CYRANO, MON AMOUR (Edmond). França, 2018. Direção e roteiro: Alexis Michalik. Com Thomas Solivérès, Olivier Gourmet,
Mathilde Seigner, Tom Leeb, Lucie Boujenah.
105 min.
Cyrano
de Bergerac é a mais importante peça do teatro francês. Sua primeira encenação data de 1897 e, desde
então, já foi vista nos palcos milhares de vezes. É um sucesso que teve início no século XIX e
permanece no século XXI. Seu autor,
Edmond Rostand (1868-1918), a escreveu toda em versos e tinha menos de 30 anos
quando a completou, em meio aos ensaios da primeira encenação.
Dezenas de filmes também foram feitos com base
na peça. Quem for ver “Cyrano, Mon
Amour” não se apresse em sair do cinema, uma cena de cada um desses filmes é
exibida, e identificada, junto com os créditos finais.
O filme “Cyrano, Mon Amour” é uma homenagem a
Rostand, tanto que no original o filme se chama apenas “Edmond”. De qualquer
modo, o centro da história é o processo de criação e concretização da peça de
maior sucesso de todos os tempos na França e também muitíssimo apreciada em
todo o mundo. Claro, o Cyrano de Bergerac.
O diretor, roteirista e também ator, Alexis
Michalik, é ainda o autor da peça teatral que ele escreveu e montou com sucesso
nos palcos franceses e que veio a se tornar o filme “Cyrano, Mon Amour”, seu
primeiro longa, porém, um trabalho já sólido e maduro. Ele passou anos estudando o Cyrano de Bergerac, escreveu a peça que
conta o processo de criação a partir do autor Edmond Rostand e, finalmente,
realizou o filme, já dominando sua própria peça inteiramente e conhecendo fala
por fala. O trabalho tem ritmo, não
perde o gás, se passa em grande parte no teatro, mas é tão cinematográfico
quanto é teatral. Na verdade, é também
uma bela homenagem ao fazer teatral.
O filme é metalinguístico, é sobre os
percalços, dificuldades e prazeres da criação à execução do espetáculo. Cria-se uma narrativa essencialmente cômica,
a partir desse difícil processo, que tem lances dramáticos. E tudo se passa como filme de época. No contexto histórico do fim do século
XIX. Um período que testemunhou o nascimento
do cinema com os irmãos Lumiére, o que é mostrado, dois anos antes da estreia
do Cyrano. Os primeiros carros, o início da aviação, a
popularização da eletricidade, um período eufórico de avanços tecnológicos e
artísticos.
Entre os personagens que entram na história de
Edmond e seu Cyrano estão George
Feydeau (1862-1921), papel vivido pelo diretor Alexis Michalik, Sarah Bernardt
(1844-1923), vivida por Clémentine Célarsé, e Constant Coquelin (1841-1909), o
ator que interpretou Cyrano pela primeira vez no palco, vivido com maestria no
filme por Olivier Gourmet. No papel de
Edmond, o jovem e talentoso Thomas Solivérès protagoniza com brilho o seu
personagem. E tem ainda Mathilde
Seigner, como Maria Legaut, e Lucie Boujenah, como Jeanne, as intérpretes de
Roxanne, e Tom Leeb, como Léo, todos muito bem.
As locações em Praga, na República Tcheca,
procuram recriar o clima e os ambientes da Paris daquele período. O que os figurinos, adereços, penteados,
perucas, maquiagem, se encarregam de completar com sucesso.
Uma comédia inteligente, que trata de um tema
cultural relevante, especialmente para a França, mas não só para ela, que
diverte, informando, e não deixa de oferecer sua quota de dramaticidade e
romantismo. O filme foi visto por mais
de 500 mil pessoas na França, foi bem recebido por aqui, na recente estreia do
Festival Varilux do Cinema Francês e tem tudo para agradar ao público, pois
oferece bom divertimento com qualidade.
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