quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

A PÉ ELE NÃO VAI LONGE

 Antonio Carlos Egypto






A PÉ ELE NÃO VAI LONGE (Don’t Worry, He Won’t Get Far On Foot).  Estados Unidos,  2017.  Direção: Gus Van Sant.  Com Joaquin Phoenix, Jonah Hill, Rooney Mara, Jack Black.  113 min.



O mais recente trabalho de Gus Van Sant (de filmes, como “Paranoid Park”, 2007; “Elefante”, 2003; e “Drugstore Cowboy”, 1989) é uma cinebiografia do cartunista John Callahan (1951-2010), de Portland, Oregon, USA. 

O cartunista obteve bastante sucesso com seu humor perverso, demolidor, para quem nada é tabu.  Mas que alcançava com traços simples, sorrisos irônicos e boas risadas. Era tetraplégico e fazia piada até da própria deficiência, assim como de qualquer outra  vulnerabilidade.  Um humor corrosivo, que também incomodava muito, o que pode ser visto como mérito.  Talento não lhe faltava.




O filme, porém, ao tratar da figura do cartunista, vai muito além do seu trabalho.  A condição de tetraplégico derivou de um acidente automobilístico terrível, provocado por ele próprio e um amigo, totalmente embriagados e agindo da forma mais irresponsável possível.  Só que não foi um fato isolado.  Callahan era um alcoólatra contumaz.  E nunca buscou ajuda para tentar, ainda que fosse em pequena escala, ter a situação sob controle.  Só foi atrás dela depois que sobreviveu ao acidente.


Foi por meio dos Alcoólicos Anônimos, e seus famosos Doze Passos, que ele se reencontrou consigo mesmo e com a vida.  O filme mostra essa atuação como algo positivo, muito sério, consistente e profundo.  Sabe-se que nem sempre é assim e que o moralismo embutido aí, assim como o caráter mecânico e repetitivo dos rituais dos AA, também são objeto de crítica.  Ao que tudo indica, porém, funciona, na maioria dos casos.

O ponto alto do filme de Gus Van Sant é o desempenho, sempre marcante, de Joaquin Phoenix como protagonista, num daqueles papéis que exigem tudo e mais um pouco do ator.

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Estão entrando em cartaz agora alguns grandes filmes, exibidos na 42ª.Mostra, e que são finalistas na disputa pelo Oscar de filme estrangeiro, já comentados aqui : CULPA, de Gustav Möller (Dinamarca) e ASSUNTO DE FAMÍLIA, de Hirokazu Kore-Eda (Japão), nos cinemas. ROMA, de Alfonso Cuarón (México), no Netflix.



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