quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

TRIÂNGULO DA TRISTEZA

 Antonio Carlos Egypto




TRIÂNGULO DA TRISTEZA (Triangle of Sadness), filme sueco vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes, indicado para o Oscar principal de melhor filme e também melhor diretor, traz o cineasta Ruben Östlund em boa forma.  Quem viu “Força Maior”, em 2014 e “The Square”, em 2017, sabe que seu trabalho é forte e polêmico.  Mexe nas feridas da sociedade capitalista dos tempos contemporâneos.

Em TRIÂNGULO DA TRISTEZA ele aumenta o tom de comédia corrosivo, em que nada fica de pé nos pilares desse sistema, que emula o charme da moda, mas no final tudo se resume ao dinheiro, literalmente falando.

 Um cruzeiro de luxo para os muito ricos se sustenta em frivolidade, exibicionismo e aparência, como, por exemplo, a gastronomia, enganosa e cara, solenemente ignorada pelo comandante do navio.  Esse comandante é pouco disposto ao trabalho, alcoolista e intelectual de inclinação marxista.  Já viram aonde isso pode levar.

 A terceira parte desse triângulo, que envolve uma grande tempestade e o abandono numa ilha deserta, evidenciará o terrível jogo de poder entre as diferentes classes sociais.

 A luta de classes assume um caráter literal e não alivia para nenhum dos lados da contenda.  Dá para se divertir bem e não é possível deixar de pensar nisso tudo que está mostrando o sueco  Ruben Östlund, com um elenco muito bom nas mãos. Mas será preciso tolerar alguns excessos dispensáveis para usufruir dessas reflexões.

Com Harris Dickinson, Charlbi Dean, Woody Harrelson, Vicki Berlim, Henrik Dorsin, Zlatko Burié.  142 min.

 

 

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