segunda-feira, 24 de junho de 2019

MAYA

Antonio Carlos Egypto






MAYA (Maya).  França, 2018.  Direção e roteiro: Mia Hansen-Love.  Com Roman Kolinka, Aarshi Banerjee, Suzan Anbeh, Judith Chemia, Alex Descas.  105 min.


O improvável encontro amoroso entre Gabriel (Roman Kolinka), repórter de guerra, e Maya (Aarshi Banerjee), uma jovem indiana, parece inviável.  Ele, aos 30 anos, já tem experiências de vida muito fortes, enquanto ela é uma adolescente que leva uma vida tranquila, no seu espaço, certamente em busca de voos maiores, mas até aqui as tradições que a prendem falaram mais alto.

Esse encontro se dá porque Gabriel resolve revisitar a Índia de sua infância, sua cidade original, Goa, onde vivem seu padrinho e a jovem Maya, e Mumbai (Bombaim), onde vive sua mãe, de quem ele sempre esteve distante.  De passagem, ele vai a outras localidades da Índia, o que permite à diretora francesa Mia Hansen-Love explorar belezas e sítios históricos do país.

Gabriel acabou de passar por uma experiência terrível, ao cobrir a guerra da Síria e ser sequestrado e cativo dos terroristas do ISIS, por quatro meses, escapando literalmente de ser degolado por eles.  O que aconteceu, de fato, a um colega jornalista.  Mas ele reluta em assumir uma notoriedade e uma espécie de heroísmo, ao lado de outro colega, ambos devolvidos à França numa negociação com o então chamado Estado Islâmico.  Em vez de permanecer em Paris, prefere ir ao encontro de suas origens indianas.




A história é boa, prende a atenção, apesar de que o roteiro claudica em uns tantos momentos.  A filmagem, porém, de muita beleza e atualidade, compensa um pouco isso.  O filme é falado em francês e inglês.

O elenco é muito bom.  A química entre Roman Kolinka e Aarshi Banerjee vai bem, são ótimos desempenhos.  E há sempre uma expectativa no ar quanto ao que pode acontecer.

O que move um correspondente de guerra?  O que ele busca, quando se dirige ao centro do conflito, sabendo dos enormes riscos envolvidos?  Por que caminha para os lugares de onde todos estão fugindo?  Essas são questões que se colocam diante do personagem Gabriel e que não deixam de ser enigmáticas.  Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia, diria Shakespeare.  Isso vale para o inescrutável ser humano que, muitas vezes, nos soa como muito estranho, incompreensível, até.  Os caminhos da mente são surpreendentes.





Nenhum comentário:

Postar um comentário