Antonio Carlos Egypto
BABYGIRL (Babygirl). Estados Unidos,
2024. Direção: Halina Reijn. Elenco: Nicole Kidman, Harris Dickinson,
Antonio Banderas, Sophie Wilde, Izabel Mar.108 min.
“Babygirl”
é um suspense erótico, que, por meio da personagem Romy (Nicole Kidman), coloca
em evidência a questão do poder e da sexualidade femininos. Em tempos de destaques femininos nos círculos
de poder, Romy faz sucesso no mundo dos negócios, dá as cartas em seu mundo
corporativo e tem um casamento com Jacob (Antonio Banderas), ao que tudo indica,
tranquilo e equilibrado, incluindo duas filhas.
Algo,
porém, parecia estar faltando, porque, quando um trainée da empresa busca seu apoio para crescer profissionalmente,
algo mais acontece. Tendo todo o domínio
da situação, ela se envolve sexualmente com Samuel (Harris Dickinson) e acaba
por se submeter aos jogos sexuais que ele propõe, a ponto de desempenhar a função
de babygirl do estagiário. Claramente, o domínio não é dele, apesar das
aparências. No entanto, ela coloca em
risco sua vida pessoal, seu casamento e mesmo sua exitosa vida profissional,
num jogo de gato e rato.
Desejo,
experiência e risco fazem parte de uma trama em que não há certo e errado,
vilões e mocinhas, anjos ou demônios.
O
filme é uma oportunidade oferecida a Nicole Kidman para um mergulho em uma
personagem que demanda dela entrega total, um papel que exige dela muita
exposição e quebra de decoro. Nicole se
arrisca, tanto quanto Romy, nessa experiência cinematográfica, bem conduzida
pela diretora e roteirista Halina Reijn.
E se sai bem da empreitada. Não
por acaso, está frequentando as listas de indicações para o Globo de Ouro
(perdida para Fernanda Torres) e para o Oscar.
O
jovem Harris Dickinson, que faz o estagiário Samuel, mostra bastante segurança
e desenvoltura em cena. É um parceiro à
altura para Nicole Kidman. E a presença
de Antonio Banderas só enriquece o elenco do filme. Aqui ele tem um desempenho sóbrio e manso
(adjetivo para ser usado com cuidado, neste contexto) de um ator com grande
solidez no cinema.
Umas
tantas vezes as cenas não têm a força ou a dramaticidade esperadas.
E nessas horas a intensidade da música empurra a cena para tentar
envolver o espectador. De qualquer modo,
o que está sendo mostrado, apresentado, é importante. É uma boa possibilidade de pensar o mundo
feminino de hoje, suas necessidades, lutas e conquistas. E suas contradições,
também.
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