Antonio Carlos Egypto
AUMENTA
QUE É ROCK’N’ROLL. Brasil, 2024. Direção: Tomás Portella.
Elenco:
Johnny Massaro, Marina Provenzzano, George Sauma, Orã Figueiredo, Sílvio
Guindane, André Dale. 113 min.
“Aumenta
que é rock’n’roll” relata uma aventura que deu muito certo, apesar de tudo o
que havia em contrário. Que aventura foi
essa? A da criação de uma rádio dedicada
exclusivamente ao rock, em 1982: a rádio Fluminense FM, que incorporou a
alcunha A Maldita ao seu próprio
nome.
Seu
criador, o jornalista Luiz Antonio Mello, revelou-se um revolucionário,
audacioso e determinado, embora tivesse também aspectos travados e neuróticos
na sua personalidade. Um personagem
complexo, que o ator Johnny Massaro incorporou bem no seu papel como
protagonista dessa história. História
que, diga-se de passagem, foi contada pelo próprio Luiz Antonio no livro “A
Onda Maldita”, que inspirou o filme dirigido por Tomás Portella. Ou seja, ela é contada pela visão do criador
da Fluminense FM, que participou também da realização do filme. O que pode parecer, mas não se trata de algo chapa branca, até porque a rádio era tão
alternativa e sem recursos que o seu sucesso aconteceu na contramão de
tudo. Quando a ditadura militar já
agonizava, mas não tinha acabado. E
esses revolucionários radiofônicos, que se juntaram ao visionário Luiz Antonio,
tinham uma motivação muito simples: mudar o mundo, a partir daí.
Tocar
para o público brasileiro as grandes feras do rock mundial, lançar bandas
brasileiras que se tornaram ícones do rock nacional, não era pouca coisa. Basta dizer que a rádio de Niterói lançou
Blitz, Paralamas do Sucesso, Titãs, Legião Urbana, Barão Vermelho. A turma de Brasília ficando conhecida a
partir do Rio. E com outro aspecto
revolucionário, esse, de gênero. Era uma
rádio em que a locução era exclusivamente feminina.
No
filme, uma dessas radialistas seria uma lancinante e atabalhoada figura, Alice
(Marina Provenzzano em excelente desempenho), por quem Luiz nutre um amor
genuíno, mas temeroso, complicado, travado, também. Ao mesmo tempo, libertador, impulsionador da
sua coragem na prática.
Outra
figura importante da narrativa é Samuca (ou Samuel Wainer Jr.), o grande amigo
e cúmplice nessa aventura, que representou muito no sucesso desse
empreendimento, tanto pela sua lucidez, pelo seu entusiasmo pelo projeto,
quanto pelas suas hesitações pessoais e, depois, por sua morte prematura. O ator George Sauma tem um belo desempenho
nesse papel.
A ação
do filme se desenvolve desde antes da criação da rádio até um ponto culminante:
o papel da Fluminense FM na concepção e definição dos artistas nacionais e
internacionais que integrariam o primeiro Rock in Rio , em 1985. A pesquisa com o público amante do rock ficou
a cargo da Maldita. E o filme para por aí, eximindo-se de contar a história do
declínio da rádio, que ainda existe, mas não foi mais aquela revolucionária que
representou uma geração de jovens de modo empolgante. Muito bom que esse filme venha contar essa
história de forma empolgante também.
Entusiasmo contagia, não é?
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