domingo, 16 de outubro de 2022

2 FILMES NORTE-AMERICANOS NA # 46 MOSTRA

                   Antonio Carlos Egypto

 

 



ARMAGEDON TIME, filme estadunidense, escrito e dirigido por James Gray, nos põe em contato com uma família em Nova York, nos anos 1980.  Tempos do conservador Ronald Reagan presidindo a nação norte-americana.  O centro da narrativa é o garoto Paul Graff (Banks Repeta), que cresce convivendo numa escola popular com um amiguinho negro: Johnny (Jaylin Webb).  Percebe que o tratamento que recebe é diferente do do amigo, reconhecendo sem nomear a discriminação racista.  Ele irá para uma escola de elite, de formação de líderes, engravatados desde já, mas não perde o contato com o amigo negro.  Viverá, então, muito de perto, a injustiça.  A situação aqui passa também pela hierarquia das classes sociais, onde mesmo um dinheiro mais escasso na classe média assume um valor simbólico.  Encontrará respostas nos adultos, seus pais (Anne Hathaway e Jeremy Strong), os professores e responsáveis pela escola, que mostrarão o pragmatismo da vida.  Mas seu modelo inspirador, e o de toda a família, é o avô, vivido por Anthony Hopkins, um papel sob medida para o grande ator expressar uma compreensão mais consistente e ao mesmo tempo ética e corajosa da vida.  O título do filme pode sugerir a batalha decisiva entre o bem e o mal, mas não é bem assim.  Não chegamos ao final dos tempos, nem estávamos lá nos anos 1980, e essa batalha não tem, nem nunca terá, fim. 118 min.



 



ESTAÇÃO CATORZE (Estación Catorce), do México, dirigido e roteirizado por Diana Cardozo, mergulha na realidade social e na violência de uma pequena cidade.  Isso é mostrado por meio da vivência do menino Luís, de 7 anos, que presencia o assassinato de vizinhos, o saque da casa dos assassinados, a atitude do pai diante disso, o medo e a indiferença frente ao que sucedeu e o roubo como alternativa sempre presente e possível no contexto de miséria.  No entanto, sua vida de garoto com sua turma, explorando ludicamente o ambiente do entorno, está lá e sobrevive à própria morte, tão concreta que se oferece à sua frente. Um objeto de cena, um sofá vermelho, aparece como personagem que expressa e ilustra o contexto do filme em sequências muito bem realizadas.  Em época de Mostra, quando a gente assiste a muitos filmes em pouco tempo, é fácil esquecer ou confundir um filme com outro.  Desse será difícil não lembrar: é o mexicano do sofá vermelho.  Com Gael Vázquez, José Antonio Becerril, Yoshira Escárrega, Lourdes Elizarrás.  87 min.

 

@mostrasp



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