segunda-feira, 19 de março de 2018

EM PEDAÇOS


Antonio Carlos Egypto





EM PEDAÇOS (Aus Dem Nichts).  Alemanha, 2017.  Direção e roteiro: Fatih Akin.  Com Diane Kruger, Numan Acar, Ulrich Tukur.  106 min.


Um thriller assustador, provocador, que faz pensar... e muito.  “Em Pedaços”, trabalho do cineasta alemão de ascendência turca Fatih Akin, mexe fundo na ferida do preconceito, no papel da justiça, na violência que gera mais violência, no dilema moral que se apresenta em situações desesperadoras.

Muito bem realizado, com um diretor que não só sabe filmar bem, mas sabe o que quer e que debates impulsionar.  Foi reconhecido pelo Globo de Ouro e pelo Critics’ Choice Awards como o melhor filme estrangeiro do ano e Diane Kruger foi premiada como atriz em Cannes.  Foi, ainda, o indicado pela Alemanha para entrar na corrida do Oscar, mas ficou de fora da lista final.

A personagem Katja, em brilhante desempenho de Diane Kruger, vê o mundo desabar aos seus olhos quando concretiza que perdeu tudo o que dava sentido à sua existência.  Alemã, casada com um turco e com um filho de 7 anos que adorava, vê a vida deles ceifada por uma bomba, colocada no escritório do marido no dia em que o menino foi lá com o pai.





A morte brutal ela saberá que não veio de nenhum muçulmano radical, como se pretendia, não tinha a ver com imigrantes ou com bandidos vindos de fora.  Era um produto genuinamente alemão, tão loiro quanto ela: um grupo de neonazistas.  Envolvia até uma bela jovem alemã, que ela havia visto estacionar sua bicicleta no local do escritório.

Como Katja lidará com essa situação demolidora é o que o filme desenvolverá, numa narrativa pra lá de envolvente e que mantém o suspense até o final.  Provoca reações na plateia, que convidam a uma conversa daquelas de pensar na vida, nas sociedades do mundo atual, nos rumos da própria humanidade, nas nossas escolhas e nos nossos destinos.  Nas contingências da existência, enfim.

O fato de abordar crimes praticados por neonazistas é muito oportuno, num momento em que o mundo parece fazer uma inflexão pela extrema direita e as diversas expressões do fascismo têm sobressaído de onde menos se esperava.  Se muitos países enveredarem por esse caminho, a intolerância e as guerras, com certeza, recrudescerão.  Tomara que seja só um pesadelo passageiro.  Continuo querendo acreditar que a humanidade ainda tem jeito.  Nem que seja ocupando o espaço e encontrando a Terra 2, como indicava o gênio de Stephen Hawking que, infelizmente, acabou nos deixando, mas após ter cumprido uma fantástica missão na terra.


           

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