quarta-feira, 20 de abril de 2016

O TESOURO


Antonio Carlos Egypto




O TESOURO (Comoara).  Romênia, 2015.  Direção e roteiro: Corneliu Porumboiu.  Com Cuzin Toma, Adrian Purcarescu, Corneliu Cozmei, Cristina Toma.  89 min.



Em época de crise econômica mundial, flexibilização de direitos trabalhistas, desemprego, recursos escassos, a falta de dinheiro atinge todos, de uma forma ou de outra.

Quando as dívidas se acumulam, qual pode ser a saída?  Jogar na loteria, roubar?  Mais charmoso, por certo, é imaginar que exista algum tesouro enterrado no jardim de algum lugar, que a gente possa encontrar e resolver o problema.  A história da busca ao tesouro povoa a imaginação das crianças, desde sempre.  E se de repente ela puder ser verdadeira?




Conta a lenda que, numa vila romena, uma fortuna teria sido enterrada no quintal, para preservá-la do confisco pelo regime comunista.  Um detector de metal, que pode ser alugado por um dia, poderia servir para encontrá-la. Verdade ou não, a questão é: o que seria hoje o tão almejado tesouro, se ele existir?  Façam suas apostas, vendo o ótimo filme “O Tesouro’, de Corneliu Porumboiu.

O cineasta é um talento já reconhecido depois de dois trabalhos muito criativos e originais na forma como se desenvolvem, dentro de um clima onde, aparentemente, nada acontece.  São os filmes “A Leste de Bucareste”, de 2006, e “Polícia, Adjetivo”, de 2010.




Porumboiu nos convida, em todos os seus filmes, em que ele também é responsável pelo roteiro original, a observar calmamente a vida de personagens do povo, na lida diária, mas com alguma ideia estranha na cabeça.  O que pode gerar problemas, conflitos e, via de regra, complicações com a polícia.

Revela o que foi o regime opressor e desconectado da realidade de Ceausescu, por meio desses personagens, tentando sobreviver como podem, uma vez que as regras do jogo são sempre contra eles.



O trabalho de Corneliu Porumboiu merece ser conhecido.  Quem não viu seus filmes anteriores, tente encontrá-los por aí.  E aproveite para ver no cinema “O Tesouro”.  É preciso ter paciência com o ritmo do filme, mas não deixar de vê-lo até o fim.  Como em seus outros trabalhos, é chegando lá que tudo se decide e se revela, sempre de modo inteligente e original.


3 comentários:

  1. Olá Antônio, como não consegui qualquer outro meio de comunicação, vai por aqui mesmo. Sou de Goiânia e participo de uma iniciação científica onde estudamos a transgressão de gênero nas obras de Almodóvar. Através das minhas pesquisas, descobri seu livro, porém não consegui acha-lo para venda na internet. Acredito que ele seria essencial para mim e para minhas colegas e gostaria de saber se este livro ainda está disponível. Obrigada e aguardo resposta!

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  2. Eu tenho exemplar para venda, Laura. Se você quiser me escrever, por email eu lhe informo o preço e como fazer. Meu endereço eletrônico é egypto@uol.com.br

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