quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

BABYGIRL

Antonio Carlos Egypto

 


BABYGIRL (Babygirl).  Estados Unidos, 2024.  Direção: Halina Reijn.  Elenco: Nicole Kidman, Harris Dickinson, Antonio Banderas, Sophie Wilde, Izabel Mar.108 min.

 

“Babygirl” é um suspense erótico, que, por meio da personagem Romy (Nicole Kidman), coloca em evidência a questão do poder e da sexualidade femininos.  Em tempos de destaques femininos nos círculos de poder, Romy faz sucesso no mundo dos negócios, dá as cartas em seu mundo corporativo e tem um casamento com Jacob (Antonio Banderas), ao que tudo indica, tranquilo e equilibrado, incluindo duas filhas.

 

Algo, porém, parecia estar faltando, porque, quando um trainée da empresa busca seu apoio para crescer profissionalmente, algo mais acontece.  Tendo todo o domínio da situação, ela se envolve sexualmente com Samuel (Harris Dickinson) e acaba por se submeter aos jogos sexuais que ele propõe, a ponto de desempenhar a função de babygirl do estagiário.  Claramente, o domínio não é dele, apesar das aparências.  No entanto, ela coloca em risco sua vida pessoal, seu casamento e mesmo sua exitosa vida profissional, num jogo de gato e rato.

 

Desejo, experiência e risco fazem parte de uma trama em que não há certo e errado, vilões e mocinhas, anjos ou demônios.

 


O filme é uma oportunidade oferecida a Nicole Kidman para um mergulho em uma personagem que demanda dela entrega total, um papel que exige dela muita exposição e quebra de decoro.  Nicole se arrisca, tanto quanto Romy, nessa experiência cinematográfica, bem conduzida pela diretora e roteirista Halina Reijn.  E se sai bem da empreitada.  Não por acaso, está frequentando as listas de indicações para o Globo de Ouro (perdida para Fernanda Torres) e para o Oscar.

 

O jovem Harris Dickinson, que faz o estagiário Samuel, mostra bastante segurança e desenvoltura em cena.  É um parceiro à altura para Nicole Kidman.  E a presença de Antonio Banderas só enriquece o elenco do filme.  Aqui ele tem um desempenho sóbrio e manso (adjetivo para ser usado com cuidado, neste contexto) de um ator com grande solidez no cinema.

 

Umas tantas vezes as cenas não têm a força ou a dramaticidade  esperadas.  E nessas horas a intensidade da música empurra a cena para tentar envolver o espectador.  De qualquer modo, o que está sendo mostrado, apresentado, é importante.  É uma boa possibilidade de pensar o mundo feminino de hoje, suas necessidades, lutas e conquistas. E suas contradições, também.




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