domingo, 4 de fevereiro de 2018

O DESTINO DE UMA NAÇÃO


Antonio Carlos Egypto




O DESTINO DE UMA NAÇÃO (Darkest Hour).  Reino Unido, 2017.  Direção: Joe Wright.  Com Gary Oldman, Kristin Scott Thomas, Ben Mendelsohn, Lily James, Ronald Pickup.  126 min.


“O Destino de uma Nação” é o segundo filme, proveniente do Reino Unido, no ano de 2017, que coloca Winston Churchill (1874-1965) em evidência.  O outro foi “Churchill”, de Jonathan Teplitzky, que focaliza o estadista se questionando e sendo questionado no período decisivo da vitória, na Segunda Guerra Mundial, quando da invasão da Normandia, no famoso Dia D.  O ator Bryan Cox compôs Churchill muito bem (veja crítica aqui, no cinema com recheio).

Aqui, a proeza de compor Churchill coube a Gary Oldman, que está ótimo, irreconhecível, para viver o papel.  É o favorito para o Oscar de ator, por sinal.  A situação é outra, é o período anterior, em que a Inglaterra cogitava negociar com Hitler e Mussolini, entregando parcialmente os pontos, tentando salvar o que pudesse.  O que virou o jogo foi justamente a liderança e o arrojo do primeiro ministro Winston Churchill, que, sendo capaz de ouvir seu povo, passou a contar com ele, o que acabou possibilitando a salvação milagrosa do exército britânico, encurralado em Dunquerque.  Um líder político capaz de decidir com firmeza, ainda que tivesse suas próprias dúvidas e medo de errar, é fundamental numa hora dessas.  A história tem suas próprias determinantes e seu próprio ritmo, mas as pessoas fazem muita diferença e imprimem sua marca nos acontecimentos.

Não surpreende a fixação na figura de Churchill ser tão forte até os dias de hoje.  Não só para louvar seu papel e liderança decisivos, mas para mostrar o lado questionável e polêmico do político.  Isso fica claro, tanto em “O Destino de uma Nação” quanto em “Churchill”.  Neste último, até surpreende pela figura vulnerável que apresenta.  Mas “Darkest Hour” parece muito mais convincente, ao valorizar, numa medida que me parece justa, a figura decisiva do primeiro ministro, que passou para a história, com honras e glórias.  Porém, tanto o personagem era polêmico que, depois da vitória na guerra, perdeu as eleições na Inglaterra. 




A batalha de Dunquerque, que consistia em resgatar os soldados britânicos da morte certa, foi, em 2017, também objeto do filme “Dunkirk”, de Christopher Nolan (também analisado aqui no cinema com recheio), que acaba sendo um complemento perfeito para “O Destino de uma Nação”, ambos na disputa do Oscar 2018.

A presença do personagem de Churchill em dois filmes diferentes produz um exercício interessante, para entender a complexa figura sob diferentes ângulos, além do papel importante de sua mulher, Clementine, aqui no desempenho de Kristin Scott Thomas, e de sua secretária pessoal, em momentos marcantes de suas decisões.


Joe Wright faz um filme convencional, na forma, mas bastante interessante de se ver, pela história que conta e pelo envolvimento emocional com o personagem e seus dilemas políticos.  A questão política está bem trabalhada no filme, suas tensões e o suspense que gera funcionam como elementos que fisgam o espectador.



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