Mostrando postagens com marcador Exposição. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Exposição. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 1 de março de 2023

BOB CUSPE

Antonio Carlos Egypto

 

Cesar Cabral e a exposição

Quem curte o trabalho do cartunista Angeli, conhece alguns de seus principais personagens, como o Bob Cuspe, os Skrotinhos, os mini eltonjohns e a finada Rê Bordosa.  E quem curte essa turma certamente também apreciou o premiado longa de animação stop motion, dirigido por Cesar Cabral, “Bob Cuspe, Nós Não Gostamos de Gente”.  Nele, Bob Cuspe tenta se salvar, entrando no mundo mental de seu criador Angeli que, portanto, passa a ser um dos principais personagens do filme.

 


Pois bem, agora é a hora de curtir uma interessantíssima exposição que já está no Anexo 1 do Cinesesc, à rua Augusta, 2063, São Paulo.  A exposição, pensada a partir dos personagens do cartunista e do longa “Bob Cuspe, Nós Não Gostamos de Gente”, é uma instalação que reúne cenários, bonecos, réplica de uma oficina real de construção de bonecos e de um set de filmagem, além de troféus conquistados pelo filme em mostras e festivais e desenhos originais de Angeli.  Destacam-se peças que explicam a minuciosa construção de bonecos, desde o seu esqueleto até a sua “carne”.  Vale a pena ver.

 




Tem mais do que isso, montou-se um set de filmagens, com computador, iluminação e tudo, no segundo andar do Anexo.  O objetivo é apresentar o que é a arte de animação stop motion. E é incrível, vocês têm noção do imenso trabalho de construção envolvido aí?  Se não tiverem,  vão se surpreender, indo à exposição.  Para ter uma ideia , a realização do longa citado levou nada menos do que 5 anos de trabalho intenso de uma equipe.  Cesar Cabral, que apresentou a exposição para a imprensa, disse que um dia de trabalho produtivo da equipe costuma render 2 segundos de filme.  Você não leu errado, é isso mesmo.  Como o filme, lançado em 2001, tem 90 minutos, faça as contas.


Essa exposição, gratuita e aberta ao público, de 14:30 h a 20:30 h, que permanecerá por lá por pelo menos 2 meses, complementa a exposição que lota todas as paredes do foyer do Cinesesc, desde dezembro de 2022.  Visitas, inclusive de grupos e de escolas, podem ser realizadas mediante agendamento.

 



O filme não está no momento em cartaz no Cinesesc, mas, a pedido de membros da imprensa presentes ao encontro de divulgação da exposição, é possível que o cinema produza algumas sessões extras do longa, para quem não teve chance de ver ou gostaria de rever.

 

O Anexo 1 do Cinesesc, talvez muitos não conheçam porque ele começou a abrigar encontros das Mostras Internacionais de Cinema de São Paulo alguns anos antes da pandemia, e agora deve passar a funcionar com maior regularidade.  Está ao lado do cinema, em uma entrada distinta, e pode ser acessado também pelo elevador que se vê no foyer. 

 

--------------------------

De 02 a 08 de março, o Cinesesc apresenta uma mostra de filmes de Steven Spielberg, o favorito para o Oscar 2023 de diretor, por “Os Fabelmans”.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

MANOEL DE OLIVEIRA: UMA HISTÓRIA DO CINEMA

                         

Antonio Carlos Egypto



Manoel de Oliveira, grande mestre do cinema, é o mais velho dos cineastas em atividade.  Nasceu na cidade do Porto, em Portugal,  em 1908, quando o próprio cinema tinha pouco mais de dez anos de vida.  Sua obra praticamente se confunde com a própria história do cinema.

Uma bela homenagem ao trabalho desse grande cineasta está na exposição “Manoel de Oliveira: Uma História do Cinema”, em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, até 10 de novembro, em São Paulo, já como parte das atividades da 37ª. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que se inicia oficialmente em 18 de outubro próximo.

Lá, numa série de pequenas salas, há projeções simultâneas de excertos de filmes de Manoel de Oliveira, desde os seus primeiros trabalhos, ainda no cinema mudo, como o belo documentário “Douro, Faina Fluvial”, de 1931, que já impressiona pela qualidade das imagens e sua intensa expressividade.  Lá está também a primeira ficção do diretor, “Aniki – Bóbó”, de 1942,  antecipando o neorrealismo, ao mostrar a realidade da pobreza dos meninos de rua do Porto, com imagens  não só bonitas como impactantes.  Isso é só o começo.  Trechos de seus grandes filmes, relacionados aos diversos temas presentes na obra do diretor, podem ser assistidos nas diferentes salinhas e nas projeções maiores.  De “Amor de Perdição”, de 1976, a “O Gebo e a Sombra”, de 2012, tudo está lá representado, oferecendo um aperitivo convidativo para que a gente queira conhecer mais dessa trajetória cinematográfica ímpar e original.  Para quem não conhece o trabalho do cineasta, fica um pouco difícil de se situar.  Quem já o conhece, fica querendo ver tudo, o que não é possível.



Eu fui à procura de conhecer os filmes mais antigos dele, tentar saber da censura salazarista, que podou sua criatividade por longos anos, como se vê em “A Caça”, de 1963, e descobrir novidades.  “O Pintor e a Cidade”, de 1956, foi uma dessas descobertas.  O enquadramento da pintura, sua confecção e mudanças passando aos nossos olhos constituem uma linda criação.  O universo do cineasta é extremamente rico, abarca e se relaciona com todas as artes: é literário, teatral, musical, pictórico, puro cinema.  Destaque-se ainda a relação entre documentário e ficção, já bem inovadora, nos anos 1930 e 1940.  Nada melhor para revelar tudo isso do que o material da exposição se constituir nos próprios filmes do realizador português.  Também há fotos, documentos e uma entrevista em que ele responde por que faz filmes.  O melhor é o produto do seu labor que, afinal, são os filmes que ele nunca para de fazer, desafiando a finitude da vida.

O acervo exibido é da Fundação de Serralves, Museu de Arte Contemporânea, Porto, Portugal, e a exposição homenageia seu grande amigo e divulgador no Brasil, o saudoso Leon Cakoff, criador da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.