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terça-feira, 10 de janeiro de 2023

NAS ONDAS DA FÉ

                    Antonio Carlos Egypto

 

 



NAS ONDAS DA FÉ.  Brasil, 2021.  Direção: Felipe Joffily.  Elenco: Marcelo Adnet, Letícia Lima, Thelmo Fernandes, Tonico Pereira.  110 min.

 

Marcelo Adnet é um dos maiores talentos do humor nacional na atualidade.  Ator cômico de primeira linha, fantástico imitador, faz um humor inteligente, crítico, ousado, irônico, político.  Quando ele se coloca  por inteiro num projeto cinematográfico, como a comédia “Nas Ondas da Fé”, no mínimo, merece atenção.  Ele é o ator principal, criou o argumento e participou do roteiro do filme, além de ser um dos produtores.  Ou seja, é um filme em que ele jogou suas fichas.

 

A história mexe com o que podemos chamar de mercado da fé, em que se sobressaem pastores e apóstolos de igrejas evangélicas diversas.  Embora bastante reconhecível nas posturas, atitudes e consequências do que é mostrado, a trama evita generalizar.  Ou seja, supostamente, retrata os que se aproveitam da boa-fé das pessoas para lucrar – e muito – com isso.  Os que abusam da simplicidade de crentes um tanto ingênuos, que buscam alívio e apoio para os seus sofrimentos.

 

O personagem de Marcelo Adnet é Hickson, carioca do subúrbio, técnico em informática e locutor de telemensagens, que tem como grande pretensão na vida tornar-se radialista.  Talento para isso ele tem, tanto que, a partir de um emprego conquistado numa rádio evangélica, com o auxílio da mulher Jéssika (Letícia Lima), ele acaba virando pastor.  Com o seu sucesso arrecadando dinheiro e com sua notoriedade, gera inveja naqueles a quem ultrapassou, sem dificuldade. 




E por aí a narrativa vai, desnudando meandros da luta pelo poder entre os religiosos, seus valores (ou a falta ou tibieza deles), em que o dinheiro, mas também o sucesso e o prestígio, contam muito.  Muito mais do que qualquer questão espiritual.  Até porque os estudos a que o pastor Hickson se dedica não vão exatamente por aí.

 

Adnet explora seus recursos com o uso de sua pirotecnia vocal, suas caras e bocas e o seu jeito natural e engraçado de ser.  Aproveita bem seu papel e se destaca em meio a uma profusão de outros talentos do humor, como a ótima Letícia Lima, coprotagonista do filme, Otávio Müller, Tonico Pereira, Stepan Nercessian, Gregório Duvivier e outros, em papéis pequenos, mas divertidos.

 

Não sei dizer se esse humor explorando o veio dos evangélicos, que abusam do seu povo e lucram com isso, vai incomodar os que professam a religiosidade pentecostal, como um todo.  Pelo menos, não parece ter sido essa a intenção de “Nas Ondas da Fé”, dirigido por Felipe Joffily.  Assim como há salafrários nessa religião, há em todas as outras, e entre os ateus e agnósticos, também.  Ou seja, diz respeito aos seres humanos de qualquer profissão ou fé.  E é bom que esses assuntos sejam explicitados e discutidos via humor, pelo riso, uma forma contundente de questioná-los.



quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A Filha do Meu Melhor Amigo

Tatiana Babadobulos


A Filha do Meu Melhor Amigo (The Oranges). Estados Unidos, 2011. Direção: Julian Farino. Roteiro: Ian Helfer e Jay Reiss. Com: Leighton Meester, Hugh Laurie, Catherine Keener. 90 minutos


Não seria novidade nenhuma uma garota de 24 anos se apaixonar por um homem que tem o dobro de sua idade. A questão é que, no caso de Nina (Leighton Meester), no filme “A Filha do Meu Melhor Amigo” (“The Oranges”), o tal homem de 50 anos é o melhor amigo do seu pai e de sua família.

Na trama, dirigida por Julian Farino em sua estreia com longas-metragens, as famílias Walling e Ostroff são vizinhas de frente na rua Oranges (daí o nome original) e compartilham da amizade há vários anos. Os homens, David (Hugh Laurie) e Terry (Oliver Platt), gostam de correr pelas ruas do bairro calmo, cujas casas não possuem muros ou portões, onde vivem em Nova Jérsei. Suas filhas, Nina e Vanessa (Alia Shawkat), já foram amigas no colégio – mas seus caminhos se tornaram diferentes com o passar dos anos.

O longa-metragem é contado sob o ponto de vista de Vanessa, filha de David. A moça é designer de móveis e, enquanto junta dinheiro para alugar um apartamento em Manhattan, trabalha em uma loja de móveis na cidade. Ela conta a história de seu pai com sua ex-amiga ao mesmo tempo que desenha incansavelmente em suas folhas os sofás e luminárias que poderiam enfeitar as vitrines das lojas mais descoladas da ilha.



Depois de cinco anos longe, Nina viaja de São Francisco para a casa dos pais a fim de comemorar o Dia de Ação de Graças – data que antecede o Natal – depois de tomar um pé na bunda do namorado. Em meio à confraternização, uma paixão desperta entre o experiente David e a sedutora Nina, já que seu casamento com a organizadora do coral da cidade já não está lá grande coisa.

O desenrolar da história é previsível e não poderia ser diferente, quando se sabe do que se trata a trama. De qualquer maneira, o jeitão sarcástico e irônico de Hugh Laurie, características que o tornaram famoso como Dr. House, na série de televisão, reforça o possível interesse para o desenrolar do filme.

Lançado em 2011, a fita estreia nesta sexta-feira, 6, no Brasil. Com tema natalino, a distribuidora perdeu o timing. Era para ter estreado em junho, junto dos blockbusters do verão norte-americano, como “Além da Escuridão – Star Trek”, “Universidade Monstros”, “Se Beber, Não Case! Parte III”, “Velozes e Furiosos 6”. Esse é o tipo de filme que dá pra esperar passar na “Sessão da Tarde” e ver se não tiver nada melhor que fazer.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Os Candidatos


Tatiana Babadobulos

Os Candidatos (The Campaign). Estados Unidos, 2012. Direção: Jay Roach. Roteiro: Chris Henchy e Shawn Harwell. Com: Will Ferrell, Zach Galifianakis, Jason Sudeikis. 85 minutos



Em época de eleição no Brasil e também nos Estados Unidos, “Os Candidatos” (“The Campaign”), longa-metragem que estreia nesta sexta-feira, 19, oferece ao espectador uma boa dose de leveza, ao contrário dos debates e do próprio horário eleitoral.

Principalmente por conta do bom humor, o filme dirigido por Jay Roach (“Entrando numa Fria”) tira a plateia do sério e mostra o “lado B” de uma campanha política.

Na fita, depois que o congressista veterano Cam Brady (Will Ferrell, de “Pronto para Recomeçar”) comete uma gafe pública antes de uma eleição, dois lobistas planejam lançar um candidato rival a fim de ganhar influência sobre o seu distrito, na Carolina do Norte. Marty Huggins (Zach Galifianakis, de “Se Beber, Não Case” e “Se Beber, Não Case II”) nunca pensou em ser candidato – até porque ele não leva jeito nem tem as qualidades que um congressista deveria ter –, mas é influenciado a concorrer ao cargo público.

Nada como um bom marqueteiro para fazer o seu candidato aparecer. E daí ele entra no esquema no qual vale tudo: mudança de roupas, de comportamento familiar, até a decoração da casa é alterada para parecer mais “descolado” e atual. Os filhos de um dos candidatos confessam o que fizeram e vira uma espécie de “jogo da verdade”. Hilário!




Os investidores apostam alto em sua candidatura e até se torna carismático aos olhos do povo. Afinal de contas, tal como um dos personagens diz, “quando se tem dinheiro, nada é imprevisível”. A questão é que os tais investidores são inescrepulosos, mudam a origem de produtos vindos da China para convencer os consumidores norte-americanos que estão investindo alto na indústria do seu país.

Quando os dois estão empatados, a campanha se torna uma chuva de insultos e agressões e o circo está armado. Para disputar a atenção dos eleitores, eis que cometem as piores gafes, como bater em bebê, chutar o cachorro que foi astro do filme francês “O Artista” e toda sorte de esquisitices.
Qualquer semelhança com as campanhas atuais, aliás, não terá sido mera coincidência.

Além do tema, são os atores que fazem o filme valerem o ingresso. Ferrell e Galifianakis, que também são produtores, têm timing perfeito e trabalham bem neste gênero cômico, sem ser pastelão, mas de modo inteligente e que consegue agradar o espectador com ironia e piadas atuais. Embora o tema seja sério e deva ser discutido, aqui os personagens  comentam de maneira engraçada, sem perder o tom da crítica. Os diálogos e os acontecimentos fazem o espectador pensar sobre como as coisas funcionam na política. E que realmente não é simples separar o joio do trigo, principalmente quando se tem a “maquiagem” para disfarçar ao eleitor a personalidade e o caráter de cada candidato.

"Os Candidatos" oferece oportunidade de olhar com visão crítica e ao mesmo tempo engraçada para pontos que realmente importam dentro de uma eleição.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Ted




Tatiana Babadobulos

Ted (Ted). Estados Unidos, 2012. Direção e roteiro: Seth MacFarlane. Com: Mark Wahlberg, Mila Kunis e Seth MacFarlane. 106 minutos





Que crianças têm amigos imaginários, todo mundo sabe. E aceita. O assunto, aliás, pode ser melhor discutido por psicólogos, que talvez abordem temas como solidão, insegurança e por aí afora. A partir da adolescência, porém, esse tipo de coisa já passa a se tornar algo um tanto bizarro. Se o tal amigo imaginário, que é um urso de pelúcia, ganhar vida, então, aí que a situação fica totalmente sem pé nem cabeça.

Em tiras de quadrinhos, os personagens Calvin e Haroldo, respectivamente uma criança de seis anos e um tigre de pelúcia, fazem sucesso, ainda que o autor, o norte-americano Bill Watterson, não desenhe um quadrinho desde 31 de dezembro de 1995. A perspicácia do garoto, juntamente com o seu amigo imaginário, mexe com a imaginação dos leitores que os acompanham desde 1985.

No ano passado, Mel Gibson estrelou filme dirigido por Jodie Foster, “Um Novo Despertar“, no qual assume nova identidade e passa a se comunicar apenas através do boneco que encontrou no lixo.



O longa-metragem “Ted”, que chega aos cinemas nesta sexta-feira, 21, trata sobre um urso de pelúcia que ganha vida. A comédia se passa a partir de 1985, quando o garoto John Bennett (Mark Wahlberg), de apenas oito anos, que não tinha amigos no bairro onde morava, ganha de presente de Natal um urso de pelúcia. De cara, ele promete ao bicho que será seu amigo para sempre. No dia seguinte, como se o seu desejo virasse realidade, o urso ganha vida. Fala, anda e pensa.

Então, o brinquedo vira celebridade, mas promete nunca abandonar o amigo. Mesmo que o tempo passe, e o garoto John cresça, os dois continuam amigos. John arruma uma namorada, Lori Collins (a bela Mila Kunis, de “Cisne Negro“), e passam os três a morar juntos.

Aos 35 anos (em 2012, portanto), John continua dividindo as suas alegrias e tristezas com o ursinho, continua com um emprego mais ou menos, enquanto a sua namorada espera o pedido de casamento e tem uma carreira bem sucedida.

Apesar do tema tolo, a comédia de live action com animação por computação gráfica funciona e o tema não é nada infantil – a censura é de 16 anos.

Os dois, urso e rapaz, passam horas se drogando, saindo com mulheres, falando palavrão e fazendo referências à cultura pop, principalmente a dos anos 1980 e 1990, ora positiva, ora negativamente – há referências grotescas a gays e judeus, por exemplo. E é justamente nessas passagens que o humor fala mais alto e arranca gargalhadas da plateia.

Destaque para a participação da cantora Norah Jones e do ator que viveu o personagem Flash Gordon na televisão, Sam Jones. Há ainda referências à “Star Wars”, entre outros.



Criador da série “Family Guy”, o diretor Seth MacFarlane, em sua estreia no cinema, é também responsável pela produção do filme, e assina como coroteirista da fita, além de fazer a voz do urso.

“Ted” é um filme divertido e chega a surpreender o espectador, que vai ao cinema esperando que trata-se de uma película tola. O bom humor da fita supera as típicas comédias de Hollywood que entraram recentemente em cartaz.

Em tempo: Depois de levar o filho de 11 anos para assistir ao filme cuja censura é 16 anos, o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) disse que pretendia recorrer ao Ministério da Justiça para alterar a classificação para 18 anos. O ministro Eduardo Cardoso, porém, afirmou que não vai censurar o filme. "Mesmo se a legislação permitisse a censura, seríamos contrários a isso", disse Cardoso.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Quero Matar Meu Chefe


Tatiana Babadobulos


Quero Matar Meu Chefe (Horrible Bosses). Estados Unidos, 2011.Direção: Seth Gordon. Roteiro: Michael Markowitz. Com: Kevin Spacey, Jennifer Aniston, Jason Bateman, Jason Sudeikis, Colin Farrell, Charlie Day. 98 minutos.


Três rapazes, três chefes e três problemas. O que poderia acontecer com esses perso­nagens em um longa-metragem cujo título é “Quero Matar Meu Chefe” (“Horrible Bosses”)? Já é possível descobrir nos cinemas.

No início, o espectador co­meça a acompanhar a história de cada um: é quando são feitas as apresentações e os respectivos problemas que cada um enfrenta no ambiente de traba­lho com o seu chefe direto. Nick Hendricks (Jason Bateman, de “Amor sem Escalas”) trabalha muito e vive engolindo sapos do seu supervisor, Dave Harken (Kevin Spacey), que lhe prometeu uma promoção. Já o assistente de dentista Dale Arbus (Charlie Day, de “Amor à Distância”), só quer ser respeitado por sua chefe, a dentista Julia Harris (Jennifer Aniston), que dá em cima dele e o intimida com trajes sumários, mas ele é um rapaz sério e tudo o que quer é ser fiel e se casar com a noiva. Por fim, o contador Kurt Buckman (Jason Sudeikis, de “Passe Livre”), que adora o seu chefe, mas ele sai de cena. Em seu lugar, está o filho dele, Bobby Pellit (Colin Farrell), que quer acabar com a saúde da população da cidade, pois só pensa em passar os seus dias em uma praia com uma modelo ao lado.



Então, quando os três se encontram para tomar cerveja e jogar conversa fora, decidem que desse jeito não dá para continuar com os seus chefes, que são um psicopata, uma tarada e um completo idiota e simplesmente não podem seguir o exem­plo de um ex-colega da faculdade e não trabalhar. Eis que começam a elaborar o plano para mandar os seus res­pectivos chefes “desta para me­lhor”. Para isso, vão também contar com a ajuda de um consultor, “MF” Jones (Jamie Foxx), um ex-presidiário de apelido suspeito.

São três tipos distintos. O sádico chefe vivido por Kevin Spacey usa e abusa de sua autoridade. Já a tarada dentista está muito bem representada por Jennifer Aniston, que há muito faz comédias românticas, mas não poderia ser imaginada como uma mulher oferecida como a que interpreta, além de ser acusada por assédio sexual. Colin Farrell, por sua vez, está irreconhecível no papel do imbecil que manda, por exemplo, demitir dois funcionários, só porque um é deficiente físico e o outro está acima do peso.

O longa-metragem, dirigido por Seth Gordon (“Surpresas do Amor”), tem a graça da mesma safra de comédias como “Se Beber Não Case”, “Passe Livre”, que nada têm de pas­telão, embora em alguns momentos seja politicamente incorreta. E diverte pegando o espectador pela inteligência, pelo bom humor apurado. Afinal de contas, muitas pessoas podem se reconhecer naquela situação e não sabem o que fazer para mudar. Os diálogos provam a sofisticação da comédia, já que em diversos momentos citam obras cinematográficas, como “Pacto Sinistro”, de Alfred Hitchcock, o personagem de Danny De Vito, em “Jogue a Mamãe do Trem”, “Gênio Indomável”, sem contar com o seriado “Law & Order”, de onde tiram todo o conhecimento de leis e direito que possuem, além do desenho animado Scooby Doo.

Uma coisa é certa: não há nenhuma mensagem no longa, do tipo faça isso ou aquilo. Como lembra um dos atores, no material divulgado para a imprensa, trata-se apenas de “uma comédia divertida, simples e escapista sobre três rapazes que decidem matar seus chefes e que, desde o começo, não têm a menor ideia do que estão fazendo”.

Durante toda a projeção, o espectador vai torcendo para cada personagem e para que o plano, mesmo que de forma atrapalhada, dê certo. “Quero Matar Meu Chefe” é uma co­média engraçada, que vai mostrando situações cotidia­nas que muitos podem se identificar, mas nada têm a fazer. Então, o jeito é mesmo compartilhar com os amigos os problemas e rir das enrascadas dos outros.

Ao final, não saia da sala sem assistir aos erros de gra­vação antes dos créditos.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Se Beber, Não Case! Parte II

Tatiana Babadobulos

Se Beber, Não Case! Parte II (The Hangover Part II). Estados Unidos, 2011. Direção: Todd Philips. Roteiro: Craig Mazin, Scot Armstrong. Com: Bradley Cooper, Zach Galifianakis and Ed Helms. 102 minutos.

Quando foi lançado, em 2009, o longa-metragem “Se Beber, Não Case!” não tinha a pretensão de fazer o sucesso que fez. E foi exatamente esse sucesso que motivou os produtores da fita a fazerem a continuação.

Quem não assistiu ao primeiro, seria mais interessante que o visse antes de ir ao cinema conferir “Se Beber, Não Case! Parte II” (“The Hangover Part II”). Isso porque os primeiros 15 minutos do longa fazem referência ao filme anterior e mostra como os amigos estão e que a vida de todos progrediu, com exceção da de Alan (Zach Galifianakis), que continua morando com os pais e gosta de músicas para adolescentes.

Se no primeiro o casamento era de Doug (Justin Bartha) e os amigos se juntaram para fazer sua despedida em Las Vegas, desta vez quem vai casar é o dentista Stu (Ed Helms), e os rapazes vão para a Ásia, já que a família de sua noiva, Lauren (Jamie Chung), é tailandesa e o casamento será realizado em um resort na praia.

Antes, porém, a fita, que segue a mesma estrutura da primeira, começa pelo meio. Phil (Bradley Cooper) liga para Doug de um lugar qualquer e diz que está com problemas. Corta. E daí vai para o início, contando, de modo não-linear, como foram parar ali, em um lugar estranho e não no resort onde estavam hospedados.



Ainda que os amigos insistam na despedida, principalmente Phil, Stu nem quer saber, já que a última viagem que fizeram foi um desastre completo. Afinal, o noivo é convencido a tomar uma inocente cerveja na praia e, de quebra, leva com o grupo o irmão da noiva, Teddy (Mason Lee), um adolescente que acabou de entrar na faculdade e é considerado um gênio pela família.

Desta vez não é o noivo quem some, mas o irmão da moça. Porém, Stu nem cogita na possibilidade de chegar ao casamento sem o cunhado, ou vai ficar pior perante à família dela. E, por um impulso, eles vão procurá-lo no telhado...

Novamente dirigido e escrito por Todd Phillips, que contou com a contribuição dos roteiristas Craig Mazin e Scot Armstrong, o longa-metragem segue em um perfeito déjà vu. Até Stu solta no filme: “Não acredito que isso está acontecendo de novo...”

Detalhe, porém, que ao invés do bebê que Alan carrega no primeiro, neste ele tem um macaco, Cristal, que rouba a cena em diversos momentos, assim como Ken Jeong, que faz o papel de senhor Chow, que desta vez arranca gargalhadas da plateia e mostra ser, na verdade, um bon vivant.

Outros personagens inseridos na trama é o enigmático Kingsley, vivido por Paul Giamatti (de “Sideways - Entre Umas e Outras”), um monge e, novamente, Mike Tyson, que faz uma participação especial sendo ele mesmo.

É verdade que continuações são problemáticas, porque nem sempre funcionam. E, apesar de seguir a mesma estrutura do primeiro, ou seja, começa pelo fim e volta para o início para depois ter o desfecho, as melhores risadas são mesmo as que vêm a partir das piadas e do comportamento de Alan. O ator, aliás, entre as duas produções, trabalhou com o mesmo diretor no road movie “Um Parto de Viagem” (“Due Date”), cujo personagem lembra um pouco do filme.

Ao final, não saia sem antes ver as fotos reveladores da aventura desses amigos e descubra alguns detalhes que não foram explicados no decorrer da fita.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Passe Livre


Tatiana Babadobulos

Passe Livre (Hall Pass) . Estados Unidos, 2011. Direção: Bobby e Peter Farrelly. Roteiro: Pete Jones e Peter Farrelly. Com: Owen Wilson, Jason Sudeikis,  Jenna Fisher, Christina Applegate. 105 minutos

Sempre quando assisto aos trailers de comédia, e gosto, me vem a questão: das duas uma, ou o filme é engraçado mesmo ou o editor selecionou as melhores cenas. E só.

Sem preconceito, mas com essa dúvida, fui assistir, na sexta, 11, à estreia do longa-metragem "Passe Livre" ("Hall Pass"). O filme, dirigido pelos irmãos Farrelly (de "Quem Vai Ficar Com Mary"), conta sobre como os amigos Rick (Owen Wilson) e Fred (Jason Sudeikis) conseguiram o passe livre ("uma semana de folga do casamento sem consequências") das respectivas esposas.

Até conquistarem o tal passe livre, o problema dos dois era o mesmo que acomete muitos homens casados: acham que, por causa delas, estão perdendo todas as outras mulheres do mundo. E mais: quando procuradas por sexo, as esposas fingem dormir e os maridos continuam na fissura. E daí vale tudo: ir ao banheiro ou ficar no carro ouvindo música e fazendo outras coisas, se é, caro leitor, que você me entende... Essa cena, aliás, está no filme.

A fita é coberta por clichês. Mostra a mania irritante de todos (isso, eu disse to-dos) os homens de olhar para trás quando uma mulher passa, mesmo estando acompanhado; a ideia de que, ao casarem, teriam a garantia de sexo todas as noites; quando o "Clube do Bolinha" se reúne para jogar pôquer, golfe, ou seja lá o que for, o assunto principal é mulher... principalmente a dos outros, claro. E assim por diante. 

Casado há quase 20 anos e pai de três filhos, Rick começa a se cansar da rotina e a paquerar a atendente do café, uma linda e sexy australiana, e vai aumentar ainda mais a ansiedade de conquistá-la quando a esposa o libera a semana toda e decide ficar na casa do pai.


Apesar dos clichês, "Passe Livre" apresenta diálogos engraçados, questões que, como se pode ver, acomete a maioria dos homens casados. Quando encontram a tal liberdade pela qual tanto lutaram, não é tão bacana assim, principalmente porque, acostumados com a vida acompanhado e a idade, claro, não sabe nem aonde ir para paquerar (ou o que falar). E isso, aliás, está no trailer. É quando o grupo de amigos pensa em conhecer novas garotas e vão ao Applebee's, restaurante onde as famílias se encontram para saborear um jantar regado a carne e refrigerante.

Mas o problema de "Passe Livre" não é o tema ou o timing dos atores, é o modo como a história perde o ritmo e acaba se tornando uma bobagem sem tamanho, principalmente com a inclusão de um personagem sem sentido (o DJ da festa que também trabalha no café junto com a australiana). As cenas escatológicas (que acontecem no banheiro e na sauna) estão lá para deixar a plateia constrangida e não para fazer graça, como deveria ser o propósito da comédia.

"Passe Livre" poderia ter audiência principalmente após a abertura que "Se Beber, Não Case" deu no quesito comédia adulta. O problema é que os irmãos diretores não têm a coragem de ir além do burocrático roteiro, explorando o talendo de Owen Wilson, por exemplo, que tem energia de sobra para fazer rir. E o final, piegas, faz a comédia ser mais romance, o que não convence o time masculino.