domingo, 30 de julho de 2017

BYE BYE ALEMANHA


Antonio Carlos Egypto





BYE BYE ALEMANHA (Es War Einmal in Deutschland)Alemanha, 2016.  Direção e roteiro: Sam Garbarski.  Com Moritz Bleibtreu, Antje Traue, Mark Ivanir, Anatole Taubman, Hans Löw.  101 min.



Os judeus alemães, que conseguiram sobreviver ao regime nazista, logo após a Guerra têm um sonho comum: abandonar a Alemanha e partir para os Estados Unidos.  É o caso de David Bermann (Moritz Bleibtreu) e seus amigos, em Frankfurt, em 1946.  Com um negócio de família de venda de roupa fina para os alemães, já é possível obter o dinheiro para a viagem, e o visto para a América é quase automático na situação dele.  Porém, ao examinar seus documentos e vasculhar seu passado recente, a oficial americana Sara Simon (Antje Traue) resolve investigar melhor e encontra coisas suspeitas.

O filme “Bye Bye Alemanha”, do diretor Sam Garbarski, conta a história desse personagem da vida real, do que ele relata e do que ele esconde, e vamos descobrindo uma personalidade cheia de nuances e jogo de cintura, que explicam sua sobrevivência.  David tem também uma malandragem e uma vivacidade intelectual que, certamente, contam muito em situações extremas.  Basta dizer que um dos elementos centrais nessa história é sua capacidade de contar piadas, nos momentos e situações mais improváveis.  E o humor salva.




A trama é muito boa e muito bem contada, pelo cineasta que já nos deu dois bons filmes antes: “Irina Palm”, em 2007, e “O Tango de Rashevski”, em 2003.  Seu estilo de narrar é tradicional e popular.  Comunicativo e bem humorado, geralmente abordando temas bem sérios, como é o caso aqui.

O ator alemão Moritz Bleibtreu é talentoso e compõe muito bem o tipo retratado no filme.  Ainda assim, não sei se seria a melhor escolha para o papel.  Para um personagem que conta piadas, ele é discreto demais.  Ele optou por uma interpretação contida, considerando o contexto, mas acredito que tenha exagerado um pouco na dose.

A personagem de Sara também comportaria mais expansividade.  Ela enfatiza mais as suspeitas em relação ao personagem do que o acolhimento e o direito de considerar-se uma pessoa inocente até prova em contrário, na maior parte do filme. 




“Bye Bye Alemanha” traz uma boa caracterização de época, incluindo uma fotografia que, em tons sépia, cinza e ambientação escurecida, nos remete ao passado, e um passado nada glorioso.  Não fosse o tom bem humorado da realização, poderia resultar em um filme pesado.  Não é o caso.  Esse é um dos méritos de “Bye Bye Alemanha”: tratar com respeito, mas sem muita dramaticidade, de um assunto grave.  E por um ângulo inesperado, como verá quem for assistir ao filme.

“Bye Bye Alemanha” é o filme de abertura e faz parte do 21º. Festival de Cinema Judaico, tradicionalmente promovido pela Hebraica - São Paulo.  O festival, que vai de 30 de julho a 09 de agosto, estará em 2017 também no Cinesesc, MIS, Cinemark Pátio Higienópolis, Teatro Eva Hertz, da Livraria Cultura, e Casa das Rosas.  São 24 produções,  entre ficção e documentário, sendo 19 inéditas, de diversos países, com foco nas questões judaicas, de modo amplo. 





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