quinta-feira, 18 de junho de 2015

ENQUANTO SOMOS JOVENS

  
Antonio Carlos Egypto




ENQUANTO SOMOS JOVENS (While We’re Young).  Estados Unidos, 2014.  Direção e roteiro: Noah Baumbach.  Com Ben Stiller, Naomi Watts, Amanda Seyfried, Adam Driver.  97 min.


“Enquanto Somos Jovens” é uma simpática, inteligente comédia do mesmo diretor de “Frances Ha”, êxito dos cinemas em 2013.  E que conta com um bom elenco.

Josh (Ben Stiller) e Cornélia (Naomi Watts) formam um casal quarentão de Nova York, que vive bem e feliz.  Eles não tiveram filhos, mas isso não é visto como problema, mas como opção.  Apelos evidentes vêm por meio de outros casais amigos, que estão engravidando ou cuidando de crianças pequenas, aí incluídos os programas e festinhas a que eles também costumam ser convidados.




A aproximação com um casal mais jovem, na faixa dos 25 anos, põe em xeque a aparente acomodação que tomou conta da vida de Josh e Cornélia. 

Jamie (Adam Driver) e Darby (Amanda Seyfried) são espontâneos, têm espírito livre e aventureiro.  A juventude de que desfrutam exerce um forte atrativo para o casal quarentão, que começa a querer se renovar, sintonizar com os novos tempos.

Desse confronto entre acomodação versus liberdade, próprio de diferentes faixas etárias, se alimenta o espírito da comédia.  Mas há dados muito interessantes, que irão mostrar a relatividade dessa história.  A constatação de que os mais jovens se sentem atraídos por uma tecnologia antiga, revalorizando as máquinas de escrever, as vitrolas, os LPs e os videocassetes, por exemplo, enquanto os mais velhos não dispensam seus smartphones, Ipads, netflix.




As diferenças geracionais, no entanto, estão mais relacionadas a questões éticas, jeito de viver a vida, ambições e caminhos para solucionar problemas profissionais e a forma de lidar com o dinheiro do que às questões tecnológicas.  E é por aí que o filme vai enveredar.  Não só para produzir o riso, mas para questionar o valor dessas diferenças.  O grande mérito dessa comédia é não ficar na mera superfície e nos fazer ver que, muitas vezes, o que nos parece errado, inadmissível, pode não significar maldade, falta de caráter ou bandidagem, mas obedecer a outro padrão ético.   Questionável como todos os outros, mas não certo ou errado por princípio.  Afinal, a ética e a moral são frutos do tempo e da estrutura social vigente ou em gestação. Não há como escapar disso.  Nem há valores ahistóricos.




Mas também é difícil estabelecer valores amplos que valham para os diferentes extratos geracionais, as diversas classes sociais e os diferentes referenciais da cultura a que as pessoas e os grupos se vinculam.

Como se entender em meio a todas essas distinções e perceber que o seu modo de pensar e agir pode não servir de baliza aos outros e até soar estranho a eles?  E o que fazer com isso?  Desesperar-se, tentar mudar o mundo, relaxar e gozar?  Façam suas apostas, enquanto se divertem com “Enquanto Somos Jovens”.

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Aproveitem para conferir a programação do PANORAMA DO CINEMA SUIÇO CONTEMPORÂNEO, já em andamento. Há muita coisa boa para ver. No CINESESC e Centro Cultural do Banco do Brasil.  E a programação do cinema sueco atual na Cinemateca Brasileira.




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