quarta-feira, 15 de março de 2017

O FILHO DE JOSEPH


Antonio Carlos Egypto




O FILHO DE JOSEPH (Les Fils de Joseph).  França/Bélgica, 2016.  Direção e roteiro: Eugène Green.  Com Victor Ezenfis, Natacha Règnier, Fabrizio Rongione, Mathieu Amalric, Maria de Medeiros.  115 min.



A questão que move a narrativa de “O Filho de Joseph” é a da parternidade.  Ausência e rejeição pesam muito e o mínimo de equilíbrio e o bom humor parecem estar condicionados ao encontro de figura paterna substituta.

O personagem central é Vincent, um adolescente de 15 anos, vivendo bem com a mãe,   mas insatisfeito por desconhecer o pai.  Até que o descobre e a decepção só cresce.  Desejos de vingança tomam corpo, no entanto, uma afetividade inesperada pode pôr as coisas no lugar.

Dito assim, dá para imaginar um filme de fortes emoções.  Mas não é o que acontece.  Os diálogos soam cerebrais, artificiais.  Os tempos de reação são demorados, estranhos.  Evita-se o naturalismo e a expressão de grandes emoções.  Elas estão lá, mas represadas ou enquadradas por um certo formalismo.

Além de um tanto formal, o filme é todo erudito, se refere às diversas manifestações artísticas, como a pintura, a música, o cinema e a literatura.  Histórias bíblicas inspiram a trama.  Quem quiser buscar citações vai encontrá-las em todo lugar, o tempo todo.  O diretor Eugène Green vai na mesma linha que adotou em “La Sapienza”, seu filme de 2014.

O roteiro parte de uma temática bastante usual e conhecida, mas tem um refinamento artístico que lhe dá um ar sofisticado.  Seu maior mérito, porém, está na evolução das situações e na solução que surpreende, pelo menos da forma como foi conduzida.


Os desempenhos soam estranhos, pelos já citados racionalismo e formalismo que o filme adota.  Superado esse inconveniente, dá para curtir bem a proposta.


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