sábado, 26 de outubro de 2024

MAIS DESTAQUES DA MOSTRA 48

Antonio Carlos Egypto

 



VERMIGLIO, dirigido por Maura Delpero, indicado pela Itália ao Oscar de Filme Internacional 2024, é uma joia fílmica que será certamente reconhecida pelo público.  Trata de uma região rural, uma aldeia nos Alpes italianos, Vermiglio, em 1944, quando a Segunda Guerra Mundial caminhava para o seu final.  A região não chegara a ser atingida diretamente pela guerra, embora ela estivesse lá.  O filme mergulha nas relações familiares e na dinâmica da sociedade local com a chegada de um soldado desertor.  O que encanta no filme é seu clima acolhedor, afetivo, sua simplicidade aparente, os diálogos, gestos, atitudes.  Sua humanidade transbordante, enfim. Belas sequências e uma fotografia esplendorosa compõem a obra.  119 min.

 



ERNEST COLE: ACHADOS E PERDIDOS
(Ernest Cole: Lost and Found).  Estados Unidos, 2024, de Raoul Peck, de “Eu Não Sou Seu Negro” (2016) e “O Jovem Karl Marx” (2017), é um belíssimo documentário.  Aborda o trabalho do fotógrafo da África do Sul, Ernest Cole (1940-1990), que registrou de forma contundente e pela primeira vez os horrores do apartheid.  Consequentemente, amargou um exílio nos Estados Unidos e na Europa e continuou registrando em fotos magníficas a sociedade e, em especial, o racismo. Pelo tempo em que ele passou na Suécia é redescoberto um vasto material fotográfico guardado surpreendentemente por anos num banco sueco. O filme é todo composto das fotos de Cole, as que já estavam em circulação e as que agora vieram à tona.  O cineasta Raoul Peck está sendo homenageado pela 48ª.Mostra com o Prêmio Humanidade. 106 min.

 




A REDAÇÃO (Redaktsiya), dirigido por Roman Bondarchuk, da Ucrânia, 2024, conta uma história que remete aos nossos tempos de pós-verdade, explorando todo o cinismo aí envolvido.  Sabemos como é, estamos vivendo isso por aqui.  No filme, o personagem central é um jovem cientista à procura de uma espécie de marmota ameaçada de extinção que flagra e fotografa gente botando fogo na floresta, intencional e criminosamente. Acha que, com essas provas, levando a uma redação de jornal, a denúncia surtirá efeito.  Ledo engano.  Aprende que, no jornalismo atual, isso se perde numa montanha de mentiras, notícias falsas, e que se pode vender fotos e textos para obter dinheiro e criar a narrativa que interessa aos pagadores.  Conviverá com uma impressionante eleição municipal inteiramente fraudulenta, outras coisas mais, e descobrirá que sua ingenuidade não cabe nesses novos tempos. Não adianta mais divulgar nem provar verdade alguma.  Mas, cinicamente, a gente pode aproveitar a terra arrasada para forjar uma campanha pelo meio ambiente, plantando árvores para exibir na TV.  Ótimo trabalho. 126 min.

 




DYING – A ÚLTIMA SINFONIA (Dying), produção alemã de 2024, direção de Mathias Glasner, é uma saga de desagregação familiar, música e morte.  A família Lunies vive ao longo de seu tempo experiências de rejeição, conflito aberto, separação, declínio físico e emocional, evidências de que a morte está à espreita. Tom, o filho do casal septuagenário, é maestro e trabalha numa composição sobre a morte. De algum modo, é a morte que poderá aproximá-los.  Longo e dolorido, mas bom cinema.  180 min.

 

                                     PRÊMIO LEON CAKOFF

Francis Ford Coppola estará em São Paulo no dia 30 de outubro, quando receberá o prêmio Leon Cakoff da 48ª. Mostra.  E lançará seu novo filme, “Megalópolis”.

 

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