Tatiana Babadobulos
Francisco Brennand. Brasil, 2012. Direção: Mariana
Brennand Fortes. Roteiro: Anna Clara Peltier, Livia Arbex, Mariana Brennand
Fortes, Rafael Lessa. Com: Francisco Brennand e Hermila Guedes. 75minutos
O artista plástico pernambucano Francisco Brennand vive
em uma antiga propriedade de sua família, no meio da mata do bairro da Várzea
do Capibaribe, em Recife. Vivia fechado, com luz artificial, mas em 1987 abriu
a janela e, como ele mesmo disse, “a janela me colocou em contato com mundo”.
Agora, é o mundo que pode ter contato com a obra de Brennand, a partir do
documentário “Francisco Brennand”, de autoria de sua sobrinha-neta, a cineasta Mariana
Brennand Fortes. O longa-metragem estreia nesta sexta-feira, 15, depois de ter
sido escolhido pelo júri da Abraccine (Associação Brasileira dos Críticos de
Cinema) como Melhor Filme, na categoria Novos Diretores, durante a Mostra
Internacional de Cinema de São Paulo, em 2012.
Depois de se formar cineasta, Mariana decidiu, em
2002, fazer o documentário, com o objetivo de entender a obra de seu tio-avô e
todo o seu parque de esculturas no qual vive. Porém, além das esculturas que
podem ser facilmente observadas na Oficina Brennand construída nas ruínas de
uma velha fábrica de cerâmica, a diretora descobriu mais de mil pinturas e
desenhos executados em diversas técnicas. E não foi só. Mariana também
mergulhou nos diários que ele escreve desde os 25 anos –o artista completa 85
este ano.
O longa apresenta a obra e conversa com Francisco
Brennand, além de narrações em off com voz da atriz pernambucana Hermila
Guedes, cujo texto foi baseado nos próprios diários do artista. Há cenas
engraçadas, como quando Brennand espia a mulher bonita que ele mesmo pintou e
conta que se inspirou em uma conhecida. O bom humor está presente no
documentário, mas não é o forte da trama.
As esculturas não têm preocupação realística, ao
contrário dos quadros. E, durante as conversas, Brennand aproveita para citar
grandes artistas europeus, como Rodin, Matisse e Picasso, além de uma homenagem
a Gaugin.
“Francisco Brennand” conta, poeticamente, a
história do artista plástico que vive fechado em sua propriedade no nordeste do
país para criar esculturas e pintar quadros. Como o texto foi criado a partir
dos diários do artista, existe uma explicação para a cansativa narração em off.
Mas há também depoimentos bem-humorados do próprio artista, o que dá fôlego às
sequências.
Outro ponto positivo do filme de Mariana Brennand Fortes é a fotografia de Walter Carvalho, que utilizou a câmera na mão, sem luz artificial, para poder percorrer todo o parque das esculturas e também para que Francisco pudesse interagir de maneira intimista.
Outro ponto positivo do filme de Mariana Brennand Fortes é a fotografia de Walter Carvalho, que utilizou a câmera na mão, sem luz artificial, para poder percorrer todo o parque das esculturas e também para que Francisco pudesse interagir de maneira intimista.
Na Mostra de Cinema, os jurados da Abraccine tinham
14 obras para escolher de cineastas que já tinham feito até no máximo dois
filmes. Mariana já havia filmado, em 2010, o documentário “O Coco, a Roda, o Pneu e o Farol”,
selecionado para o Festival de Biarritz.
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