sábado, 12 de dezembro de 2015

MACBETH: AMBIÇÃO E GUERRA


Antonio Carlos Egypto




MACBETH: AMBIÇÃO E GUERRA (Macbeth)Inglaterra, 2015.  Direção: Justin Kurzel.  Com Michael Fassbender, Marion Cotillard, David Thewlis, Sean Harris, Elizabeth Debicki.  113 min.


Macbeth é uma das mais importantes peças de William Shakespeare (1564-1616).  Escrita provavelmente entre 1603 e 1607, foi apresentada pela primeira vez nos palcos em 1611.  E é continuamente reencenada em todo o mundo. Agora mesmo, em São Paulo, há uma montagem teatral de Macbeth em cartaz, até o final de janeiro de 2016, dirigida por Ron Daniels, com Thiago Lacerda e Giulia Gam nos papéis principais.




No cinema, Macbeth já foi filmada por mestres da sétima arte, como Orson Welles, em 1948, ou Roman Polanski, em 1971.  Akira Kurosawa também a adaptou, no filme “Trono Manchado de Sangue”, em 1957.  Temos, em 2015, uma nova versão cinematográfica, que vem do Reino Unido, sob a direção de Justin Kurzel e que faz jus à importância e ao significado cultural que Macbeth ostenta.




A nova versão é bem sofisticada em termos visuais.  Explora a baixa luminosidade de largas paisagens escocesas e envolve as batalhas em densa neblina.  Esse clima, onde prevalecem as brumas, dá conta da escuridão de sentimentos que acompanha a matança pelo poder.  E não só a das batalhas, mas a de todo o reino, que se mantém e se renova pela violência. 

Se é de sangue que se trata, o filme explora, em belos enquadramentos, cenas em vermelho.  Sombrio, mas também luminoso.  O recurso da câmera lenta e do congelamento da imagem evita que um excesso de sangue se exponha desnecessariamente.  E simplifica a filmagem de algumas cenas de batalhas.



Silhuetas se destacam no cinzento da névoa, no entardecer, no cromatismo rouge.  A chuva cumpre seu papel na plasticidade dos planos retratados.

Bruxas, que aparecem e desaparecem, conduzem a história por meio de seus presságios e antevisões, que falam da conquista de grandes poderes e de elementos aparentemente mágicos que podem trazer derrotas.  Os personagens construirão com planejamento, artimanhas, medo e espadas, os vaticínios das bruxas.




Por poder se mata, se mente, se deteriora o humano.  Onde estarão os limites, pergunta Shakespeare?  Nada mais atual.

Macbeth, bem interpretado por Michael Fassbender, grande ator contemporâneo, e Lady Macbeth, pela versátil atriz francesa Marion Cotillard, protagonizam o trágico casal real que atravessou séculos de história para nos contar da íntima conexão entre poder e violência e das terríveis consequências que advêm deles.  O que, infelizmente, testemunhamos todos os dias neste atormentado século XXI


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