Antonio Carlos Egypto
FLOW (Straume). Letônia, 2024. Direção: Gints Zilbalodis. Roteiro do diretor e de Matiss Kaza. Animação.
85 min.
Uma
animação da Letônia vem se destacando no cenário cinematográfico, venceu o
Globo de Ouro da categoria e está indicada para o Oscar não só como animação,
mas também como filme internacional. “Flow” é um desenho fascinante, que deve
encantar as crianças, mas se comunica bem com os adultos.
Trata-se
de um pequeno gato preto, de fortes olhos de cor amarela e preta, que vê seu
mundo, seu refúgio, destruído por uma grande inundação, que não para de crescer
e vai cobrindo de água tudo o que vê.
Uma consequência do desequilíbrio climático e dos problemas com o meio
ambiente, um tsunami?
Seja
como for, o gato, isolado e independente como é, se vê acuado e posto em perigo
a todo instante. E os espectadores vivem
a ansiedade e os riscos pelos quais o gato passa e acompanham toda sua aventura
de sobrevivência tensos.
Não é
comum que seres humanos se identifiquem, se projetem, num personagem felino,
que emite sons, mas não fala. No
entanto, isso acontece. O filme não tem
diálogos, afinal, os animais soam, mas não falam. E não há seres humanos entre os personagens
de “Flow”. Mas há, sim, outros
personagens do reino animal que acabam reunidos pelas circunstâncias, tendo de
conviver num barco e colaborar entre si, apesar das diferenças. Unidade na diversidade, para sobreviver. Amizades improváveis de espécies tão
diferentes, que se expressam efusivamente nos sons, mas cada qual com o
seu. Há comunicação possível? Parece que sim, nessa improvisada arca de
Noé.
O
barco segue à deriva, enquanto a água ocupa o cenário da natureza, até então
exuberante, e inclusive com toques mágicos.
A fábula da comunicação entre as espécies, do valor da diversidade e da
adaptação necessária às circunstâncias, como forma de sobrevivência diante do
inesperado, se realiza, explorando cada um dos diversos personagens da história.
Se de
início o gato corre, foge da perseguição dos cães e outros animais, agora o seu
mundo se fará do convívio pacífico com os diferentes, que antes o
assustavam. A gente acaba se acostumando
com o que é desconhecido. E aprende a
conviver com o que antes soava misterioso e perigoso. O filme nos diz que com os animais e com os
seres humanos pode ser assim. Diante do
mal maior, todos caminham juntos. Uma
boa proposta, muito bem realizada.
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