRASIL DE CURTAS
Prêmio de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) ao melhor curta-metragem da
Competição Brasileira.

Júri composto por Amilton Pinheiro, Bárbara Demerov, Clarissa
Kuschnir, Flavia Guerra e Luiza Lusvarghi.

Melhor Documentário de Curta-Metragem da Competição Brasileira
Mini Miss, de Rachel Daisy Ellis.


PRÊMIO EDT. (Associação de Profissionais de Edição Audiovisual)
Melhor montagem para Curta e Longa ou Média-Metragem da
Competição Brasileira.

Júri composto por Fernanda Bastos, Júlia Bernstein e Mariana Becker.

Melhor Montagem de Curta-Metragem da Competição Brasileira
Inconfissões, de Ana Galizia

Melhor Montagem de Longa-Metragem da Competição Brasileira
Elegia de um Crime, de Cristiano Burlan


PRÊMIO MISTIKA
Prêmio de R$ 8.000,00 (oito mil reais) em serviços de pós-produção
digital para o melhor curta-metragem eleito pelo júri oficial do festival.
Melhor Documentário de Curta-Metragem da Competição Brasileira

Nome de Batismo - Alice, de Tila Chitunda.



É Tudo Verdade – 23º Festival Internacional de Documentários
Rio de Janeiro e São Paulo de 12 a 22 de abril.
Fundação e direção: Amir Labaki

A 23ª edição do É Tudo Verdade – Festival Internacional de
Documentários conta com patrocínio do ITAÚ; parceria do SESC-SP;
copatrocínio da SABESP e SPCINE. Conta também com o apoio do
Ministério da Cultura - Secretaria do Audiovisual, através da lei 8.313/91
(Lei Rouanet) e da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo –
Programa de Ação Cultural/ PROAC ICMS. O projeto foi contemplado no
edital SAV/ MINC/ FSA nº 11, 2018.

É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários
etudoverdade.com.br / itsalltrue.com.br
 http://procultura1.entregadordenoticias.net/registra_exibicao.php?id=62989|254596|1531


quinta-feira, 19 de abril de 2018

FILMES DE GRANDES DIRETORES


Antonio Carlos Egypto


Sempre procuro dar atenção aos lançamentos cinematográficos de grandes diretores do cinema mundial e nacional.  Eles costumam nos oferecer temas intrigantes para reflexão, sequências de cenas criativas, bem elaboradas esteticamente, boa direção de atores, momentos de beleza ou de puro prazer.  Claro que nem sempre é assim.  Eles também cometem equívocos, uns podem entrar em decadência, enquanto outros crescem e se sofisticam com a maturidade e a velhice.  É muito raro, porém, que o fracasso eventual de um produto deles se perca por inteiro.  Sempre algo de bom se aproveita.  É bom estar atento.  Na programação dos cinemas, quatro grandes diretores estão com filmes em cartaz, no momento: o alemão Wim Wenders, o polonês Roman Polanski, o japonês Hirokazu Kore-Eda e o luso-brasileiro Ruy Guerra, nascido em Moçambique. 

SUBMERSÃO (Submergence).  Estados Unidos, 2017.  Direção: Wim Wenders.  Com James McAvoy, Alícia Wikander, Alexander Siddig.  112 min.

Numa mistura de suspense e romance, “Submersão” trata de duas questões distintas, mas vinculadas à realidade global do planeta.  O amor aqui une o agente secreto britânico James (James McAvoy), em missão na Somália para caçar fontes de terroristas suicidas, a Danny (Alícia Wikander), biomatemática que trabalha num projeto envolvendo as profundezas do mar.  Só que ambos têm missões perigosas, capazes de afastá-los indefinidamente.  Ele, enfrentando os riscos do terrorismo internacional.  Ela, pondo a vida em risco, tendo que ir ao fundo do mar num submergível pelo tempo necessário para realizar sua pesquisa.  O interessante é a ideia que a move, a de que a vida do planeta emergiu das camadas mais profundas do mar e de lá pode ressurgir ou se transformar.  Se é que eu entendi bem.  Wenders gosta de lidar com questões inusitadas, surpreendentes e desafiadoras, em busca de respostas que jamais serão claras.  A justaposição dos dois universos, que estão no romance de J. M. Legard, em que se baseou o filme, não ajuda a situação a evoluir.  Mas a água e o mar compõem um elemento estético a ser apreciado.  O filme também instiga a pensar sobre os mistérios da existência; já a ameaça constante do terror não traz novidade, em sua extrema brutalidade.



SUBMERSÃO


BASEADO EM FATOS REAIS (D’après une Histoire Vraie).  França, 2017.  Direção: Roman Polanski.  Com Emmanuelle Seigner, Eva Green, Vincent Pérez, Josée Dayan.  110 min.

Partir de uma história verdadeira, ou seja, acontecida, de algum modo, em algum lugar, para criar em cima dela, parece condição corriqueira da criação artística.  E o cinema parte também do próprio cinema.  Acompanhando o novo suspense de Polanski, impossível não se lembrar de vários outros filmes similares, envolvendo uma figura pública de sucesso, no caso, uma escritora, em crise criativa, e uma fã, conhecedora da história e do talento da escritora, que entra em sua vida de modo tão disruptivo quanto sugador.  Da relação aterrorizante entre as duas mulheres, Delphine Dayrieux, a escritora (Emmanuelle Seigner) e Elle (Eva Green), surge um thriller muito envolvente.  E que Polanski tratará de trabalhar a seu modo, com seu estilo próprio, e assustador, apesar da familiaridade da trama.  Em uma cena, ele até cria uma falsa expectativa e brinca com o espectador.  Não era possível que ele fosse adotar aquele clichê!  Quem vir o filme vai notar.  Enfim, um  thriller  que prende a atenção, e até surpreende, numa história já muito explorada pelo cinema.


O TERCEIRO ASSASSINATO (Sandome No Satusujin).  Japão, 2017.  Direção: Hirokazu Kore-Eda.  Com Masaharu Fukuyama, Kôji Yakusho, Isao Hashizume, Suzu Hirose.  124 min.

Kore-Eda é o grande nome do cinema japonês na atualidade, com uma obra já bastante sólida, a esta altura.  Em “O Terceiro Assassinato”, ele nos remete aos meandros da investigação e dos tribunais de justiça, onde se discutirá um caso que parece simples.  Afinal, quem já cometeu dois assassinatos e confessou ter praticado um terceiro, é só questão de saber qual será a punição.  No caso, a pena de morte ou a prisão perpétua, em função de agravantes ou atenuantes da situação.  Há, porém, muita coisa escondida, ocultada, relações não conhecidas, o que pode levantar grandes dúvidas.  O próprio comportamento do réu, mudando versões, se contradizendo ou trabalhando contra si mesmo, é um dilema a ser solucionado.  A questão é sempre mais complexa do que supõe a nossa vã filosofia.  Ou do que conseguem explorar as instâncias do mundo jurídico.  “O Terceiro Assassinato” caminha no desvendar lento e progressivo de uma situação, passando pela compreensão de um personagem intrigante, mas consistente, e constrói um belo filme com essa estratégia.



Ruy Guerra e Tony Ramos


QUASE MEMÓRIA.  Brasil, 2017.  Direção: Ruy Guerra.  Com Tony Ramos, Charles Fricks, João Miguel. 95 min. 

Ao ver “Quase Memória”, o filme de Ruy Guerra, fiquei interessado em ler o romance de Carlos Heitor Cony, que lhe serviu de base.  Por quê?  A trama me pareceu bastante original, o recurso principal, fascinante.  Um mesmo personagem, Carlos, convivendo consigo mesmo em outra etapa da vida.  O jovem Carlos (Charles Fricks), em busca de seu futuro e das memórias que já se apagam de Carlos velho (Tony Ramos).  O velho já não se interessa por um passado que, afinal, nada significa agora.  Ao se debruçar sobre a figura e a vida do pai, Ernesto (João Miguel), no entanto, Carlos jovem e Carlos velho esbarram em grandes dificuldades e numa narrativa em que a verdade não passa de lampejos de uma memória confusa, distante ou fugidia, de um personagem que criou sua história com genialidade e loucura.  Um estranho pacote, que só poderia ter sido enviado por ele, poderá esclarecer as coisas?  Se isso não o atrai a ver o filme ou ler o livro, é porque, decididamente, você não gosta de mistério.  Ruy Guerra gosta e lida muito bem com essa trama, criando um clima desafiador, potencializado por um elenco de grandes atores, que ele dirige com competência.  Lastro e experiência é o que não faltam ao cineasta, escritor e também compositor da música popular brasileira, parceiro de Chico Buarque em muitas jornadas artísticas.  Ruy dirigiu “Os Cafajestes”, em 1962, e “Os Fuzis”, em 1964, obras-primas do cinema brasileiro.



quarta-feira, 11 de abril de 2018

E TUDO VERDADE 2018


Antonio Carlos Egypto




De 12 a 22 de abril, é hora de focar a atenção nos documentários, tanto nacionais quanto internacionais. Chegou a São Paulo e ao Rio de Janeiro a sempre muito boa seleção do festival É TUDO VERDADE – It’s All True – 2018.  As sessões serão todas gratuitas, com distribuição de ingressos antes das projeções.  Em São Paulo, os filmes estarão no Itaú Cultural e no Instituto Moreira Salles, ambos na av. Paulista, no SESC 24 de maio, no Centro Cultural São Paulo, da Vergueiro, e no Auditório Ibirapuera.  Estão programados alguns debates, itinerância em outras unidades do SESC e programação  on line  no  site  Itaú Cultural.

Amir Labaki, o fundador e diretor do festival nestes 23 anos, afirma que “é um privilégio lançarmos mais uma safra excepcional de documentários, notadamente brasileiros”.  Pela amostra de alguns brasileiros que já pude ver, estou plenamente de acordo.


Amir Labaki


O filme da sessão de abertura em São Paulo é o empolgante e divertido ADONIRAN – MEU NOME É JOÃO RUBINATO, dirigido por Pedro Serrano.  Adoniran Barbosa é figura emblemática da cena paulistana, que ele cantou em prosa e verso, representou por meio de seu personagem  Charutinho  de  ‘História das Malocas”, de Osvaldo Moles, no rádio.  Fez cinema e telenovelas, mas é o grande compositor do samba paulistano.  “Saudosa Maloca”, “Samba do Arnesto”, “Iracema”, “Tiro ao Álvaro”,  “As Mariposa”, “Pogréssio”, “Prova de Carinho” e o eterno “Trem das Onze” constituem uma obra soberba.  E tem muito mais, é só garimpar. O personagem Adoniran, o palhaço triste, está muito bem retratado no documentário de Pedro Serrano.  Enche a tela de humor, gaiatice e sensibilidade diante dos pobres e marginalizados, que eram seus maiores amigos.  E nos remete ao seu querido Bixiga e a uma São Paulo que ele já não reconheceria.  92 min.


Adoniran - Meu Nome é João Rubinato


EX-PAJÉ, dirigido por Luiz Bolognesi, retrata um personagem que já foi poderoso junto à sua comunidade, que é desinvestido de poder e já não consegue se encontrar.  Perpera foi pajé do povo Paiter Suruí, exerceu o poder de entender e se relacionar com os espíritos do rio, da floresta, do uso das plantas e das atividades que curam, como orações, atenção, afeto e dietas dos familiares dos doentes.  Quando o homem branco chegou, e a igreja evangélica também, o pastor decretou que a pajelança era coisa do diabo e tudo mudou.  É interessante notar como o saber do pajé tem grande importância e significado para seu povo.  E notar também o caráter opressor dos que, autoritariamente, desagregam os que estavam em harmonia com a natureza.  Retomar as práticas de origem, tentando ensinar às crianças, esbarra no maior interesse delas pelos celulares.  Se bem que uma forma de os indígenas combaterem o abate de suas árvores é denunciar a invasão dos brancos, fotografando e postando no  facebook.  É um espanto, não?  80 min.

ESPERA, dirigido por Cao Guimarães, é um documentário delicado e sutil.  O seu tema, como diz o título, é a espera, os momentos que estão por vir, a esperança, o que vai se desenvolver, o que vai mudar.  Em diversos contextos e situações, geralmente comuns, do cotidiano.  Uma espera, porém, se destaca: aquela que diz respeito às mudanças do corpo e de gênero, a transexualidade em mutação.  A espera ansiosa, às vezes angustiante, daquilo que pode corrigir, aliviar, superar a infelicidade, alegrar.  76 min.

O Processo


O PROCESSO,  direção de Maria Augusta Ramos,  nos leva a repassar aquele estranho e desarrazoado, porém ritualizado, processo, que culminou no impedimento e deposição de Dilma Rousseff.  Voltar a rever isso para quê?  Já vivíamos uma crise econômica e política, quando Dilma conseguiu se reeleger, mas a ruptura democrática produzida pelo  impeachment  acabou por nos levar a uma crise sem precedentes, que vem abalando todo o quadro institucional, os três poderes da República, enquanto a economia segue patinando e a pauta de austeridade e supressão de direitos agrava a situação da classe trabalhadora e deixa os mais pobres cada vez mais desprotegidos.  Diante disso, é necessário resgatar essa história recente, nada gloriosa.  Maria Augusta Ramos registrou tudo o que pôde – 450 horas de material filmado – no Congresso Nacional, para buscar desvendar o processo que levou à mudança radical de poder que se operou.  As falas, reuniões e eventos oficiais, entrevistas à mídia, encontros políticos dos defensores e apoiadores de Dilma, corredores do Congresso, bastidores.  Ela buscou recontar essa história indo além do que mostravam os telejornais diários que conhecemos.  Produz um outro olhar, que se distingue da mídia tradicional, porque aspira o registro e a revisão históricos.  Ainda que o faça totalmente a quente.  É um esforço louvável.  Já foi exibido e bem recebido no Festival de Berlim.  Deve provocar diversas reações, contra e a favor, como tudo que acontece hoje no Brasil, tão dividido, em que vivemos nestes dias.  130 min.

Vi, ainda, um filme da competição latino-americana, o argentino AMARRA SEU ARADO A UMA ESTRELA, dirigido por Carmen Guarini.  É uma homenagem ao cineasta Fernando Birri, mestre do cinema argentino e latino-americano, falecido aos 92 anos, em dezembro de 2017.  Uma figura cheia de coragem e lucidez, mesmo nos períodos de ocaso de vida, que são os que são mostrados aqui.  Seu principal recado diz respeito à importância de manter acesos nossos sonhos e não desistir das utopias.  São elas que guiam nossa existência e nos apontam o rumo do mundo que queremos transformar ou construir.  80 min.