TATIANA BABADOBULOS
O REENCONTRO (La Sage Femme). França, 2017. Direção: Martin Provost. Roteiro: Martin Provost e Céline Breuil-Japy. Com: Catherine Frot, Catherine Deneuve e Olivier Gourmet. 117 min.
É com uma sequência de um parto que inicia "O Reencontro" ("La Sage Femme"), longa-metragem francês que traz duas Catherine no elenco: a Frot e a Deneuve. Outros partos estarão na tela para ilustrar a profissão de Claire, a parteira vivida por Frot. Ela ama o que faz e ajuda, de forma maternal e ao mesmo tempo profissional, as mulheres grávidas darem à luz.
Porém, a satisfação na clínica em que atua chega ao fim quando recebe a
notícia de que ela vai fechar e ceder o espaço aos "hospitais
modernos", que pouco se importam com a natureza do parto e estão mais
preocupados com o dinheiro que eles rendem.
O nome original do longa, “La Sage Femme”, significa “obstetriz”, mas
também pode ser um trocadilho no idioma de Molière. “Sage femme” quer dizer
mulher sábia, o que cai perfeitamente para a personagem criada pelo diretor e
autor do roteiro Martin Provost.
Não é sempre que o distribuidor brasileiro acerta no nome da adaptação,
principalmente quando resolve mudar completamente o nome e não apenas
traduzi-lo literalmente –caso deste longa. No Brasil, não funcionaria um filme com
o título "Obstetriz". Nada contra o ofício, ao contrário, mas não é
um nome forte o bastante para despertar interesse do público –talvez o fosse
caso se tratasse de um documentário sobre a jornada de uma parteira, sei lá.
Mas não é o caso e aqui a adaptação do nome é feliz. O longa trata justamente
do reencontro das duas personagens centrais, vividas pelas duas Catherine.
Claire (Frot), a parteira, ao chegar em casa após mais um dia exaustivo de
trabalho, recebe a ligação de Béatrice (Deneuve), ex-mulher de seu pai, que desapareceu
havia 30 anos, pedindo para se verem. A contragosto, Claire vai ao seu encontro
e recebe uma péssima notícia.
Enquanto Claire é organizada e responsável, Béatrice, que tem um
diagnóstico de saúde nada bom, fuma, bebe e joga (e perde) rios de dinheiro.
Comportamentos contrários tão previsíveis como a fábula da "Formiga e da
Cigarra".
E é enquanto tenta se entender e ajudar a ex-madrasta que Claire conhece
Paul (Olivier Gourmet), um caminhoneiro internacional, capaz de despertar os
desejos da mulher que estavam enterrados há muito. É quando ela deixa um pouco
de lado sua vida de "caxias" para aproveitar e brindar "à la
vie".
As interpretações são um verdadeiro deleite. Embora as personagens
estejam se reencontrando, este foi o primeiro encontro das duas atrizes: elas
nunca haviam trabalhado juntas. Provost explica, no material de divulgação para
a imprensa, que escreveu os papéis pensando nas respectivas atrizes. E elas
responderam muito bem a missão.
A trama, inspirada no nascimento do realizador (não por completo, mas
apenas alguns detalhes), vai bem e é capaz de emocionar o espectador. O fim, porém,
é um tanto moralista, segue a fábula e não surpreende. De qualquer maneira, “O
Reencontro” é um filme que homenageia as parteiras e inspira o espectador a
valorizar cada vez mais a vida, dia após dia.
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