domingo, 6 de outubro de 2024

NOS CINEMAS

Antonio Carlos Egypto

 



 

ATÉ QUE A MÚSICA PARE, filme brasileiro de 2023, é uma produção gaúcha, falada parcialmente em tailan, uma língua que mistura o português e o italiano dos imigrantes do norte da Itália que vieram para a Serra Gaúcha no século XIX.  Direção e roteiro de Cristiane Oliveira.  No elenco, Hugo Lorensatti e Cibele Tedesco, como protagonistas, com Nicolas Vaparidis e Elisa Volpatto.  Um casal que vive junto há cinquenta anos enfrenta uma perda familiar que muda sua rotina e acaba por revelar questões inesperadas que envolvem ética e segredos entre eles.  O filme mergulha no mundo psíquico das personagens, de forma sutil e em ritmo lento.  Uma tartaruga e cartas de baralho serão elementos simbólicos bem explorados pela narrativa.  97 min.


 

O DIA QUE TE CONHECI

Um filme brasileiro de 2023, singelo e curto (71 min.), dirigido e roteirizado por André Novaes de Oliveira, mostra vigor ao contar uma história de envolvimento amoroso, cercada por situações rotineiras e banais da vida de pessoas comuns.  Como a dificuldade de acordar cedo e enfrentar uma hora e meia de condução até o trabalho, os inevitáveis atrasos e demissão do funcionário da biblioteca da escola.  Uma carona, porém, vai abrir caminho para esse encontro amoroso, num clima afetivo, algo envergonhado, sem glamour ou pouco romântico, mas que dá certo.  Os protagonistas Grace Passô e Renato Novaes, com sua química na atuação, garantem o bom tom da realização.  O título do filme mereceria um reparo: O DIA QUE TE CONHECI.  Que tal No dia em que te conheci.  Não seria melhor?

 


GOLPE DE SORTE EM PARIS

E é bom não esquecer que tem filme novo de Woody Allen na praça, a produção francesa de 2023, escrita e dirigida por ele: GOLPE DE SORTE EM PARIS (Coup de Chance).  Ele conta a história de Fanny (Lou de Laâge), casada com o milionário Jean (Melvil Poupard), que reencontra casualmente nas ruas de Paris, Alain (Niels Schneider), antigo colega de colégio que sempre a desejou.  Daí vamos para um triângulo amoroso, que desembarcará numa questão policial.  E o acaso, mais uma vez, terá papel fundamental na história, assim como no brilhante “Match Point”, de 2005.  Na filmografia de Woody Allen nunca falta inteligência crítica, humor, sutileza.  Aqui, por exemplo, ele trata de assassinato, ocultação de cadáver e outras maldades sem uma cena sequer de violência.  E convincentemente.  Mantendo o interesse pela trama o tempo todo, nos envolvendo no clima do amor, do ciúme, do desejo e da cidade-luz, claro.  Com uma bela fotografia e uma trilha musical jazzística absolutamente sensacional.  Cinema em alto estilo, comandado por esse grande cineasta aos 88 anos.  96 min.



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