Antonio Carlos Egypto
JIMMY’S
HALL (Jimmy’s Hall). Reino
Unido, 2014. Direção: Ken Loach. Com Barry Ward, Simone Kirby, Andrew Scott, Jim Norton. 110 min.
Em “Jimmy’s
Hall”, que poderia se chamar O Salão
de Baile de Jimmy ou O Salão
Comunitário de Jimmy, conta-se a história real do líder comunista irlandês
Jimmy Gralton (1886-1945) , que, a partir da reabertura de um salão, numa
comunidade rural, desafiou o poder censório e de veto da Igreja Católica e
acabou tendo de sair do país em consequência disso.
O filme, realizado pelo veterano cineasta britânico
Ken Loach, segue com fidelidade as concepções políticas que marcaram sua
notável carreira no cinema. Ele costuma
focar sua narrativa na luta pelo poder, especialmente a partir da ótica da
classe operária e dos oprimidos em geral.
Faz um cinema de esquerda, que não dispensa uma narrativa que possa ser
claramente compreendida, sendo até didático, quando necessário. É também um cinema histórico, no sentido de
explicar a evolução política dos fatos, recentes ou não, que dão sentido à vida
de seus personagens.
Com essas ferramentas, a partir de um roteiro de Paul
Laverty, se desenvolve a luta de Jimmy Gralton (Barry Ward), no período
pós-depressão econômica de 1929, retornando a sua Irlanda natal, após dez anos
vivendo em Nova York. Nesse retorno, em
1932, Jimmy reconstroi um centro comunitário que é um espaço de aprendizagem,
debates, música e dança, em que a comunidade, em trabalho voluntário, compartilha
conhecimentos e crenças. E se diverte em
bailes que suplantam, em muito, as festas promovidas pela paróquia local. O
jazz norte-americano e o gramofone são novidades entusiasmantes que Jimmy
intoduz na localidade.
O que está por trás desse confronto é a questão da
terra, da reforma agrária, os interesses da igreja umbilicalmente ligados ao
domínio da propriedade da terra. É,
portanto, a luta de classes o condutor da trama.
O estilo clássico com que Loach trabalha se mostra
adequado aos temas que ele expõe à nossa informação e reflexão. Ele o faz de modo muito competente, com
excelente desempenho do elenco, caracterização geográfica e histórica precisa,
em locações muito bem escolhidas, de beleza natural, que suas câmeras sabem
explorar em panorâmicas, em climas ativos e alegres, em detalhes sutis de
pessoas e objetos. O filme tem
leveza. E a história que ele conta seria
até cômica, se não fosse trágica.
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