quarta-feira, 24 de abril de 2024

AUMENTA QUE É ROCK'N'ROLL

                          

Antonio Carlos Egypto




 

AUMENTA QUE É ROCK’N’ROLL.  Brasil, 2024.  Direção: Tomás Portella. 

Elenco: Johnny Massaro, Marina Provenzzano, George Sauma, Orã Figueiredo, Sílvio Guindane, André Dale.  113 min.

 

“Aumenta que é rock’n’roll” relata uma aventura que deu muito certo, apesar de tudo o que havia em contrário.  Que aventura foi essa?  A da criação de uma rádio dedicada exclusivamente ao rock, em 1982: a rádio Fluminense FM, que incorporou a alcunha A Maldita ao seu próprio nome.

 

Seu criador, o jornalista Luiz Antonio Mello, revelou-se um revolucionário, audacioso e determinado, embora tivesse também aspectos travados e neuróticos na sua personalidade.  Um personagem complexo, que o ator Johnny Massaro incorporou bem no seu papel como protagonista dessa história.  História que, diga-se de passagem, foi contada pelo próprio Luiz Antonio no livro “A Onda Maldita”, que inspirou o filme dirigido por Tomás Portella.  Ou seja, ela é contada pela visão do criador da Fluminense FM, que participou também da realização do filme.  O que pode parecer, mas não se trata de algo chapa branca, até porque a rádio era tão alternativa e sem recursos que o seu sucesso aconteceu na contramão de tudo.  Quando a ditadura militar já agonizava, mas não tinha acabado.  E esses revolucionários radiofônicos, que se juntaram ao visionário Luiz Antonio, tinham uma motivação muito simples: mudar o mundo, a partir daí.

 


Tocar para o público brasileiro as grandes feras do rock mundial, lançar bandas brasileiras que se tornaram ícones do rock nacional, não era pouca coisa.  Basta dizer que a rádio de Niterói lançou Blitz, Paralamas do Sucesso, Titãs, Legião Urbana, Barão Vermelho.  A turma de Brasília ficando conhecida a partir do Rio.  E com outro aspecto revolucionário, esse, de gênero.  Era uma rádio em que a locução era exclusivamente feminina.

 

No filme, uma dessas radialistas seria uma lancinante e atabalhoada figura, Alice (Marina Provenzzano em excelente desempenho), por quem Luiz nutre um amor genuíno, mas temeroso, complicado, travado, também.  Ao mesmo tempo, libertador, impulsionador da sua coragem na prática.

 

Outra figura importante da narrativa é Samuca (ou Samuel Wainer Jr.), o grande amigo e cúmplice nessa aventura, que representou muito no sucesso desse empreendimento, tanto pela sua lucidez, pelo seu entusiasmo pelo projeto, quanto pelas suas hesitações pessoais e, depois, por sua morte prematura.  O ator George Sauma tem um belo desempenho nesse papel.

 


A ação do filme se desenvolve desde antes da criação da rádio até um ponto culminante: o papel da Fluminense FM na concepção e definição dos artistas nacionais e internacionais que integrariam o primeiro Rock in Rio , em 1985.  A pesquisa com o público amante do rock ficou a cargo da Maldita. E o filme para por aí, eximindo-se de contar a história do declínio da rádio, que ainda existe, mas não foi mais aquela revolucionária que representou uma geração de jovens de modo empolgante.  Muito bom que esse filme venha contar essa história de forma empolgante também.  Entusiasmo contagia, não é?





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