terça-feira, 27 de novembro de 2012

EU E VOCÊ

                  
Antonio Carlos Egypto




EU E VOCÊ (Io e Te).  Itália, 2011.  Direção: Bernardo Bertolucci.  Com Jacopo Olmo Antinori, Tea Falco, Sonia Bergamasco, Pippo Delbono, Veronica Lazar.  97 min.
Lorenzo (Jacopo Olmo Antinori) é um adolescente de 14 anos, em busca de espaço para sua privacidade e autonomia.  Tem problemas e dificuldades no relacionamento com colegas, já que é um tanto intolerante e ríspido.  Em casa, com a mãe, o conflito é ainda mais intenso, já que envolve um amor edipiano explicitado, em meio a constantes brigas e discussões.
Olívia (Tea Falco), irmã mais velha de Lorenzo por parte de pai, fazia com muito talento fotografia artística, até afundar na dependência de drogas, especialmente da heroína, de forma intensa.
Lorenzo e Olívia são os dois personagens que conduzem a trama do novo filme do grande diretor Bernardo Bertolucci.  Por razões diversas, eles acabam convivendo, por um período de tempo, num porão, escondidos das outras pessoas.  O encontro se dá de modo fortuito, inesperado para ambos.  É por aí que se apresenta a oportunidade do convívio que resulta em conhecimento mútuo, já que, apesar de irmãos, eles estavam separados e nunca se viam.
Criar uma situação que confina dois personagens por um período de tempo facilita a exposição das diferenças do mundo de ambos, do que é difícil de enfrentar para cada um e de que modo esses mundos podem se tocar e se entender.  O que interessa ao diretor é trabalhar sentimentos, expectativas e as relações possíveis entre os irmãos.  Consequentemente, o que muda em cada um com esse convívio forçado e confinado.
A transformação dos personagens e da relação entre eles vai sendo mostrada de forma progressiva e realista, apesar da situação artificial criada.  “Io e Te” não cai na cilada da redenção, traz esperanças, mas mantém os limites.  Crescer e mudar é possível, mas não esperemos milagres.  É por aí.



Bernardo Bertolucci

Bernardo Bertolucci, um dos grandes nomes do cinema italiano, faz mais um trabalho rico e intrigante, focado em relacionamentos humanos, o que é uma constante na sua obra.  Basta lembrar de “Os Sonhadores”, de 2004, ou de “O Último Tango em Paris”, de 1972, ótimos filmes que também colocam personagens em espaços fechados por um bom tempo.
Evidentemente, a trajetória de Bertolucci é tão marcante que há muito mais do que isso em filmes notáveis, como “Antes da Revolução”, de 1964, “O Conformista”, de 1970, “1900”, de 1973, “La Luna”, de 1981, “O Céu que nos Protege”, de 1990, “Beleza Roubada”, de 1996, ou “Assédio”, de 1998.  É um autor cinematográfico, que sempre tem muito a dizer, com belas imagens.
“Io e Te” é um dos filmes da mostra contemporânea do 8º. Festival de Cinema Italiano no Brasil.  Outros destaques dessa mesma mostra são: “César Deve Morrer”, dos irmãos Taviani, “O Comandante e a Cegonha”, de Sílvio Soldini e “Romance de um Massacre”, de Marco Tulio Giordana. 



Giancarlo Giannini

Quem desejar rever a grande cinematografia italiana dos anos 1970 não pode perder a retrospectiva que homenageia o ator Giancarlo Giannini, que veio a esse Festival do Cinema Italiano para conversar com o público e possibilitar a revisão de grandes filmes que estrelou, como “Amor e Anarquia”, de 1973, “Pasqualino Sete Belezas”, de 1976, ou “Mimi, o Metalúrgico”, de 1972, todos dirigidos por Lina Wertmüller.  Será exibido também o filme que ele fez com Ettore Scola: “Ciúme à Italiana”, de 1970, e o último e brilhante de Luchino Visconti: “O Inocente”, de 1976. 




O 8º. Festival de Cinema Italiano no Brasil é uma realização da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura e do Ministério da Cultura, com o patrocínio da Pirelli, e chega a São Paulo em exibições que vão de 26 de novembro a 13 de dezembro de 2012.                              

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