segunda-feira, 1 de novembro de 2021

CINEMA MUNDIAL NA # 45 MOSTRA

Antonio Carlos Egypto

 

Filmes de todos os cantos do mundo são exibidos na Mostra 45.  Vamos a alguns deles.

 

Estrada para o Èden

ESTRADA PARA O ÉDEN, do Quirguistão, dirigido por Bakyt Mukul e Dastan Zhapar Uulu.  121 min., é um drama sobre um personagem envelhecido.  Kubat Aliev, escritor de sucesso popular aposentado, utiliza todos os seus recursos para tentar salvar um ex-aluno doente, que ele entende que pode dar continuidade a suas ideias literárias.  E encontra problemas entre seus familiares mais próximos, envolvendo dinheiro.  O filme, com uma bela fotografia em preto e branco, cria uma atmosfera calma, combinando com o tema tratado, ao mesmo tempo em que a situação é tensa e flui muito bem.  Há alguns senões de roteiro que perdem importância diante do conjunto da obra, um bom trabalho cinematográfico.

 

18 KHz, do Cazaquistão, dirigido por Farkhat Sharipov, trata de adolescentes transgressores que se envolvem com drogas pesadas, como a heroína.  Os dois rapazes, personagens principais, são os mais jovens do grupo, estudantes do ensino médio.  A filmagem explora as “viagens” das drogas psicoativas, misturando sonho e realidade, ao ponto de que o próprio personagem que vive a situação não consegue saber o que de fato está acontecendo e acredita estar enlouquecendo.  Tudo em nome da busca da liberdade numa frequência, segundo o filme, que os adultos não sintonizam.  Boa realização.

 

Murina

MURINA, da Croácia, trata também de adolescência, ao colocar toda a narrativa focada na jovem Julija.  Ela domina as profundezas do mar em mergulhos com o pai, mas se sente oprimida por ele e quer mergulhar num outro universo, o da liberdade.  A visita de um velho amigo do pai, interessado num negócio, abre a perspectiva de um caminho de saída para ela, já que a mãe nunca conseguiria ajudá-la nisso, pois também está presa nos cordões manejados pelo marido.  Machismo, emancipação feminina e rebeldia adolescente fazem parte do cardápio que, às vezes, inclui uma murina à mesa.  Belas filmagens aquáticas valorizam a realização de Antonieta Alamat Kusijanovic.  92 min.

 

AURORA, da Costa Rica, de Paz Fábrega, 90 min, mergulha na questão da gravidez na adolescência, na relação da jovem Yuli, de 17 anos, com Luísa, uma arquiteta de 40 anos, que ministra oficinas criativas para jovens.  Como é comum acontecer, Yuli tenta esconder a gravidez, até de sua mãe, e procura amparo em Luísa, que se perde ao se envolver com a adolescente, misturando os papéis de educadora, amiga e confidente, com a figura materna.  Realização sensível e delicada, que alerta para o fato de que o envolvimento pessoal no sentido de ajudar pode complicar as coisas, em que pesem as melhores intenções. 

 

Yuni

YUNI, da Indonésia, de Kamila Andini, 95 min., é mais um filme voltado para a adolescência feminina, na Mostra 45.  A personagem que dá nome ao filme, Yuni, é uma garota exuberante, obcecada por roxo e cheia de sonhos.  Quando recebe uma primeira proposta de casamento, um tanto precoce, isto se choca com as primeiras experiências de namoro e com o seu desejo de estudar, obtendo uma bolsa, já que é boa aluna – mas para isso tem que estar solteira.  No entanto, novas propostas de casamento surgirão, todas interessadas em tê-la enquanto é virgem.  E há uma crença de que recusar a partir da segunda proposta dá azar, traz muitos problemas.  Nesse contexto, decidir o que fazer será muito difícil.  Um filme muito interessante, com uma protagonista feminina muito viva e forte.

 

AO ORIENTE, do Equador, de José Maria Avilés, revisita uma história dos tempos coloniais, trazendo-a para os dias atuais.  Em    1532, quando Atahualpa foi capturado por Francisco Pizarro no Peru, os incas ofereceram um resgate em ouro aos espanhóis, por sua libertação.  O que não chegou a acontecer porque Atahualpa foi assassinado antes disso.  Consta que os incas teriam escondido esse tesouro, que ainda poderia estar lá, numa região longínqua, na entrada do Oriente, no Equador.  O filme põe aventureiros em busca desse suposto tesouro.  Atahualpa, cujo nome é o mesmo do imperador inca, perde a namorada, que está de mudança para outro lugar, e decide, então, largar o emprego e envolver-se com outros aventureiros, incluindo um estadunidense, em busca desse ouro.  O que pode render até um bang-bang.  A ideia é boa, mas a realização, mediana.  100 min.

@mostrasp

  

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