Antonio Carlos Egypto
ARMAGEDON
TIME, filme
estadunidense, escrito e dirigido por James Gray, nos põe em contato com uma
família em Nova York, nos anos 1980.
Tempos do conservador Ronald Reagan presidindo a nação norte-americana. O centro da narrativa é o garoto Paul Graff
(Banks Repeta), que cresce convivendo numa escola popular com um amiguinho
negro: Johnny (Jaylin Webb). Percebe que
o tratamento que recebe é diferente do do amigo, reconhecendo sem nomear a
discriminação racista. Ele irá para uma
escola de elite, de formação de líderes, engravatados desde já, mas não perde o
contato com o amigo negro. Viverá,
então, muito de perto, a injustiça. A
situação aqui passa também pela hierarquia das classes sociais, onde mesmo um
dinheiro mais escasso na classe média assume um valor simbólico. Encontrará respostas nos adultos, seus pais
(Anne Hathaway e Jeremy Strong), os professores e responsáveis pela escola, que
mostrarão o pragmatismo da vida. Mas seu
modelo inspirador, e o de toda a família, é o avô, vivido por Anthony Hopkins,
um papel sob medida para o grande ator expressar uma compreensão mais
consistente e ao mesmo tempo ética e corajosa da vida. O título do filme pode sugerir a batalha
decisiva entre o bem e o mal, mas não é bem assim. Não chegamos ao final dos tempos, nem estávamos
lá nos anos 1980, e essa batalha não tem, nem nunca terá, fim. 118 min.
ESTAÇÃO
CATORZE (Estación Catorce), do México, dirigido e
roteirizado por Diana Cardozo, mergulha na realidade social e na violência de
uma pequena cidade. Isso é mostrado por
meio da vivência do menino Luís, de 7 anos, que presencia o assassinato de
vizinhos, o saque da casa dos assassinados, a atitude do pai diante disso, o
medo e a indiferença frente ao que sucedeu e o roubo como alternativa sempre
presente e possível no contexto de miséria.
No entanto, sua vida de garoto com sua turma, explorando ludicamente o
ambiente do entorno, está lá e sobrevive à própria morte, tão concreta que se
oferece à sua frente. Um objeto de cena, um sofá vermelho, aparece como
personagem que expressa e ilustra o contexto do filme em sequências muito bem
realizadas. Em época de Mostra, quando a
gente assiste a muitos filmes em pouco tempo, é fácil esquecer ou confundir um
filme com outro. Desse será difícil não
lembrar: é o mexicano do sofá vermelho.
Com Gael Vázquez, José Antonio Becerril, Yoshira Escárrega, Lourdes
Elizarrás. 87 min.
@mostrasp
Nenhum comentário:
Postar um comentário