domingo, 22 de maio de 2016

CERTO AGORA, ERRADO ANTES


Antonio Carlos Egypto




CERTO AGORA, ERRADO ANTES (Jigeumeun Matgo Geuttaeneun Teullida).  Coréia do Sul, 2015.  Direção: Hong Sang-soo.  Com: Jae-yeong Jeong, Kim-Min-Hee, Yeo-jeong Yoon, Ju-Bong Gi.  121 min.



Hong Sang-soo, o diretor coreano de “Certo Agora, Errado Antes”, já teve alguns filmes exibidos no circuito comercial dos cinemas por aqui: “Ha Ha Ha”, de 2010, “A Visitante Francesa”, de 2012, e “Filha de Ninguém”, de 2013.  É um cineasta que trabalha com a sutileza, com a inibição e com as demais dificuldades que se dão nos contatos humanos, com o uso do álcool e dos ambientes de bares e restaurantes, onde coisas acontecem, às vezes de forma abrupta ou inesperada.  E também com a repetição de situações, ou com as diferentes visões de determinados acontecimentos.




“Certo Agora, Errado Antes” também pode inverter a chamada para “Certo Antes, Errado Agora”.  É uma situação que se repete de forma diferente, em alguns aspectos, mostrando que as ações de cada um, por pequenas que sejam, podem transformar significativamente as relações que se estabelecem e o que resta na lembrança e na vida de cada um dos envolvidos.

A trama é simples.  Um diretor de cinema se dirige para a cidade de Suwon, onde seu novo filme será exibido e haverá um debate após a projeção.  Mas ele chega, por engano, um dia antes e fica sem nada para fazer. O que ocorre nesse dia livre é que ele conhecerá uma ex-modelo, que se dedica agora à pintura, e se estabelecerá uma intimidade entre eles, ao longo de todo esse dia em que convivem e se encontram também com pessoas da cidade, que conhecem a pintora. 




O repertório dos dois protagonistas para estabelecerem esse relacionamento é um tanto pobre, inibido, bloqueado.  Ao mesmo tempo, expressam um afeto genuíno um pelo outro, ainda que contido e até envergonhado.

Acompanhar esse jogo relacional em duas versões é bastante curioso e nos leva a repensar as formas como os relacionamentos podem se estabelecer e o que pode comprometê-los desde o início.  Mas é preciso aceitar a repetição de cenas, porque, em cada uma das versões, grande parte das coisas simplesmente se repetem sem mudanças.




O filme tem um clima delicado e suave, como de costume, no trabalho de Hong Sang-soo.  E os conflitos não tomam a forma de grandes dramas.  Apesar de conter situações intensas e inesperadas, tudo se passa num tom menor, ainda que a bebida jogue como fator desestabilizador.


Um filme que se foca no ritmo da vida pacata de uma pequena cidade, sem pressa, mostrando por meio de planos-sequência filmados com sutileza e uma bela fotografia como as relações humanas se dão.  Os protagonistas Jae-yeong Jeong e Kim-Min-Hee encontraram o tom certo e minimalista de expressão, para viver essa relação amorosa fugaz.



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