Antonio Carlos Egypto
TRIÂNGULO DA TRISTEZA (Triangle
of Sadness), filme sueco vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes,
indicado para o Oscar principal de melhor filme e também melhor diretor, traz o
cineasta Ruben Östlund em boa forma. Quem viu “Força Maior”, em 2014 e
“The Square”, em 2017, sabe que seu trabalho é forte e polêmico. Mexe nas
feridas da sociedade capitalista dos tempos contemporâneos.
Em TRIÂNGULO DA TRISTEZA ele aumenta o tom de comédia
corrosivo, em que nada fica de pé nos pilares desse sistema, que emula o charme
da moda, mas no final tudo se resume ao dinheiro, literalmente falando.
Um cruzeiro de luxo para os muito
ricos se sustenta em frivolidade, exibicionismo e aparência, como, por exemplo,
a gastronomia, enganosa e cara, solenemente ignorada pelo comandante do
navio. Esse comandante é pouco disposto ao trabalho, alcoolista e
intelectual de inclinação marxista. Já viram aonde isso pode levar.
A terceira parte desse triângulo,
que envolve uma grande tempestade e o abandono numa ilha deserta, evidenciará o
terrível jogo de poder entre as diferentes classes sociais.
A luta de classes assume um
caráter literal e não alivia para nenhum dos lados da contenda. Dá para
se divertir bem e não é possível deixar de pensar nisso tudo que está mostrando
o sueco Ruben Östlund, com um elenco
muito bom nas mãos. Mas será preciso tolerar alguns excessos dispensáveis para
usufruir dessas reflexões.
Com Harris Dickinson, Charlbi Dean, Woody Harrelson, Vicki Berlim,
Henrik Dorsin, Zlatko Burié. 142 min.
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