Documentários
do Festival É TUDO VERDADE, 2024.
Em UM
FILME PARA BEATRICE, Brasil, 2024, Helena Solberg reflete sobre como vão as
mulheres no Brasil, a partir de questão proposta à diretora. Para isso, ela se vale de filmes que já
realizou e que, de diversas formas, traziam a temática do gênero feminino e do
feminismo. Mas buscou também novas visões, a partir de encontros com Heloísa
Helena, Rita von Hunty e Helena Vieira. O filme vai ampliando seu foco e
percebe que a questão de gênero evoluiu, ao abarcar homens e mulheres, trans e
todo o universo queer, além da questão do racismo. Com isso, a identidade de gênero tornou-se
radicalmente cultural, uma opção, que pouco tem a ver com a biologia. Um novo mundo não binário vai se revelando
nesse documentário, que aprofunda a questão, em apenas 78 minutos.
O
COMPETIDOR (The Contestant),
filme do Reino Unido, 2023, dirigido pela cineasta Clair Titley, é assustador,
ao revelar a história real de um dos primeiros reality shows realizados
pela TV, no mundo. E mostra a que nível de crueldade e manipulação as pessoas
podem ser capazes de chegar em nome do entretenimento, sem ética e sem
limites. Isso ocorreu no Japão, em
1998. A competição era de um homem
isolado num apartamento por um longo período, nu, e tendo que ganhar cupons de
prêmios de concurso para sobreviver. Sem
comida, sem nada, além de alguns móveis e de um monte de revistas,
inicialmente. A experiência estava sendo transmitida ao vivo para mais de 15
milhões de pessoas. Com um detalhe, sem
que Nasubi, o competidor, soubesse disso.
Impressionante. 90 minutos.
BRIZOLA,
o
documentário brasileiro, de 2023, de Marco Abujamra, foca na trajetória de
Leonel Brizola (1922-2004), contextualizando-a dentro da realidade política e
social brasileira, dos anos 1960 até os anos 2000, enquanto o ex-governador do
Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro esteve ativo na história do Brasil. Passa pelo período da ditadura militar, em
que o político gaúcho, cunhado do ex-presidente João Goulart, resistiu
bravamente ao arbítrio daqueles dias, inclui as disputas presidenciais de
Brizola, após um período de ostracismo que se seguiu a um exílio muito ativo e
de amplo espectro internacional. A
famosa carta de desagravo de Brizola à rede Globo de Televisão e que a Justiça
determinou que fosse lida no Jornal Nacional é espantosa. O texto que Cid Moreira teve de ler torna-se
surreal na voz dele. O filme é muito bom, inclusive de um ponto de vista
didático, para os que não tiveram a chance de acompanhar a trajetória desse
grande líder político de nosso país. 92 minutos.
FERNANDA YOUNG – FOGE-ME AO CONTROLE,
documentário brasileiro de Susanna Lira, de 2024, é um belo ensaio poético
sobre o trabalho e a personalidade da escritora, roteirista e apresentadora de
TV, Fernanda Young (1970 – 2019). O
filme realiza um vínculo muito bonito entre as muitas frases dos livros que ela
escreveu, com as imagens de arquivo ou selecionadas para o caso: entrevistas,
depoimentos, fotografias, filmagens em vídeo, muito material, revelando a
extensa pesquisa que foi feita. A
costura poética que o filme faz de tudo isso é fascinante, mesmo para quem não
acompanhou ou conheceu bem a obra da escritora, para além do seriado de sucesso
“Os Normais” e alguma coisa mais, como é o meu caso. Um trabalho de montagem primoroso, a cargo de
Ítalo Rocha, produziu muita beleza, para ninguém botar defeito. 87 minutos.
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