sexta-feira, 5 de abril de 2024

2 FILMES EM CARTAZ

                                                               

 Antonio Carlos Egypto

 



UMA FAMÍLIA FELIZ (com o F ao contrário), longa dirigido por José Eduardo Belmonte, a partir de roteiro de Raphael Montes, que já foi lançado em livro com sucesso, tem uma história forte e intrigante.   Gera um clima tenso o tempo todo, supostamente num ambiente privilegiado.  Mas que não tem nada de feliz.   Suspense dramático e terror psicológico, a partir de questão de gravidez e filhos que ocupam a vida de uma mulher.  Enlouquecida?  Má?  Pressionada ao extremo, como a maioria das mulheres?  Ela tem depressão pós-parto, contrastando com sua atividade de construir bonecas.  O fato é que coisas estranhas estão acontecendo com suas filhas e pondo em risco um bebê recém-nascido.  Ela recebe acusações que vêm da comunidade e do próprio marido.  Esse papel dilacerante abre espaço para um belo desempenho de Grazi Massafera.  Já seu parceiro, Reynaldo Gianecchini, faz uma composição que me pareceu plácida demais para os eventos que o seu personagem vivencia.  De qualquer modo, o clima do filme é alto em tensão e intensidade, ao longo de seus 106 minutos.  É um exemplar de um filme brasileiro de gênero, realizado com bastante competência.

 



O HOMEM DOS SONHOS, produção estadunidense, dirigida por Kristoffer Borgli, com Nicolas Cage como protagonista, é um filme que parte de uma situação tão absolutamente inverossímil que não consegue sustentar, de forma minimamente convincente, a sua trama.  Trata-se de um homem comum, professor universitário da área de Biologia, pai de família, que vive uma vida anônima, até que de repente todo mundo, do nada, passa a vê-lo nos sonhos.  Gente com quem ele convive e, principalmente, gente que não o conhece.  O filme, então, se esforça por explorar o que se passa quando ele fica famoso e depois, também, quando é muito hostilizado e perseguido ao se tornar agressivo e com ímpetos assassinos, nos sonhos de todos.  Ou seja, a cultura da viralização e do cancelamento.  Ora, que sentido tem isso?  O sonho pertence ao sonhador, diz respeito a ele e aos seus sentimentos e não a quem, eventualmente, surja no sonho.  As reações das pessoas não se justificam, de forma alguma.  O personagem tenta se defender, dessa forma, dizendo não ser responsável por nada do que alguém sonhe com ele, mas não adianta. Na base da brincadeira, aparece até o que seria uma justificativa, a do inconsciente coletivo de Jung.  Nada mais absurdo.  O que pode haver de coletivo nos sonhos diz respeito à cultura, à história, aos símbolos, aos atavismos que estão nas sociedades humanas.  Não a um indivíduo atual, que não representa o conjunto da sociedade. Comédia?  Não consegui entrar nessa história estapafúrdia, nem me divertir.  102 minutos.



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