sexta-feira, 26 de julho de 2019

3 FRANCESES

Antonio Carlos Egypto


O cinema francês tem tido uma presença constante no mercado cinematográfico brasileiro.  Cada vez mais filmes são exibidos e têm conquistado um bom público para seus produtos.  Com o aumento da quantidade, porém, perde-se um pouco a qualidade. Filmes apenas medianos e mais comerciais ocupam espaço e, por vezes, frustram as expectativas desse público que já se acostumou e se identificou com o cinema francês contemporâneo.  Vejamos alguns títulos que estão nos cinemas.



OS DOIS FILHOS DE JOSEPH

OS DOIS FILHOS DE JOSEPH (Deux Fils) tem um fio condutor interessante.  O adolescente Ivan (Mathieu Capella), de 13 anos, tem seu pai Joseph (Benoît Poelvoorde) e seu irmão mais velho, Joaquim (Vincent Lacoste), como referências masculinas importantes .  Só que os dois o decepcionam significativamente nesse papel.  O pai, porque após a morte do irmão abandona a profissão de médico para tentar ser escritor.  Joaquim, porque deixou sua tese de lado e só vive atrás de mulheres e bebida.  Exemplos que ele não quer seguir, mas... sabe como é, né?
O elenco é excelente, mas não rende tudo o que podia, nem a trama consegue se aprofundar no assunto.  Os personagens não são tratados como fracassados, embora estejam sendo, mas não são categorias, são pessoas que sentem, se confundem, se perdem, mas merecem respeito.  Já é alguma coisa, claro.  Mas não é o suficiente.
O tom é leve, no entanto o filme não chega a ser engraçado.  E o drama dos personagens fica no meio do caminho.  90 min.

O PROFESSOR SUBSTITUTO (L’Heure de la Sortie), de Sébastien Marnier, começa de forma impactante.  Vê-se que o professor de uma turma de alunos superdotados se joga da janela, tentando o suicídio.  E quem vai enfrentar esses alunos que têm comportamentos muito estranhos, em vários sentidos, é justamente o professor substituto.  Acontecerá o mesmo com ele?  Qual o segredo que esses alunos escondem?  Por que rejeitam e são rejeitados pelos outros jovens da escola?  E a coisa toda passa do ambiente educacional para o campo do suspense e do terror, indo para um outro registro.  Um bom elenco e questões relevantes contemporâneas, que recheiam a trama, não chegam a produzir um filme que empolgue.  104 min.



UM HOMEM FIEL

UM HOMEM FIEL (L’Homme Fidèle), de Louis Garrel, se inspira na tradição da nouvelle vague, lidando com um quarteto amoroso, formado por Abel (Louis Garrel), Marianne (Laetitia Casta), Paul (Joseph Engel) e Eve (Lily-Rose Depp), envolvendo separações, perda da mulher para o amigo, retorno no tempo, expectativas amorosas que vêm desde a meninice, suas alternativas, possibilidades e impedimentos.  Nada de tão novo, exceto o foco na fidelidade masculina, mas o filme flui bem, envolve e trata de gente real.  As relações amorosas, sob os mais diversos ângulos, sempre foram o forte do cinema francês.  O filme foi escrito pelo diretor e ator Louis Garrel, Florence Seyvos e ninguém menos do que Jean-Claude Carrière, um dos maiores roteiristas da história do cinema francês.  E isso faz toda a diferença.  O filme dá seu recado sem enrolar nem perder tempo, em apenas 75 minutos, bem aproveitados.






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