MALDITO MODIGLIANI (Maledeto Modigliani). Itália, 2020. Direção: Valeria Parisi. Elenco: Chloe Aridjis, Ariana Marelli, Valeria Parisi, Paolo Vírzi, John Myatti. 97 min.
O pintor e escultor italiano Amedeo Modigliani (1884-1920), nascido em
Livorno, Toscana, é um reconhecido gênio das artes plásticas. Também cercado de muitas polêmicas e
julgamentos, do tipo mulherengo, alcoolista, consumidor de drogas, etc.. Tratado como escandaloso e vivendo uma vida
curta e atormentada, é uma espécie de mito.
Abordá-lo num documentário biográfico não é uma tarefa fácil. Mostrar a sua obra, considerando o
impressionante número de falsificações e dúvidas ainda existentes sobre a autenticidade
de muitas de suas obras, é outro problema.
A diretora Valeria Parisi, que também atua no filme, contornou o
problema, colocando no centro da narrativa, a nos guiar sobre a vida e a obra
de Modigliani, a sua última e jovem esposa, Jeanne Hébuterne, que se suicidou
dois dias após a morte do pintor. É por
meio de suas impressões, registros e sentimentos, que adentramos a obra
retratada. Isso dá um fio condutor
bastante eficiente para falar um pouco de tudo da vida de Modigliani. Inclusive de suas mulheres anteriores: a
poetisa russa Anna Achmatova e a jornalista inglesa Beatrice Hastings, figuras
marcantes não só da vida dele, mas da época em que viveram. Onde se destaca Paris, do início do século
XX, da belle époque. Modigliani partiu para lá em 1906 e conviveu
com o ambiente artístico esfuziante da cidade nesse período. Todo mundo estava lá, inclusive o
contemporâneo Pablo Picasso (1881-1973), com quem Modigliani conviveu bastante
e de cuja arte se aproximou. Sua bela e
amada cidade natal, Livorno, que ele nunca esqueceu, também é bem mostrada no
filme.
O documentário inclui sequências encenadas de episódios importantes,
vividos por Jeanne, mas também dá o espaço tradicional aos especialistas, que
comentam o trabalho tão marcante de Modigliani.
Sua obra é mostrada, passando por inúmeros museus no mundo, e incluindo
a questão das falsificações. O filme nos
revela esse grande legado artístico, o que é fundamental num trabalho desse
tipo. Seus nus femininos, suas figuras
humanas de longos pescoços e os contornos dos rostos e corpos tão
característicos estão lá, nos exibindo todo o talento e originalidade do
artista. É um belo filme para curtir ou conhecer Amedeo Modigliani.
A QUEDA DO CÉU (Kutumosi Kerayumi). Brasil, 2024.
Direção: Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha. Elenco: Davi Kopenawa, Povo Yanomami e
Comunidade de Watoriki. 108 min.
“A Queda do Céu” é um trabalho que se baseia na escrita e no testemunho
do xamã e líder yanomami Davi Kopenawa e acompanha o ritual Reahu, que mobiliza
a comunidade Watoriki, no esforço coletivo para segurar a queda do céu. Marcada por fortes nuvens negras e uma chuva
torrencial, anunciam a queda do céu, trazida pelo que Davi chama de povo da
mercadoria, o pessoal do garimpo ilegal, as doenças e epidemias xawara, que vêm
por meio dos forasteiros, numa crítica contundente a esse mundo dos brancos.
O filme é um mergulho na vida e na cultura dos yanomami, mostra a beleza
da cosmologia do povo, dos espíritos xapiri e da força manifestada pelos
sonhos, que dirigem e orientam a vida.
Adverte a todos sobre a vingança da Terra. E aborda a crença no xamanismo como elemento
indispensável para curar o mundo.
“A Queda do Céu” teve sua estreia no Festival de Cannes, já recebeu
muitos prêmios, com exibição na COP30, em Belém do Pará, e agora em cartaz nos
cinemas brasileiros. Segundo Gabriela
Carneiro da Cunha, “o filme é um convite para ver, ouvir e sonhar com os
yanomami um outro projeto de Brasil”. O
filme traz ainda a beleza da natureza das terras yanomami, numa filmagem
sedutora, que reforça a ideia do sonho como fio condutor. Um trabalho que merece ser conhecido e
apreciado.
FESTIVAIS PARA TODO
LADO
Durante a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo pouca coisa acontece,
além dos lançamentos normais do circuito comercial, mas depois dela uma série
de mostras saem da toca. Simplesmente
não dá para acompanhá–las após a maratona cinematográfica da Mostra. Mas não custa registrar que ainda está em
andamento o Festival de Cinema Italiano, com filmes on line de fácil acesso, atuais e clássicos, até 29 de novembro.
https://festivalcinemaitaliano.com,
A Mostra Mix Brasil, de diversidade sexual, já está terminando sua 33ª.
edição, mas tem programação até 23 de novembro, em vários espaços da cidade,
com ingressos pagos e gratuitos. https://mixbrasil.org.br
A 11ª. mostra Mosfilm de Cinema Soviético e Russo acontece até 23 de
novembro, no Centro Cultural São Paulo, com ingressos gratuitos. Tem ainda um Festival de Cinema Israelense,
até 19 de novembro, on line e
gratuito. E vem aí o Festival de Cinema
Francês do Brasil (ex-Varilux), de 27 de novembro a 10 de dezembro, pelo Brasil
afora.
Será que me esqueci de algum? Pode
ser, sim. É coisa demais. Mas se puder
aproveitar, faça isso, porque ao longo de dezembro não vai sobrar muita coisa
para ver nos cinemas.


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