Antonio Carlos Egypto
ERVAS SECAS ((Kuru Otlar Üstüne), Turquia, 2023. Direção: Nuri
Bilge Ceylan. Elenco: Deniz Celiloglu,
Merve Dizdar, Musab Ekici, Ece Bagci, Erdem Serocak. 197 min
O cineasta Nuri Bilge Ceylan é muito
respeitado, admirado pelos cinéfilos pelo trabalho de alta qualidade que
desenvolve. É só lembrar de “Climas” (2006), “Era uma Vez em Anatólia” (2011),
“Sono de Inverno” (2014) e “A Árvore dos Frutos Selvagens” (2018).
Em “Ervas Secas”, personagens bem
representativos aparecem. Como um professor de cidade pequena, a
escola onde atua, os alunos, os pais, os colegas e a burocracia, que dificultam
uma existência mais livre e criativa. Onde um erro pode pesar muito
e as relações de poder podem se dar por coisas menores,
comezinhas. O ciúme, a maledicência, as simulações, correm
soltos.
Uma mulher bonita e inteligente precisa
vencer não só o machismo e os preconceitos de gênero como os das pessoas com
alguma deficiência, que é o caso dela. Tanto naquilo que envolve a visão de
mundo e as ideologias, quanto na manifestação humanística da aceitação, da
compreensão e da solidariedade. As coisas são difíceis.
Ao longo de mais de 3 horas
brilhantemente conduzidas, o filme flui em consistência e beleza. A
sequência inicial nos remete à neve que se alastra no local, ocupa toda a tela,
exceto por um transporte coletivo visto lá atrás e alguém que vem à frente, aos
poucos, já dá toda a dimensão do filme.
Essa neve, esse branco, esse frio, representam
as relações humanas que não florescem, não se aquecem, não se
colorem. Fora do inverno, vigoram as ervas descoloridas.
Desprezíveis, desinteressantes, sem brilho. E...
secas. Nesse sentido, o filme é realística e simbolicamente
pessimista.
A fotografia nos filmes de Ceylan é
sempre um espetáculo à parte. Os enquadramentos perfeitos e as
paisagens turcas escolhidas são primorosos. É um arrebatamento
visual, uma experiência muito gratificante.
Gostei muito da apresentação do filme. Vou assistir!!!
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