domingo, 21 de abril de 2019

EM CARTAZ

Antonio Carlos Egypto


Há bons filmes em cartaz nos cinemas.  Não falta qualidade ou relevância a grande parte dos títulos em exibição.  Vamos a alguns deles.

LOS SILENCIOS é uma coprodução da Colômbia e do Brasil, dirigida por Beatriz Seigner, que tem no elenco Marleyda Soto, María Paula Tabares Penã e o brasileiro Enrique Diaz.  A ação se passa numa pequena ilha situada na Amazônia, na região da tríplice fronteira Brasil, Colômbia e Peru.  Uma família que tenta escapar do conflito armado colombiano, que envolve o governo e as Farcs, reencontra o pai e outros personagens que julgavam mortos e convive com mistérios, que assombram o dia-a-dia daquela comunidade.  O filme se utiliza de elementos fantásticos para tratar da questão dos refugiados e dos problemas sociais daquela região, com um esmero estético admirável.  Exibida em Cannes, conta com premiações importantes em diversos festivais pelo mundo e no 51º. Festival de Brasília.  90 minutos.


LOS SILENCIOS


Em TRÊS FACES, o cineasta iraniano Jafar Panahi, que vinha sofrendo prisão domiciliar por razões políticas, está solto e participa do filme como ator, percorrendo uma região do país, uma aldeia nas montanhas, onde vive uma menina que enviou um vídeo desesperador, com um pedido de ajuda, antes de anunciar que vai se matar, pois sua família não permite que ela estude no Conservatório de Teatro de Teerã.  Quem é essa menina, sua família, quais são as tradições do lugar e o que de fato aconteceu, é o mote da pesquisa que ele faz com a famosa atriz Behnaz Jafari, que recebeu o vídeo.  A investigação revela o papel das gravações em vídeo, transmitidas instantaneamente, o que pode haver por trás delas, as manipulações e interesses a que estão sujeitas.  Tudo isso, a partir de uma situação pessoal, mas envolve uma reflexão muito mais ampla sobre o mundo digital e imagético dos nossos dias. 100 minutos.

VIDAS DUPLAS, do talentoso e experiente cineasta francês Olivier Assayas, é um filme sobre troca de infidelidades inesperadas e que surpreendem.  Sim, mas também é sobre as questões editoriais e literárias que se colocam diante da revolução digital.  É seu tema, também, até onde a ficção é criação ou está muito calcada na vida de seu criador, a ponto de se tornar indisfarçável.  E sobre o direito dos retratados “ficcionalmente”, que se veem expostos, de fazerem exigências, impedir a publicação e outras coisas mais.  Que papel tem o livro físico no presente e no futuro?  A leitura digital resistirá ao tempo, como o livro resiste?  Enfim, são muitas faces de uma trama afeita mais aos intelectuais do que ao público em geral.  Talvez nem tanto na França, que cultiva e discute os livros e a literatura muito mais do que nós.  O filme é bem feito e tem bom humor.  Destaque para uma cena divertida, metalinguística, que envolve a personagem de Juliette Binoche, onde ocorre uma especulação sobre a atriz Juliette Binoche. 107 min.


VIDAS DUPLAS


AMOR ATÉ AS CINZAS, de Jia Zhang-Ke, grande diretor chinês da atualidade, não está entre seus trabalhos mais elaborados ou empolgantes.  Mas a história de amor e conflito que atravessa décadas, em meio a disputas de gangues rivais, separação, prisão e retorno em outro momento e situação de vida, está longe de ser desinteressante. Até porque traz as contradições da China como pano de fundo.  Tem um elenco eficiente, é bem filmada e suscita algumas reflexões.  É que a gente acaba esperando mais dele, mas é um bom trabalho, não há dúvida.137 min.

O GÊNIO E O LOUCO, dirigido por Farhad Safinia, nascido no Irã, trabalhando nos Estados Unidos, conta uma história muito interessante e real, envolvendo o professor James Murray (Mel Gibson) e o doutor W. C. Minor (Sean Penn), esquizofrênico, que juntos tocaram um dos maiores projetos do mundo.  Foi o da criação do dicionário Oxford, o primeiro da língua inglesa, que incluiria todas as palavras do idioma, suas variantes e significados, a partir do uso coloquial e dos textos literários escritos até 1857, quando o trabalho começou.  Os dois personagens centrais têm seus próprios dramas e são bastante distintos entre si, interpretados por dois grandes atores.  Isso segura um filme que, a princípio, não teria apelo popular.  No entanto, funciona bem e interessa ao público.  Vale a pena conhecer essa história.  125 minutos.

O GÊNIO E O LOUCO


O ANJO, direção e roteiro de Luís Ortega, indicado pela Argentina para concorrer ao Oscar de filme estrangeiro, é uma ficção baseada em fatos reais.  Mostra que crimes bárbaros podem ser praticados não só por psicopatas estranhos, mas por gente jovem, bonita e capaz de expressões emocionais.  É o caso do adolescente Carlitos, o anjo loiro da morte, que revelou grande talento para cometer crimes.  O filme não vai muito além disso, mas é bem realizado.118 minutos.





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